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A nova política de dividendos da Petrobras (PETR4) afasta os temores do mercado?

As ações da estatal fecharam em alta nesta segunda-feira (31); veja a avaliação de especialistas

A nova política de dividendos da Petrobras (PETR4) afasta os temores do mercado?
Planta da Petrobras. (Foto: Geraldo Falcão/Petrobras)
  • A Petrobras apresentou a tão aguardada nova política de dividendos da companhia na última sexta-feira (28)
  • A remuneração de acionistas sairá de 60% para 45%, mas a proposta foi bem recebida no mercado
  • Para analistas, ao menos os principais receios foram atenuados

O anúncio da tão esperada nova política de dividendos da Petrobras no apagar das luzes no mercado na última sexta-feira (28) fez as ações da petroleira estatal se destacarem no pregão desta segunda-feira (31). A PETR3 encerrou o dia com alta de 5,26%, a R$ 34,81, enquanto a PETR4 subiu 4,54%, a R$ 31,11. As valorizações refletem como as novas normas foram recebidas entre investidores e analistas: com alívio, mostrando que os piores receios não se concretizaram.

Isso porque membros do governo Lula criticaram em diversas ocasiões, inclusive desde a campanha eleitoral em 2022, os altos patamares de proventos distribuídos aos acionistas da estatal. No último ano, a Petrobras vinha se destacando como uma das maiores pagadoras de dividendos do mundo, coisa que o próprio presidente classificou como “loucura”.

Desde que o Lula 3 começou, um dos maiores receios do mercado em relação à petroleira era que a estatal reduzisse a remuneração dos investidores para o mínimo exigido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), de 25% de seu fluxo de caixa livre (FCL). Um patamar muito abaixo dos 60% que vinha sendo praticado pela antiga política vigente na companhia.

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A nova política de dividendos encontrou um meio termo: 45%, com pagamentos que se manterão trimestrais. Segundo a nota da Petrobras, a regra irá manter a previsibilidade do fluxo de pagamentos, enquanto, em contrapartida, também possibilita a perenidade e a sustentabilidade financeira em diferentes períodos, além de não comprometer a capacidade de crescimento.

“Veio melhor do que poderíamos supor”, avalia Álvaro Bandeira, economista e coordenador do núcleo de economia da Associação dos Profissionais Investidores do Mercado de Capitais do Brasil (Apimec Brasil).

Para investidores que usavam a PETR4 e a PETR3 na carteira como uma garantia de recebimento de bons dividendos, a notícia pode até não ser boa, mas também não significa que os papéis vão deixar de ser atrativos. Com um FCL esperado de cerca de R$ 120 bilhões para este ano, a nova política sinaliza um dividend yield de 13%, o que representa uma queda em relação a anos anteriores, mas ainda deixa PETR4 entre os maiores dividend yields da Bolsa.

“Para nós, a decisão afasta o pior cenário – que seria a distribuição mínima permitida por lei de apenas 25% do Lucro Líquido –, de modo que a nova fórmula deve trazer alívio para a parcela mais pessimista dos investidores. Além disso, será mantida a distribuição trimestral de proventos, o que também deve animar os mais céticos”, diz Ruy Hungria, analista da Empiricus Research.

A visão dos grandes bancos

A avaliação das equipes de research dos bancos brasileiros também foi positiva, ainda que a nova política de dividendos não tenha sido considerada ideal.

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Uma das leituras mais otimistas foi a do Santander, que manteve a recomendação de compra das ações da Petrobras com um preço-alvo de US$ 19 para as ADRs da companhia. Com o novo modelo e sem considerar recompra de ações, o banco estima que o dividend yield da estatal fique em 13% em 2023 e 9% em 2024. Para o segundo trimestre deste ano, cujo balanço será divulgado nesta quinta-feira (3), a projeção é de US$ 3,5 bilhões em dividendos, o equivalente a cerca de 3,7% de rendimento trimestral.

“O novo pagamento e uma estimativa atrativa de EV/EBITDA para 2024 de 2,5x (um desconto de 40% para as principais empresas globais e 15% para pares chineses), dá suporte para nossa recomendação”, escreveram os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz.

No Itaú, a projeção é parecida: o banco espera um dividend yield de 3,4% para o 2T23 da Petrobras. A analista Monique Greco, em relatório, destacou que trata-se de uma remuneração em linha com o que deveria ser esperado se a Petrobras adotasse a mesma política que outras grandes petroleiras mundiais.

“O rendimento de dividendos estimado implícito da nova política para o 2T23 ainda parece significativamente maior do que para as principais: na semana passada, Shell, Repsol e Total relataram dividendos e recompras do 2T23 de 2,6%, 2,6% e 1,4%, respectivamente”, disse. Ainda assim, o Itaú BBA manteve a recomendação neutra para a PETR4, com preço-alvo de R$ 27.

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Apesar de avaliar a nova política de dividendos como positiva, o BTG Pactual também manteve a recomendação neutra para as ADRs da Petrobras, com preço-alvo de US$ 14. Os motivos, no entanto, são outros. O banco ainda vê alguns riscos no radar da estatal – por isso, uma reclassificação das ações ainda não aconteceu.

“Continuamos a acreditar que os passos dados pela nova equipa de gestão desde o início do ano justificam um menor tom de baixa na PBR”, afirmaram em relatório os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte. “Mas uma reclassificação dependerá da disposição do em precificar dividendos extraordinários, descartar fusões e aquisições significativas (como VBBR e BRKM) e ficar mais confortável com a política de preços de combustíveis da estatal, o que consideramos improvável no curto prazo.”

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