Banco Central comunicou o vazamento de dados via Pix. (Foto: Adobe Stock)
O Banco Central (BC) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) comunicaram na quarta-feira (23) o vazamento de dados de 11 milhões de brasileiros, referente a dados pessoais vinculados a chaves Pix. Embora pontual, o incidente acende um alerta sobre a segurança dos dados.
O vazamento de dados via Pix ocorreu entre os dias 20 e 21 de julho, por meio do Sisbajud (Sistema de Busca de Ativos do Poder Judiciário (Sisbajud) operado pelo CNJ, com informações de 46.893.242 chaves Pix.
O ataque provocou o acesso indevido a informações cadastrais das vítimas, como nome do usuário, CPF, instituição de relacionamento, agência, número e tipo da conta, chave Pix, situação da chave Pix, data de criação da chave Pix e data de exclusão da chave Pix.
Não foram expostos dados sensíveis dos usuários, tais como senhas, informações de movimentações ou saldos financeiros em contas transacionais, ou quaisquer outras informações sob sigilo bancário.
Em nota, o CNJ disse que o problema foi “imediatamente identificado, corrigido e o sistema voltou a operar normalmente”. Ao E-Investidor, o órgão informou que deve disponibilizar em breve um canal de consulta para que as pessoas possam verificar se foram afetadas.
Relembre casos de vazamento de dados via Pix
Nos últimos meses, o Banco Central comunicou mais outros incidentes de segurança. Em março, foram 25.349 chaves Pix expostas sob a gestão da QI Sociedade de Crédito Direto. Já em maio, houve o vazamento de dados pessoais de 50 chaves Pix sob a responsabilidade da Cashway Tecnologia de Informação.
Além disso, há poucas semanas atrás, houve um ataque hacker à empresa de tecnologia C&M Software (CMSW), responsável pela integração de bancos aos sistemas de pagamentos do BC. O incidente pode ter varrido quase R$ 1 bilhão das contas reservas detidas por seis instituições financeiras junto à autarquia. (Veja mais detalhes do caso nesta reportagem) Com esse cenário, torna-se ainda mais urgente conhecer ferramentas de proteção.
Como se proteger de golpes via Pix?
Embora os casos de fraude e golpes via Pix se atualizem com frequência, algumas estratégias podem te livrar de se tornar uma nova vítima. Como:
Confira todos os dados do destinatário antes de realizar a transferência via Pix;
Não clique em links suspeitos de destinatários desconhecidos enviados por e-mail, SMS, WhatsApp ou redes sociais;
Cadastre as chaves Pix diretamente no aplicativo da instituição financeira que utiliza;
Não faça transferências para pessoas conhecidas sem antes confirmar sua identidade por ligação telefônica, chamada de vídeo ou pessoalmente;
Desconfie de promoções ou táticas para ganhar dinheiro após realizar transferências via Pix;
Tenha atenção com mensagens que pedem que o Pix seja feito com urgência;
Defina um limite máximo para as transações Pix para assegurar que valores acima do estabelecido não serão utilizados;
Ative a verificação de duas etapas e senha no WhatsApp para proteger a conta;
Estorne o valor do Pix apenas por meio da função de ‘devolver Pix’ presente no aplicativo do banco.
O que fazer ao sofrer um golpe do Pix
No caso de fraudes via Pix, o BC disponibiliza o Mecanismo Especial de Devolução (MED) para facilitar as devoluções em caso de fraudes. O pedido de devolução pode ser feito na instituição bancária em até 80 dias da data em que foi realizado o Pix.
O MED tem até sete dias para analisar o caso. Se concluírem que não houve fraude, o recebedor terá os recursos desbloqueados. Se for fraude, em até 96 horas a vítima receberá o dinheiro de volta (integral ou parcialmente).
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Além disso, é importante registrar um boletim de ocorrência (BO) com o máximo de detalhes possível sobre o golpe. A vítima também pode recorrer ao Procon do estado ou à Justiça para ter o dinheiro de volta.
O que diz o Banco Central?
Em nota ao E-Investidor, o BC diz estar trabalhando no aprimoramento do Mecanismo Especial de Devolução, o MED 2.0, com a possibilidade de rastreamento e recuperação de valores da conta originalmente utilizada para a fraude, restringindo o uso de triangulação de valores pelos fraudadores (rápido envio de recursos para outras contas, após a efetivação de um golpe).
A previsão de lançamento dessa funcionalidade é fevereiro de 2026.