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Setor de transporte em queda: onde estão as oportunidades de compra?

Segundo os dados da Economatica, a Hidrovias foi a empresa que apresentou o menor desempenho ao longo de 2021

Setor de transporte em queda: onde estão as oportunidades de compra?
A previsão dos analistas é que os problemas nas cadeias logísticas sejam solucionados até 2023. (Foto: Envato Elements)
  • Problemas nas cadeias de logísticas e as incertezas relacionadas ao controle da pandemia foram as principais causas para o baixo desempenho das empresas
  • As companhias aéreas estão na lista das empresas com as piores performances mesmo tendo apresentado recuperação nos voos neste segundo semestre
  • Apesar do cenário não ter sido positivo para o setor, algumas empresas se beneficiaram das condições e registraram altas de até 41% no acumulado do ano

A maioria das empresas do setor de transporte apresentou resultados negativos ao longo deste ano. As causas estão relacionadas aos problemas nas cadeias de logísticas no mundo e as incertezas relacionadas ao controle da pandemia. No entanto, há companhias que usufruíram desse cenário e registraram altas superiores a 41%. Segundo os analistas, mesmo com esse cenário negativo para a maioria das empresas, há boas oportunidades de investimentos para 2022.

Os dados são de um levantamento feito pela Economatica, a pedido do E-Investidor. As empresas selecionadas fazem parte dos segmentos de transporte fluvial, terrestre e aéreo, além do aluguel de automóveis. Entre as companhias selecionadas, Vamos (VAMO3), Log-In (LOGN3) e Trevisa (LUXM4) foram as empresas que mais se destacaram com altas de 104,1%, 41,59% e 29,67%, respectivamente, no acumulado do ano. Vale ressalta que a Vamos fez o IPO em 28 de janeiro deste ano.

De acordo com analistas, as boas performances das empresas se devem ao aumento do preço dos fretes, beneficiando as companhias de logística. “Tudo que é logística ficou muito mais caro porque houve uma disrupção da cadeia global de logística”, ressalta Mário Goulart, analista da O2 Research.

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Nesse cenário, a Vamos conseguiu se destacar. A empresa aluga caminhões e máquinas agrícolas e, assim como acontece com os automóveis, a produção desses veículos caiu. “Imagina em um mundo que está difícil conseguir um caminhão novo e você tem vários para alugar! Com certeza, você vai ganhar dinheiro”, afirma Goulart.

Para as empresas Log-In e Trevisa, a guinada nos preços das ações ao longo deste ano também está relacionada ao aumento das exportações e a desvalorização do real frente ao dólar. Com a maior demanda e serviço mais caro, as receitas das empresas cresceram.

“Quando você aumenta a receita e mantém os custos, a sua lucratividade aumenta. Os fretes também são cotados em dólar. Então, quanto mais alto o dólar estiver, maior será a receita dessas companhias”, explica João Abdouni, analista da Inversa.

Desempenho das empresas do setor de transporte

Empresa Ticket Retorno no acumulado do segundo semestre
Retorno no acumulado do ano
Log-In LOGN3 21,41% 41,59%
Trevisa LUXM4 9,68% 29,67%
Locamerica LCAM3 -1,32% -7,03%
Rumo RAIL3 -3,66% -4,11%
Vamos VAMO3 -6,29% 104,1%*
Localiza RENT3 -6,49% -12,91%
Movida MOVI3 -8,79% -11,62%
Gol GOLL4 -21,47% -27,71%
Tegma TGMA3 -29,07% -35,42%
JSL JSLG3 -36,50% -28,61%
Azul AZUL4 -43,38% -36,77%
Hidrovias HBSA3 -51,63% -54,93%
Fonte: Economatica/Dados até 16 de dezembro de 2021/ *Desde o IPO em 28 de janeiro de 2021

 

Como a previsão é que os problemas nas cadeias logísticas sejam solucionados no fim de 2022 ou em 2023, Abdouni não enxerga as empresas como boas oportunidades de investimento. De acordo com ele, o investidor precisa apostar nos segmentos que se encontram em momentos de baixa precificação visando o retorno a longo prazo. “O mais recomendado é comprar as ações das empresas no baixo ciclo e vender quando estiverem caras. Eu prefiro e recomendo as ações da JSL e também da Tegma”, aponta o analista da Inversa.

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Apesar dessa perspectiva, Pedro Bruno, analista de transportes e co-head de Equity Research, acredita que a Vamos pode ser uma boa oportunidade de investimento. Embora enxergue uma deterioração no cenário macroeconômico, a companhia demonstra ser mais defensiva em um cenário menos favorável para as empresas de logística.

“A empresa tem um mercado pouco aproveitado e a gente enxerga um potencial de crescimento”, justifica. Além disso, Bruno acrescenta a possibilidade da companhia repassar o aumento dos custos para o seu serviço sem perder a demanda. “Se as empresas não alugarem, a alternativa é comprar o caminhão que ficou mais caro”, ressalta.

Maiores baixas

A Hidrovia foi a empresa que apresentou a menor performance no acumulado do ano dentro do setor. De acordo com os dados da Economatica, de janeiro até o dia 16 dezembro, os papéis da companhia registraram uma queda de 54,93%. De acordo com Bruno, a empresa é responsável pelo transporte de grãos saindo de Mato Grosso até a região Norte do País.

O problema é que, durante o segundo semestre, houve a quebra de safra de milho que costuma, segundo analistas da XP, acontecer nesta época do ano. Mas a falta de chuvas agravou ainda mais o desempenho econômico da empresa.

“A operação que ela tem na região Sul foi prejudicada pela hidrologia. Com poucas chuvas, o calado do rio ficou baixo e a empresa enfrentou dificuldades na operação”, explica. Apesar dos problemas, a XP recomenda a compra das ações da Hidrovia devido à expectativa de uma melhora na safra de grãos no próximo ano.

O setor aéreo também amargou perdas ao longo deste ano. Segundo os dados da Economatica, as companhias Azul e Gol registraram perdas de 36,77% e 27,71%, respectivamente. A derrocada na precificação dos papéis se manteve ao longo do segundo semestre mesmo as companhias apresentarem aumentos no número de voos ao longo dos últimos meses.

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De acordo com os relatórios da Azul, neste mês de novembro, o tráfego doméstico de passageiros aumentou 22,9% em relação a novembro de 2019. A Gol também registrou crescimento. De acordo com os dados preliminares, o volume de decolagens cresceu 27,4% no último mês em comparação ao mesmo período do ano passado.

Apesar dos sinais de recuperação, Vitor Aguiar, analista TC Matrix, aponta as incertezas relacionadas à covid-19, principalmente, com o surgimento de novas variantes e a dúvida sobre eficácia das vacinas em relação às mutações, como uma das razões para depreciação dos papéis. O custo operacional também pesa na precificação dos papéis.

“As altas do petróleo têm pressionado os custos destas companhias, deixando o cenário ainda pior e forçando aumento do preço de passagens”, acrescenta Aguiar outra justificativa. Mas a expectativa é que 2022 seja um ano mais promissor para as companhias aéreas. “ A recuperação da economia e a geração de empregos também devem dar um forte impulso na busca por viagens”, acrescenta o analista da TC Matrix.

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