As recomendações incluem desde gigantes como Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3) até empresas menos visadas, como Marcopolo (POMO4) e CSN Mineração (CMIN3), com dividend yields que podem chegar até 15% nos próximos 12 meses.
Petrobras (PETR4): comprar até R$ 42
O petróleo até chegou a negociar a US$ 75 o barril brent, por conta dos conflitos entre Israel e Irã, e as ações da Petrobras (PETR4) também acompanharam essa valorização. Contudo, recuaram novamente para a queda. Apesar de tanta incerteza, analistas ainda enxergam que há espaço para recuperação e comprar a ação com desconto.
Fernando Bresciani, analista do Andbank, enxerga um cenário positivo para os preços do petróleo no médio prazo, o que deve favorecer que a estatal continue pagando bons dividendos. O analista destaca que além do preço da commodity, outro fator que impacta muito no lucro e proventos da estatal é o plano de investimentos da companhia. O dólar também tem seus efeitos.
“A ação PETR4 deve ficar muito volátil em 2026, por ser estatal e diante das eleições. Dependendo do resultado, o papel pode ter forte valorização, mas o risco é a interferência política”, destaca.
Segundo Bresciani, PETR4 negocia a 3,5 vezes EV/Ebitda, quando concorrentes globais costumam ter esse múltiplo acima de 4 ou 5 vezes.
Além de estar barata, Marcos Saravalle, analista e fundador da MSX Invest, destaca que a Petrobras gera muito caixa e tem uma boa estrutura de capital, com baixo endividamento, que favorece os dividendos.
Apesar das oscilações nos últimos pregões, ainda dá para comprar Petrobras (PETR4) até os R$ 42, com possibilidade de embolsar até 15% de retorno em dividendos nos próximos 12 meses. E os analistas esperam que o papel valorize até R$ 48 no mesmo período.
Se o petróleo voltar a subir, analistas enxergam espaço para dividendos extraordinários, mas se a guerra cessar, a commodity pode voltar para os U$S 60, garantindo pelo menos bons dividendos regulares.
Banco do Brasil (BBAS3): comprar até R$ 28
Desde o resultado desastroso que teve no 1° trimestre de 2025, por conta da inadimplência agro, o Banco do Brasil tem apanhado na Bolsa. Muitos bancos e corretoras deixaram de recomendar a ação e alguns até sinalizaram venda. Para Saravalle, o investidor de dividendos deve ir no sentido contrário a essas recomendações de mercado e aproveitar a baixa para comprar mais ações e garantir um dividendo futuro elevado.
“Essa melhoria no lucro deve ocorrer nos próximos trimestres, no médio prazo. Nesses níveis BBAS3 está muito barato”, avalia. Para Saravalle, claramente se trata de uma oportunidade de longo prazo.
Bresciani reforça que a ação se recupera quando a inadimplência rural normalizar e os devedores regularizem sua situação com o banco, o que facilitaria para reverter as provisões. “Vale lembrar que a ação ainda pode cair com o resultado do 2° trimestre de 2025, caso a inadimplência se mantenha, mas a tendência é de recuperação”, diz.
A recomendação dos analistas é comprar até R$ 28 para garantir pelo menos 9% de dividend yield.
Marcopolo (POMO4): comprar até R$ 9
Um pouco fora do radar, a small cap Marcopolo, que tem valor de mercado de apenas R$ 8,11 bilhões e que trabalha com a fabricação de carrocerias de ônibus, também está descontada. Regis Chinchila, head de research da Terra Investimentos, explica que a companhia também teve queda de rentabilidade no 1° trimestre, pela maior concentração de vendas em modelos leves e de baixo valor agregado, mas a perspectiva é de recuperação. A empresa acabou vendendo mais carrocerias destinadas a fretamento, que tem margens inferiores daquelas destinadas ao turismo.
“Mas não houve perda de fundamentos, a empresa segue líder de mercado, com portfólio premium, atuação global e geração de caixa sólido”, diz Chinchila. Ele destaca o baixo endividamento da empresa, alta capacidade de reinvestimento, sem comprometer a remuneração do investidor.
A expectativa é que a ação entregue dividendos entre 6% e 9% nos próximos 12 meses e vale comprar até a bagatela de R$ 9.
BB Seguridade (BBSE3): comprar até R$ 40
Uma das queridinhas do setor de seguros também está a preço de banana. Bruno Oliveira, analista do Vida de Acionista, explica que o mercado tem receio diante da alta inadimplência do segmento agro, ao qual a companhia também possui certa exposição por ser braço do Banco do Brasil. Contudo, para ele, a BB Seguridade está blindada, porque boa parte dos seguros emitidos para o agro, possuem um resseguro com a IRB Brasil, o que ameniza os sinistros.
“Ainda que o prêmio retido seja efetivamente baixo, o risco estrutural de estar exposto ao agro também é pequeno, o que faz toda diferença para o investidor”, avalia. Oliveira cita ainda que a BB Seguridade ganha tanto com juros altos, diante do crescimento do resultado financeiro (recursos dos prêmios investidos em ativos de renda fixa), e quando os juros recuam, há melhora operacional, favorecendo também a seguradora.
“O lucro da BB Seguridade tem crescido de forma significativa nos últimos anos e sua cotação também. Mas o dividend yield também se manteve elevado, acima de 10% nos últimos meses”, observa.
Sergio Biz, sócio e analista do GuiaInvest, também considera BB Seguridade uma ótima oportunidade e acredita que o mercado está penalizando demais a ação, sem boa justificativa. “É uma empresa conservadora, extremamente lucrativa, com margens muito elevadas e inserida em um segmento com alta previsibilidade de receitas”, observa.
Segundo Biz, BB Seguridade está começando a chamar a atenção pelo desconto e está negociando em um dos preço sobre lucro mais baixos dos últimos anos e está em um momento interessante para quem busca dividendos.
Os analistas esperam dividendos entre 10% e 11,48% nos próximos 12 meses, com preço-teto de compra de até R$ 40.
CSN Mineração (CMIN3): comprar até R$ 6,50
A mineradora CSN Mineração também tem perspectivas otimistas, com retornos muito próximos da Petrobras em projeções de dividendos, analistas esperam um dividend yield de até 13% nos próximos 12 meses.
Para Oliveira, a mineradora sofreu muito com oscilações do câmbio em 2025, com o dólar saindo de R$ 6,20 para perto de R$ 5,50. “Impacta a percepção sobre o negócio que tem receita dolarizada, mas não vejo perda de fundamentos”, afirma.
O analista do Vida de Acionista destaca que a companhia tem uma gestão financeira muito rigorosa e competente e dívida negativa, mesmo com investimentos em andamento. “Somado a isso, o controlador CSN é ávido por proventos, pela sua fragilidade financeira, o que pode ser visto como uma oportunidade para o investidor de CSN Mineração que pode ser remunerado generosamente”, aponta. Oliveira estima um dividend yield de 10,93% para os próximos 12 meses.
Marcos Duarte, analista e fundador da Descomplica Investimentos, está bastante otimista, mas faz a ressalva que pela ciclicidade do ativo, o investidor deve destinar a ação CMIN3 apenas um capital extra para fins mais agressivos. “A empresa cresceu de tamanho, aumentou margens de lucro, estagnou receita, mas paga proventos consistentes ao investidor”, avalia.
Duarte projeta que a CSN Mineração deva entregar um dividend yield de 13% nos próximos 12 meses. Contudo, ainda acredita que se houver mudanças na tributação dos juros sobre capital próprio, CSN Mineração poderia entregar até um dividend yield maior de 16%.