Investimentos

B3 bate recorde e movimenta R$ 26 bilhões por dia em 2020

Especialistas explicam fenômeno que levou ao maior volume financeiro diário já registrado na Bolsa

B3 bate recorde e movimenta R$ 26 bilhões por dia em 2020
(Foto: Pixabay)
  • Bolsa de valores brasileira movimentou cerca de R$25,9 bilhões por dia em 2020, no maior valor diário da história
  • De acordo com Caio Fernandez, CEO da Ivest, alta é explicada por baixa generalizada dos ativos em março e queda dos rendimentos na renda fixa
  • Especialistas ressaltam que o salto de novos investidores - e, por consequência, de volume financeiro na Bolsa - é positivo, mas ter educação financeira de fontes seguras é fundamental para não tomar prejuízos

Mar calmo faz bom marinheiro? Quem conhece o velho ditado já sabe a resposta. Em meio à pandemia do coronavírus, a Bolsa de Valores movimentou R$ 25,9 bilhões por dia em 2020 no primeiro semestre, no maior valor diário da história do mercado acionário brasileiro.

Esse resultado se estende para o volume financeiro total negociado nos seis primeiros meses do ano, que chegou a R$ 3,19 trilhões, equivalente a 84,6% do volume negociado em todo o ano de 2019, de acordo com dados Economatica.

O fotógrafo Luiz Claudio Carvalho foi um dos novos investidores que ajudaram a engordar o volume de negociações da B3, em um ano marcado por queda histórica do Ibovespa em março e seis circuit breakers. “Entrei na Bolsa em fevereiro, quando ainda estava naquela alta que se iniciou em 2019”, diz ele. “Não entendia muito bem e tomei um susto quando começou a cair, mas tive paciência e agora recuperei os prejuízos, e também voltei a comprar ativos.”

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

De acordo com Caio Fernandez, CEO da Ivest Digital, para explicar esse fenômeno que levou aos recordes financeiros de B3, primeiramente é necessário entender que o volume financeiro aumenta quanto mais investidores fazem compra de ativos. E que operações de venda puxam esse número para baixo.

“Em março, teve toda aquela euforia, muitas pessoas começaram a vender e o volume financeiro caiu”, afirma Fernandez. “Depois, quando tudo passou, as pessoas que já estavam na Bolsa voltaram a comprar ações e novos investidores entraram no mercado.” 

O número de pessoas físicas na B3 subiu 15% em março na comparação mensal, totalizando 2,24 milhões de investidores naquele momento. De março a junho, esse número já subiu cerca de 18%. Nos dados consolidados do sexto mês de 2020, a B3 anunciou que o País tem atualmente 2,64 milhões de investidores pessoas físicas na Bolsa.

[—#{“ESTADAO-CONTEUDO-INFOGRAFICO”:[{“ID”:”Q4W6vy”,”PROVIDER”:”UVA”}]}#—]

Para Fernandez, além da retomada iniciada depois de março, a taxa de juros de 2,25%, na mínima histórica, teve grande responsabilidade nesse crescimento de novos entrantes. “Os brasileiros começaram a entender que, para ter retornos maiores, teriam que tomar mais risco, ir para a Bolsa, pois a renda fixa não rende mais como antigamente”, diz ele.

Alta é positiva, mas educação financeira é fundamental

Esse foi o caso do empresário Willian Bastos, que começou a comprar ações entre o final de março e o início de abril. “Vi muitos amigos entrando na renda variável e compartilhando dicas. Fiz cursos online gratuitos no site da FGV e acabei começando a investir também”, afirma ele. Hoje, Bastos diz que a carteira dele está positiva e que suas principais aquisições foram no setor de petróleo e frigoríficos.

Publicidade

Apesar do salto no número de CPFs na B3 e, com ele, no volume financeiro negociado, os especialistas ainda reforçam que falta educação financeira de qualidade entre os investidores. “Eu notei um aumento muito grande de perguntas sobre renda variável nas minhas redes sociais”, revela a educadora financeira Carol Stange. “A maioria ficou assustada com a queda de rendimento da renda fixa.”

A especialista explica que há um movimento nas redes de ‘educadores caça likes’ que anunciam a morte da renda fixa e empurram as pessoas para a renda variável, mesmo que elas não estejam preparadas. “São investidores que não tem uma assessoria e acabam tendo que fazer suas próprias escolhas e se confundindo com essas informações”, pontua.

Para Stange, a euforia de ir para a renda variável pode tornar vulneráveis os investidores inexperientes, afinal, a renda fixa é parte importante para a proteção de uma carteira. “Tem o lado bom, claro, que as pessoas estão quebrando paradigmas em relação ao mercado financeiro, mas olho com certa preocupação”, afirma ela

Em qualquer momento, o investidor deve respeitar o perfil de risco. Esse questionário faz uma análise das características em relação à segurança, liquidez, rentabilidade e objetivo dos investimentos. “O produto de investimento que serve para uma pessoa, pode não servir para a outra”, diz o CEO da Ivest.

Se os três primeiros pregões do segundo semestre servirem de indicativo para o restante do ano (volume médio diário de R$ 23,3 bilhões), o recorde deve se renovar.

Publicidade

Informe seu e-mail

Faça com que esse conteúdo ajude mais investidores. Compartilhe com os seus contatos