- Nesta terça-feira (18), a influente carta do CEO da BlackRock foi enviada aos CEOs de todo mundo e obtida em primeira mão pelo E-Investidor
(Valéria Bretas e Geovana Pagel) – Na última semana, ventilou no mercado a notícia de que um dos maiores fundos de investimento do mundo não botaria mais dinheiro no Brasil enquanto o presidente Jair Bolsonaro estivesse no Palácio do Planalto. Contrariando o boato, a diretora-geral da gestora BlackRock no País, reforça: “Temos um compromisso de longo prazo com o Brasil”.
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Saade fez questão de destacar que a companhia administra o maior ETF de ações do Brasil (BOVA11) e também o maior ETF de ações que investe em empresas brasileiras (EWZ), globalmente. Em dezembro de 2021, a BlackRock atingiu o valor recorde de US$ 10 trilhões em ativos sob sua administração, alta de 15%.
A fala da country manager pontua ainda que todos os mercados exigirão investimentos sem precedentes em tecnologias de descarbonização. Diante deste cenário, empresas, cidades e países correm o risco de ficar para trás se não planejarem a transição para um mundo de emissão zero. “A BlackRock acredita que a descarbonização da economia global, incluindo o Brasil, criará uma quantidade sem precedentes de capital à procura de novas ideias”, afirma.
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Nesta terça-feira (18), a influente carta do CEO da BlackRock foi enviada aos CEOs de todo mundo e obtida em primeira mão pelo E-Investidor.
Veja os principais trechos da entrevista:
E-Investidor – Qual é a relevância do Brasil para a Blackrock?
Karina Saade – A BlackRock tem um compromisso de longo prazo com o Brasil. Temos um escritório desde 2008, mas investimos aqui muito antes desta data, oferecendo oportunidades de investimentos no país aos nossos clientes no mundo todo. Administramos o maior ETF de ações do Brasil (BOVA11) e também o maior ETF de ações que investe em empresas brasileiras (EWZ), globalmente. Além dos investimentos de nossos clientes no país, somente no último ano aumentamos nossa equipe local em mais de 60% e disponibilizamos, através dos BDRs, 74 ETFs globais para os investidores institucionais e pessoas físicas.
E-Investidor – O que os investidores devem esperar em um ano que promete ser de extrema volatilidade com eleições presidenciais no Brasil?
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Saade – Embora 2022 possa ser um ano desafiador, investidores experientes em mercados emergentes podem não considerá-lo diferente do “business as usual”. Em muitos aspectos, as coisas podem parecer ainda melhores do que no passado.
Apesar do crescimento inferior a 3% esperado para 2022, a América Latina ainda ficará acima da expansão anual média de 2% da região entre 2010 e 2019. Após o aumento da inflação neste ano para esperados 9,7% na América Latina, a previsão é que haja um recuo para 5,5% em 2023, pouco abaixo da média anual de 5,6% para 2010-2019.
E-Investidor – As mudanças climáticas não respeitam fronteiras e todos os mercados exigirão investimentos sem precedentes. Mas o ritmo dessas mudanças é muito diferente entre os países em desenvolvimento e desenvolvidos. A diferença não está necessariamente relacionada em investir em nações com menos riquezas, mas na qualidade das instituições daquele país. Afinal, o que todos buscam é a oportunidade de ganhar bons retornos para o seu cliente. O risco-Brasil pode impedir esse progresso?
Saade – Todos os mercados exigirão investimentos sem precedentes em tecnologias de descarbonização. Empresas, cidades e países correm o risco de ficar para trás se não planejarem a transição para um mundo de emissão zero. A BlackRock acredita que a descarbonização da economia global, incluindo o Brasil, criará uma quantidade sem precedentes de capital à procura de novas ideias.
Os incumbentes precisam ser claros sobre seu caminho para terem sucesso em uma economia de emissão zero. Além disso, Larry cita sua expectativa de grandes oportunidades de investimentos que serão acompanhadas por enormes criações de empregos para aqueles que se planejarem a longo prazo.
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E-Investidor – O capitalismo de stakeholders enfrenta mais desafios em países emergentes, como o Brasil?
Saade – Nossa convicção na BlackRock é que as empresas têm melhor desempenho quando são deliberadas sobre seu papel na sociedade e agem no interesse dos stakeholders – isso não só nos países desenvolvidos, mas nos emergentes também. Por isso, estamos lançando o Centro para o Capitalismo de Stakeholders. Se nos mantivermos fiéis ao propósito de nossas empresas enquanto nos adaptamos ao novo mundo, entregaremos retornos duradouros aos acionistas e ajudaremos a perceber o poder do capitalismo.
Na carta, Larry também diz que “o mercado de capitais permitiu que as empresas e os países prosperassem. Mas o acesso ao capital não é um direito. É um privilégio. E o dever de atrair esse capital de forma responsável e sustentável é seu (empresário)”. A economia brasileira não está na trilha de crescimento e o mercado de capitais ainda segue em trajetória de ascensão. Qual o papel das empresas e gestores para transformar essa realidade?
Saade – A BlackRock se concentra em sustentabilidade não porque somos ambientalistas, mas porque somos capitalistas e fiduciários para os clientes. Isso requer a compreensão de como as empresas estão ajustando seus negócios para as mudanças relevantes pelas quais a economia está atravessando. Por isso, pedimos às empresas que definam metas de longo, médio e curto prazos para reduções de emissões de gases do efeito estufa. Essas metas e a qualidade dos planos para cumpri-las são fundamentais para os interesses econômicos dos acionistas.
A transição para emissão zero é irregular, com diferentes partes da economia global se movendo em diferentes ritmos, que serão em estágios diferentes em países emergentes e desenvolvidos. Empresas e governos devem garantir que as pessoas continuem a ter acesso às fontes de energia baratas e confiáveis enquanto perseguimos esses grandes objetivos. Essa é a única forma de desenvolver uma economia verde justa evitando conflitos sociais.
Confira o especial sobre a divulgação da carta do CEO da BlackRock:
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BlackRock: Brasil criará capital sem precedentes para novas ideias