O que este conteúdo fez por você?
- 33 especialistas que participam do filme se esforçam para mostrar que o investidor local já tem todas as ferramentas disponíveis para internacionalizar parte da sua poupança
- Se o acesso existe, de fato, para o brasileiro, custa crer que essa compreensão chegue na esmagadora parcela da população
As plataformas de vídeo abriram as portas para que diversas histórias pudessem ser contadas. Temas mais áridos e sem charme como a economia – e aqui não estou me referindo a Billions, a série da Netflix que muitas vezes é subavaliada pela crítica – também ganharam espaço para estimular a reflexão e o debate. O documentário Brasil Global, lançado recentemente no YouTube, está nessa lista.
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Com direção de Rodrigo Simonsen, produção da Sete8 e patrocínio da Avenue Securities, Brasil Global parece ter sido lançado com 10 anos de antecedência. É como se Marty McFly, o personagem de Michael J. Fox em De Volta para o Futuro, não tivesse viajado de 1985 para 1955, mas de 2030 para os dias atuais. E deixado em 2020 a ideia de como a economia e o investidor brasileiros poderão ser no futuro.
Sim, porque os 33 especialistas que participam do filme se esforçam para mostrar que o investidor local já tem todas as ferramentas disponíveis para internacionalizar parte da sua poupança. A diversificação é sensata em todos os aspectos, por isso invista no exterior assim como você faz no seu país, diz o economista Barry Eichengreen, da Universidade de Berkeley, no documentário.
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Se o acesso existe, de fato, para o brasileiro, custa crer que essa compreensão chegue na esmagadora parcela da população, que mal entrou na renda variável (ultrapassamos a marca de 2 milhões de pessoas físicas na Bolsa há poucos dias). Há ainda uma busca pela rede de proteção criada pelo Estado. Um exemplo recente desse comportamento é a queda no valor da ação da resseguradora IRB. Recebi mensagens com pedidos para o governo devolver o dinheiro investido nas ações da empresa na Bolsa de Valores. O correto seria a cobrança de uma punição para os executivos responsáveis pelas fraudes contábeis que lesaram os investidores. O Brasil poderia ser mais rico se diminuísse a intervenção estatal, diz o economista Jeffrey Miron, da Universidade Harvard, no filme.
O documentário é feliz ao analisar e apresentar histórias de globalização, liberdade, protecionismo e oportunidades – algo fundamental para entender como investir bem. Mas guardo uma desconfiança de que se a caderneta de poupança não for extinta, para acabar com a ideia de que a rentabilidade é gratuita, imediata e sem esforço, qualquer outro ativo pode parecer algo difícil.
Brasil Global não terá o sucesso das grandes bilheterias de Hollywood, embora as visualizações se aproximem de 150 mil, o que não é desprezível. Arrisco dizer que a grande contribuição do documentário é mostrar o potencial que o investidor brasileiro tem em mãos. Mas, neste momento, é difícil acreditar numa rápida mudança de comportamento – a não ser que você me desminta e mude esse final.
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