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Ações baratas: vale a pena aproveitar a queda nos preços?

Levantamento da Inversa aposta que queda dos preços pode ser bom momento para investir na VALE3 e na SUZB3

Ações baratas: vale a pena aproveitar a queda nos preços?
Queda do preço de alguns ativos pode ser oportunidade. Foto: Pexels
  • As ações mais baratas na B3 podem ser atrativas ao investidor, incentivado por um dos movimentos mais comuns do mercado financeiro: comprar nas baixas e vender nas altas
  • João Gabriel Abdouni, analista da Inversa, montou duas opções comparativas entre as ações que julgou baratas e caras nas cotações atuais da bolsa brasileira, e concluiu que vale a pena apostar em alguns ativos de preço baixo, com destaque para VALE3 e SUZB3

As ações mais baratas na Bolsa de Valores brasileira podem ser atrativas ao investidor, incentivado por um dos movimentos mais comuns do mercado financeiro: comprar nas baixas e vender nas altas. Mas como saber se a baixa de algum papel significa o momento certo para investir? Pensando em opções de carteira para o investidor, João Gabriel Abdouni, analista da Inversa, montou duas opções comparativas entre as ações que julgou baratas e caras nas cotações atuais da B3, e concluiu que vale a pena apostar em alguns ativos de preço baixo.

A carteira cara, composta principalmente por papéis do setor de varejo como Petz (PETZ3), Americanas (AMER3) e Via (VIIA3) possuem índices mais altos na relação de preço sobre lucro (P/L), enquanto praticamente não remuneram dividendos. No outro lado, na carteira barata, papéis do setor de commodities e bancos tradicionais, como Bradesco (BBDC3), Itau (ITUB3) e Suzano (SUZB3), pagam maior parcela de dividendos ao investidor, além de apresentar uma relação de P/L muito menor.

Para Abdouni, esses indicadores são boas referências para o investidor que quiser aproveitar a baixa de alguns papéis para investir nessas empresas. “Se você olhar uma ação que está com um indicador P/L mais baixo e com bons dividendos talvez seja uma boa referência. Tem muitas ações ligadas a commodities com essa característica agora, porque o dólar e o preço das commodities estão bastante elevados e o mercado desconfia que o valor vai cair”, explica.

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Apesar disso, o analista diz que a percepção dos profissionais especializados em macroeconomia da Inversa não é de que o preço do combustível ou do minério de ferro, por exemplo, vão despencar no curto prazo – e, por isso, são investimentos vantajosos. “Ninguém tem certeza de quando os preços vão cair. O que eu sei é que, no preço de hoje, essas empresas parecem baratas e vão pagar dividendos, então prefiro ter alocação nelas”, explica.

As ações classificadas na “carteira cara” como Weg, Hapvida, Rede d’Or e Localiza são  empresas que têm motivo para estarem valorizadas, mas são ações que já andaram, afirma Abdouni. No cenário atual de juros altos, o analista enxerga maior potencial de performance nas ações baratas.

“No mercado, o fluxo de caixa descontado estima quanto de lucro uma empresa vai gerar daqui até 2060, por exemplo, e traz essa geração de caixa a valor presente. Quando o juros sobe o tanto que subiu no Brasil, isso começa a ficar cada vez mais complicado. O investidor precisa ter o lucro mais perto, a remuneração de dividendo precisa ser mais alta porque a incerteza também é alta”, diz. Para Abdouni, as ações em alta operam como “priced for perfection” – para que as empresas gerem o caixa que está precificado atualmente, tudo tem que dar certo até lá.

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Distorções no mercado

A discrepância na relação de preço e lucro está relacionada a distorções de mercado na visão de Abdouni. “É como se o mercado estivesse de certa forma preterindo essas ações de commodities e bancos tradicionais e tivesse preferindo ações como varejo de e-commerce e saúde”, diz. Por isso diferença de P/L entre empresas de um mesmo setor, como a Via e o Pão de Açúcar – uma, negociando a 100 vezes o lucro; outra, a três.

“O mercado às vezes gosta de umas empresas e não gosta de outras, às vezes até do mesmo setor, mas a gente não enxerga tanta diferença. São negócios diferentes, mas no limite são ambas varejistas”, afirma. “A gente não vê porque a Pão de Açúcar, que também é uma boa empresa, tem que negociar a três vezes o lucro, enquanto a Via Varejo está negociando a 100”.

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Abdouni cita o livro “Investidor Inteligente”, escrito por Benjamin Graham em 1949, que colocava o mercado financeiro como um maníaco depressivo: quando está animado com alguma coisa, ele está muito animado. Mas quando está desanimado, ele está muito desanimado.

“Isso aparece nessas distorções de preços. A média histórica de P/L no Ibovespa é de 12 vezes. Porque a Gerdau tem que negociar a 3 vezes, será que realmente o lucro dessas empresas vai cair tanto assim ou será que o mercado está exagerando? Achamos que está exagerando”, pontua.

Nessas distorções, o investidor que tiver mais calma pode aproveitar para conseguir comprar bons papéis a preços menores. O analista da Inversa afirma que a casa não recomenda todas as ações da carteira barata, mas que as “preferidas” estão entre as destacadas. Para o investidor interessado em diversificar a carteira em 2022, a recomendação de ações baratas são duas: Suzano (SUZB3) e Vale (VALE3).

Suzano (SUZB3)

As ações da Suzano acumulam queda de 4,19% em janeiro de 2022. Na terça-feira (25), o banco JP Morgan revisou as recomendações de compra dos papéis para neutro, demonstrando cautela com o setor de celulose nos próximos cinco anos.

Larissa Quaresma, analista da Vitreo, reconhece que a SUZB3 “vem apanhando nos últimos pregões”, mas acredita que o movimento de queda tem a ver com o movimento do dólar. “A Suzano é o papel clássico para se proteger do risco Brasil. É um papel que anda muito forte com o dólar, já que a receita é toda dolarizada. O movimento de preço em queda tem mais a ver com isso”, explica.

Com a moeda americana em tendência de queda, na visão de Quaresma, o momento exige um pouco de cautela para o investidor que quiser entrar nesse mercado, mas a expectativa é boa para o preço da celulose no curto e médio prazo. “Pensando no cenário dos próximos trimestres, a tendência de preço para a celulose é positiva: a demanda mundial está se recuperando rápido, os estoques estão baixos e a capacidade de produção ainda não é suficiente para suprir a demanda global. Para o curtíssimo prazo, pensando na commodity, a tendência é boa, mas eu teria cuidado por causa do dólar”, afirma Quaresma.

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Na Inside Research, o setor de papel e celulose é visto com otimismo, mas a Suzano não é o ativo de preferência no setor. “Embora nossa visão seja positiva para SUZB3, que é uma empresa que se provou no tempo, com operação robusta, que vem gerando valor para seu acionista, e de acreditarmos na capacidade de geração de caixa da empresa no momento atual, a Suzano é uma empresa muito dependente da commodity, sem diferenciais competitivos em termos de mix de produtos”, explica Rafael Rovai, CNPI e analista da casa.

Na Terra Investimentos, porém, a recomendação aos investidores é de compra, aproveitando os múltiplos financeiros descontados. Para Régis Chinchila, analista da casa, apesar da recuperação da economia global ainda ser um desafio, o pagamento de dividendos comprova a boa geração de caixa da empresa – nesta quinta-feira (27), a SUZB3 remunera aos investidores com posição acionária até o pregão do dia 18 de janeiro de 2022 em um valor total de R$ 1 bilhão.

“O último balanço trouxe um conjunto sólido com EBITDA de R$ 6,3 bilhões e maiores volumes de celulose com melhora nos preços praticados. Os números operacionais bons, com vendas mais altas da celulose, ajudaram a superar as estimativas”, afirma Chinchila. O preço-alvo das ações da Suzano, na Terra, é de R$ 81,00.

Vale (VALE3)

As ações da Vale são uma boa opção para o investidor em 2022, concordam todos os especialistas ouvidos pelo E-Investidor. Para Rafael Rovai, da Inside Research, além de ser líder mundial, a mineradora se destaca pela qualidade do seu produto, o que a deixa em uma posição de superioridade frente aos demais competidores.

“Continuamos otimistas com a tese da empresa para 2022. Acreditamos que empresas como a Vale, que geram muito caixa, podem trazer resiliência para uma carteira de investimentos em momentos de maiores juros”, afirma.

Na Ágora Investimentos a recomendação também é de compra. A casa estipula o preço-alvo da VALE3 em R$ 108, e avalia que os papéis têm potencial de alcançar 30% de valorização. José Cataldo, estrategista de análise da Ágora, explica que o preço do minério de ferro está sendo negociado em um ‘patamar saudável’ que deve se manter ao longo de 2022, o que é atrativo para as ações. A retomada das operações nas minas em Minas Gerais, que estavam paralisadas por causa do período de fortes chuvas, também ajuda na visão do analista.

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“Trabalhamos com uma média de preço de US$ 100 por tonelada para o ano, o que levaria a uma geração de fluxo de caixa bem robusta de R$ 9 bi para a empresa. A Vale ainda faz uma distribuição boa de dividendos, a gente espera que distribua R$ 6 bilhões em dividendos mínimos”, afirma Cataldo.

A distribuição de dividendos também é uma vantagem dos papéis da empresa na visão de Gabriel Tinem, analista do setor de mineração, siderurgia e telecomunicações da Genial. “A alta no preço do minério significa para empresas desse setor uma alta geração de caixa, o que propicia também a remunerações altas ao investidor. Mesmo que, por acaso, a ação não venha a se valorizar, no mínimo o investidor recebe os dividendos”.

No entanto, na visão da analista, outros fatores relacionados ao momento da economia chinesa, a maior produtora de aço, favorecem ainda mais a VALE3. A China anunciou recentemente um corte na taxa de juros, o que estimula os setores de construção civil e infraestrutura – e, em consequência, aumenta a demanda por minério.

Tinem destaca ainda paralisações na produção das empresas australianas, as principais concorrentes da Vale, por causa de novos surtos da variante Ômicron. O choque de oferta, com a demanda em alta, também ajuda a elevar o preço da commodity no curto prazo. Esta semana, incentivada por estes fatores, a Genial revisou o preço-alvo da VALE3, aumentando para R$ 115.

Para Larissa Quaresma, da Vitreo, todos os setores que dependem do minério de ferro tendem a ser estimulados nos próximos anos com essa decisão econômica da China, o que tende a ser muito positivo também para a Vale. “É uma empresa muito barata, com os papéis negociando a múltiplos muito atrativos, e que surfa no boom das commodities. O P/L projetado para os próximos 12 meses é de 5.7, isso é muito barato. Então temos uma visão muito positiva para Vale”, afirma.

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