- A BlackRock, maior gestora do mundo, com US$ 8,5 trilhões em ativos, sentiu os efeitos da alta de juros no Brasil
- Os recursos aplicados nos BDR da gestora, lastreados em fundos de índices (ETFs), caíram pela metade, para R$ 2,7 bi
- Para que o investidor volte a tomar risco e aplicar na bolsa, é preciso que a Selic caia para níveis abaixo de 10%, avalia CEO
A BlackRock, maior gestora do mundo, com US$ 8,5 trilhões em ativos, sentiu os efeitos da alta de juros no Brasil. Este ano, os recursos aplicados em seus Brazilian Depositary Receipts (BDR) lastreados em fundos de índices (ETFs, na sigla em inglês) caíram pela metade, para R$ 2,7 bilhões. Essas carteiras chegaram a ter R$ 5,5 bilhões no final de 2021, como mostrou o Broadcast.
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“O investidor como um todo está tomando menos risco. Os fundos tiveram resgates muito significativos”, disse a presidente da BlackRock no Brasil, Karina Saade, em evento com jornalistas nesta quarta-feira (30). “Enquanto a Selic estiver alta, a propensão a assumir risco é baixa.”
Para que o investidor volte a tomar risco e aplicar na Bolsa, a executiva avalia que é preciso que a Selic, atualmente em 13,75%, caia para níveis abaixo de 10%. Inicialmente, havia a expectativa de que o Banco Central fosse cortar os juros em meados de 2023, mas analistas do mercado estão revendo esse cenário por conta das dúvidas da política fiscal do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Há casas prevendo até novas altas de juros.
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Para Saade, de fato há dúvidas sobre quando a taxa irá cair. Mas uma certeza, para ela, é que, estruturalmente, a Selic não deve permanecer no atual nível de dois dígitos e em algum momento, voltará a cair.
No Brasil, a BlackRock tem 101 ETFs. Entres os BDR de ETF da BlackRock, um dos que tem atraído recursos é uma carteira ligada a papéis com critérios de governança, sociais e ambientais (ESG, na sigla em inglês), o BEGU39.
Desde 2008 a gestora norte-americana resolveu ter uma operação no País, com um escritório em São Paulo. Recentemente, criou uma equipe dedicada a fundos de pensão e, em seguida, uma para “family office”, como são conhecidos os gestores que cuidam de fortunas de famílias endinheiradas. O próximo passo é criar uma equipe para gestoras independentes, que vem crescendo no mercado brasileiro.