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Associação Brasileira de Criptoeconomia esclarece como funciona o mercado de criptomoedas

Diretor executivo da ABCripto escreve sobre pontos levantados no artigo 'Dicas para investir em criptomoedas', de Fabrizio Gueratto

Associação Brasileira de Criptoeconomia esclarece como funciona o mercado de criptomoedas
Para quem deseja investir no mercado de bitcoins, taxas podem ser um ponto que gera bastante dúvida. (Foto: Evanto Elements)
  • No Brasil, a maior corretora tem 2,5 milhões de clientes, a CVM obriga que Fundos (esses que têm metade do busto de uma deusa e metade do rabo de uma baleia) a custodiarem os ativos em empresas nos Estados Unidos

(Rodrigo Monteiro*, Especial para o E-Investidor) – “A novidade veio dar à praia, na qualidade rara de sereia, metade o busto de uma deusa maia, metade um grande rabo de baleia” a música dos Paralamas do Sucesso foi gravada em 1986, mas pode ser usada para refletir a “novidade” que são os fundos de criptomoedas lançados recentemente. Na última linha, eles são uma visão nova dos produtos de prateleira que bancos pretendem vender para clientes.

Em artigo publicado no dia 19 de abril, no jornal O Estado de São Paulo e no E-Investidor, o colunista Fabrizio Gueratto comenta as diferenças entre investir em Bitcoin através de Fundos ou através de Exchanges. E, lamentavelmente, ele leva, durante todo o texto, o leitor ao equívoco.

O autor começa dizendo que “no Brasil estamos à frente até mesmo dos Estados Unidos no quesito investimento no ativo”. A afirmação não se sustenta. Por lá, a regulação sobre o setor é muito mais avançada, a SEC marca forte sobre os players que operam cripto e, bom, na última semana tivemos a estreia na bolsa da Coinbase, que tem nada menos do que 50 milhões de clientes e foi negociada em mais de US$ 85 bilhões.

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No Brasil, a maior corretora tem 2,5 milhões de clientes, a CVM obriga que Fundos (esses que têm metade do busto de uma deusa e metade do rabo de uma baleia) a custodiarem os ativos em empresas nos Estados Unidos e empresas que operam fora do ambiente regulatório sofrem pesadas punições. Esses são apenas alguns dos argumentos que mostram como o Brasil ainda precisa avançar nesse sentido. E está avançando, mas não está agora e não deverá estar à frente dos Estados Unidos nos próximos anos.

Em seguida, ele diz que é possível investir em cripto através da B3. Ele tem razão ao dizer que o fundo é negociado na bolsa brasileira. Mas esconde do leitor o fato de que as criptos que fazem parte do produto (bitcoin, etherium, litecoin, btc cash e stellar) ficam custodiadas em Exchanges como as que conhecemos no país, ou que fizeram o IPO recente nos EUA. Não cita também que os Fundos fazem gestão ativa, quando, na verdade, a gestão é absolutamente passiva, uma vez que os ativos que compõe a cesta são fixos – inclusive na composição – e estão sujeitos à mesma volatilidade que o cliente teria se investisse ele próprio em criptos em uma Exchange tradicional.

Isso leva a dois outros pontos fundamentais: investir em cripto por meio de um Fundo é mais caro do que da maneira tradicional e a narrativa de que são regulados não se sustenta. Isso porque, na largada, o cliente arca com uma taxa de administração de 2% que cobrem desde a comissão de quem vende, até o investimento em custódia fora do Brasil. Ao mesmo tempo, precisam aceitar que as criptos podem ser perdidas caso as Exchanges e custodiantes percam, por qualquer motivo suas chaves privadas. Não há regulação sobre isso e as garantias, portanto, são as mesmas que um cliente de Exchange teria se investisse direto.

Então, a verdade é que a novidade era o máximo, um paradoxo estendido na areia, alguns a desejar seus beijos de deusa, outros a desejar seu rabo pra ceia. Mas todos interessados no crescimento desse setor, que globalmente já é maior do que todas as empresas listadas na B3, bolsa de valores do Brasil.

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* Rodrigo Monteiro é diretor executivo da Associação Brasileira de Criptoeconomia – ABCripto

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