Mercado tem visão negativa sobre os resultados do Banco do Brasil (BBAS3) no 2º trimestre. Foto: Adobe Stock
O ceticismo que tomou o mercado brasileiro em relação à tese de investimentos no Banco do Brasil (BBAS3) fez as ações da estatal saírem do posto de queridinha dos investidores para o menor valor na Bolsa desde 2023. Gestores, analistas e grandes bancos começaram a revisar para baixo as projeções para o banco, no aguardo do resultado referente ao 2º trimestre de 2025, previsto para 14 de agosto. No meio desse consenso, algumas gestoras tentam operar o papel na contramão.
É o caso da Leblon Equities, gestora de ações que resolveu incluir as ações do BB na carteira na virada do mês. O combo de resultado fraco, com sinalizações preocupantes em relação ao crédito agrícola e comunicação confusa da atual gestão, fez o BB derreter no último mês. O ativo acumula uma desvalorização acima de 9% em julho; em 12 meses, é de quase 20%.
“No valuation em que se encontra atualmente, mesmo considerando uma deterioração na rentabilidade patrimonial nos próximos 1 ou 2 anos, achamos que tem uma margem de segurança bastante razoável“, disse Pedro Chermont, um dos sócios-fundadores da Leblon, no call de apresentação trimestral da gestora.
Mas essa não é um história só de preço. A gestora também aumentou a posição que já tinha em Petrobras (PETR4), um posicionamento mais favorável às estatais pensando nas eleições de 2026.
“Mais uma vez teremos uma eleição cujo desfecho tende a ser binário no que se refere às empresas estatais: ou ganha um candidato um pouco mais liberal, mais à direita, que muito provavelmente vai orientar o negócio para a maximização de valor para o acionista, vai se discutir eventuais privatizações. Nesse cenário, vemos potencial tanto para Petro e BB dobrarem de preço“, explicou Chermont. “No cenário de continuidade, já está precificado.”
Agora, as posições em BBAS3 e PETR4 juntas representam 10% da carteira do fundo Leblon Ações II Institucional FIC FIA, e cerca de 7% do Leblon Ações FIC FIA.
O pesadelo do BB
O pessimismo do mercado em relação ao Banco do Brasil começou em meados de junho, quando a companhia reportou um resultado trimestral bem aquém das estimativas para o 1T25 e retirou o guidance para o ano.
Desde então, analistas colocaram a tese de investimentos no banco em revisão, reduzindo projeções de lucro e, em alguns casos, retirando a recomendação para o papel, que até pouco tempo era um nome queridinho no quesito remuneração de dividendos. Ágora e Bradesco BBI reduziram a recomendação de compra para neutra, assim como a Genial Investimentos, o Santander, o BTG Pactual e a XP. Mostramos isso com detalhes aqui.
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Agora, os grandes bancos começam a revisar as projeções para o 2T25. O Safra estima que a estatal apresente um lucro líquido de R$ 4,64 bilhões, uma queda de 51,5% na comparação com o mesmo trimestre de 2024; o Bank of America espera por uma queda de 40%.
Esse tem sido o call predominante, de analistas a bancões, mas também passando nas gestoras. A Legacy, gestora multimercado com R$ 20 bilhões em ativos sob gestão, publicou no início deste mês uma carta temática destacando que abriu uma posição short (ou seja, apostando na queda) em BBAS3. O argumento é que o mercado ainda subestima a magnitude riscos da tese, especialmente no que diz respeito ao crédito agrícola.