- O enorme volume de ofertas está motivando a preocupação de que os investidores vão sair perdendo enquanto lutam para decidir o que fazer quando confrontados com mais de mil opções
- Os provedores de ETF fecharam outro ano recorde, com C$ 52,5 bilhões (US$ 41,3 bilhões) de entradas, um aumento de 27% em relação a 2020
- Entretanto, o que o Canadá acumulou em 12 meses, os EUA coletaram em cerca de duas semanas
Layan Odeh, WP Bloomberg – O lar do primeiro fundo negociado em bolsa (ETF) do mundo ficou um pouco confortável demais com o produto. O Canadá está registrando mais e mais ETFs a cada mês, expandindo rapidamente as ofertas em um mercado onde a média dos fundos é de aproximadamente um décimo do tamanho de seus equivalentes nos Estados Unidos. Os recém-criados fundos – principalmente aqueles atrelados ao bitcoin – são responsáveis por parte do excesso, já que Toronto mantém seu papel como um laboratório da indústria.
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O enorme volume de ofertas está motivando a preocupação de que os investidores vão sair perdendo enquanto lutam para decidir o que fazer quando confrontados com mais de mil opções. “É incrivelmente desafiador para investidores, consultores e até clientes institucionais abrirem caminho mediante o número de diferentes produtos e provedores”, disse Pat Chiefalo, chefe de ETFs e estratégias indexadas do Canadá na Invesco, em uma entrevista.
Parece uma situação insustentável, mas com os ingressos recordes registrados pela indústria ano após ano, um acerto de contas talvez não seja iminente. Mesmo assim, os participantes dela sugerem que um mercado que oferece um fundo para cada US$ 219 milhões em ativos – contra um para cada US$ 2,6 bilhões nos EUA – acabará precisando ser sacudido.
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“O Canadá não será atendido por mais de 40 provedores de ETFs e mais de mil ETFs”, explicou o cofundador da Hamilton Capital Partners, Robert Wessel, que prevê uma onda de fusões tanto de fundos como de provedores. Mas destacando o atrativo de mergulhar no que parece ser um mercado saturado, ele também prevê que os ativos de ETF crescerão mais de 20% ao ano nos próximos cinco anos.
Os provedores de ETF fecharam outro ano recorde, com C$ 52,5 bilhões (US$ 41,3 bilhões) de entradas, um aumento de 27% em relação a 2020. Entretanto, o que o Canadá acumulou em 12 meses, os EUA coletaram em cerca de duas semanas.
A fome dos investidores por fundos de baixo custo levou muitos gestores de ativos canadenses a oferecer produtos próprios em vez de por meio de concorrentes, o que explica o aumento de 10 vezes no número de provedores na última década. Isso não é obrigatoriamente saudável, de acordo com o analista financeiro do Banco Nacional do Canadá, Daniel Straus.
O Canadá é o berço dos fundos negociados em bolsa. Desde os anos 1990, o país foi pioneiro em inúmeros novos produtos, como ETFs de renda fixa e de hedge cambial. Isso ajuda a explicar o atual excesso de oferta, já que a sensibilidade canadense às múltiplas moedas que afetam suas carteiras justifica a criação de ainda mais produtos, disse Straus.
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O ambiente regulatório permissivo do país permitiu que as empresas financeiras experimentassem novas ofertas antes de migrarem para mercados maiores. Em 2017, por exemplo, o Canadá apresentou o primeiro ETF de cannabis do mundo, seguido por um de psicodélicos no ano passado.
O mercado teve outro empurrãozinho em 2021, quando os reguladores abriram caminho para fundos de criptomoedas, que atraíram C$ 6 bilhões em entradas de caixa.
Em 2021, mais da metade dos novos fluxos de capital foi para o departamento de ETFs do Bank of Montreal, RBC iShares e Vanguard. Essas empresas representavam 70% dos ativos sob gestão, segundo cálculos de Straus. O domínio delas diminuiu ligeiramente desde 2020, conforme gestores locais menores conquistaram participação de mercado.
Esses gestores “independentes” acreditam que podem prosperar apenas com uma pequena porcentagem de um grande conjunto de ativos, disse Wessel, cuja empresa administra C$ 1,4 bilhão.
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Com o mercado de ETFs do Canadá registrando um crescimento anual recorde desde 2019, alguns dos maiores gestores de fundos dos EUA viram sua participação de mercado permanecer a mesma ou encolher. Os ETFs oferecidos pela Fidelity Investments, Invesco e Franklin Templeton atraíram fluxos mínimos ou negativos no ano passado, levantando dúvidas em relação à sua competitividade no Canadá.
A Invesco, com menos de C$ 100 milhões em fluxo de caixa no ano passado, está melhorando seu desempenho. A empresa com sede em Atlanta contratou recentemente Chiefalo, ex-chefe de fundos iShares do Canadá da BlackRock, e começou 2022 lançando oito ETFs focados em princípios de investimento ambiental, social e de governança (ESG).
“Estamos reposicionando, reinventando e revigorando nosso produto” para o mercado canadense, disse Chiefalo, cuja empresa planeja apresentar mais ofertas nos próximos meses.
Para que uma estratégia de fundos passivos seja bem-sucedida, ela precisa de escala e liquidez, uma tarefa árdua para provedores menores tentando competir com empresas financeiras globais.
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Os maiores bancos do Canadá, todos provedores de ETFs, controlam a distribuição de produtos de gestão de patrimônio. Hoje, com tantos gestores de ativos oferecendo ETFs, o concorrido mercado canadense talvez esteja pronto para a consolidação. Isso pode não ser iminente, disse Wessel, mas é “inevitável”.
Houve uma pista disso no início de 2019, quando o Royal Bank of Canada passou a ocupar o primeiro lugar no país depois de firmar uma aliança com a BlackRock, o maior provedor de ETF do mundo. “Temos a oferta mais competitiva para consultores no mercado canadense”, disse Armando Senra, chefe do departamento de iShares das Américas da BlackRock, em entrevista, acrescentando que a aliança combina as ofertas de produtos de iShares com a distribuição do banco.
Entretanto, Wessel disse que há espaço para empresas menores prosperarem. “O desafio para nós é fazer com que as pessoas vejam nossos fundos de forma mais favorável do que algumas dessas estratégias em vigor, que existem há muito tempo”.// TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA