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- A potência asiática é um dos únicos países com perspectivas de aumentar os estímulos através da redução da taxa de juros e inflação moderada, além de movimentos para liberação de crédito e diminuição do custo de capital
- Enquanto isso, grandes economias como Estados Unidos e Europa preveem um aperto monetário para controlar a alta da inflação
O ano de 2021 não foi o melhor para a China. O mercado acionário do país sofreu com polêmicas relacionadas à interferência governamental, como as regulamentações de setores de educação, de tecnologia e de energia – que não foram vistas com bons olhos pelo mercado ocidental -, e com a crise no setor imobiliário – por conta do endividamento da Evergrande, segunda maior empresa do setor no país.
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Por outro lado, a potência asiática é um dos únicos países com perspectivas de aumentar os estímulos através da redução da taxa de juros e inflação moderada, além de movimentos para liberação de crédito e diminuição do custo de capital.
Enquanto isso, grandes economias como Estados Unidos e Europa preveem um aperto monetário para controlar a alta da inflação. “A China está em uma tendência de voltar a crescer enquanto o mundo está querendo desaquecer”, analisa Bernardo Queima, diretor da Gama Investimentos.
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“Se você comparar com os países desenvolvidos dos Estados Unidos e Europa a China está bem mais barata, mas é um país emergente, tem todas as questões por detrás que impactam o preço”, ressalva o especialista.
Para o head de análise internacional da Suno Research Alberto Amparo, agora é um bom momento para os investidores olharem para a China e incluírem ativos do país no portfólio. “Um dos momentos mais interessantes para comprar é quando tem uma nuvem negra e as pessoas exageram o tamanho dela”, afirma. “Eu prefiro ser um comprador de ativos quando tem um desconforto em cima, porque você está pagando mais barato”, explica.
Amparo acredita que, apesar do cenário macroeconômico influenciar no mercado financeiro do país, o que aconteceu com a China no ano passado foram fatores externos às empresas, relacionados ao governo. “As empresas estão melhores do que nunca. O investidor tem que olhar para os fundamentos. O Alibaba (BABA34) ,por exemplo, cresceu sua geração de caixa três vezes desde 2017, e está com um preço mais baixo do que naquela época”, diz.
Queima concorda que o potencial das empresas chinesas é um grande trunfo para o país. “O que faz o resultado da bolsa de valores é o crescimento dos lucros das empresas e a China está exatamente nesse momento de ter um potencial de crescimento de valor efetivo das suas empresas, com o crescimento econômico voltando a bater as portas do país”, afirma.
Investir na China é investir no longo prazo
Amparo ressalta que quem decidir investir na China precisa ter uma mentalidade de longo prazo e não ter aversão à volatilidade. “Não é nos próximos seis meses [que o investidor irá lucrar], mas nos próximos 10 anos é bem seguro falar que essas empresas vão prosperar”, afirma. “[O ideal é] comprar os ativos e deixar eles lá, sem ficar se preocupando com a volatilidade”.
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O especialista explica que no curto prazo as ações chinesas são bastante voláteis e é possível que em 2022 os preços caiam, caso haja mais notícias ruins para a potência asiática. Ele acredita, no entanto, que o governo chinês, que “quer ser a maior economia do mundo”, já está tendo um olhar voltado para o mercado financeiro.
Para Queima, as pessoas deveriam olhar para a economia chinesa como uma forma de diversificar seu patrimônio. “No longo prazo, certamente eu entendo que o mercado acionário chinês deveria ter um papel relevante na carteira das pessoas, porque o país tem um papel relevante na economia do mundo”, afirma. “É a economia que mais cresceu, que mais tirou gente da linha da pobreza, e que vem crescendo há muito tempo com muita consistência. Porque você não teria China?”, completa.
O ideal para o investidor iniciante é não concentrar um percentual grande da carteira em ações chinesas para evitar riscos muito altos. “Vale a pena ter principalmente as grandes empresas, as big techs, pra quem tá pensando lá na frente, na próxima década.” Ele explica que grandes empresas de tecnologia são apostas mais seguras porque têm contabilidade mais confiável e atuam em vários segmentos, não dependendo de apenas uma atividade.
Como brasileiros podem ter China no seu portfólio?
BDRs:
Os Brazilian Depositary Receipts são títulos brasileiros lastreados em ativos estrangeiros. Algumas empresas chinesas, como Alibaba, Baidu e PetroChina são negociadas no mercado brasileiro através de BDRs. Mas o leque de ações da China no Brasil ainda é bastante limitado.
Um exemplo é o BCHI39, lastreado no MSCI China, índice que inclui mais de 700 empresas chinesas de médio e grande porte listadas em todos os mercados dentro e fora do país (A-shares, B shares, H-shares, Red Chips, P chips, e listagens estrangeiras). O BCHI39 paga dividendos aos investidores.
ADRs:
Os American Depositary Receipts funcionam da mesma forma que os BDRs, só que no mercado norte-americano. A vantagem é que lá existe uma disponibilidade muito maior de ADRs de empresas chinesas. É preciso abrir uma conta em uma corretora americana para comprar ADRs.
ETFs:
Os Exchange-Traded Funds são fundos que replicam as variações de um índice e são negociados na bolsa de valores como se fossem uma ação.
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É possível comprar um fundo de índice, como também são chamados, que espelhe um índice chinês tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, onde há mais opções.
Mesmo os ETFs da B3 são expostos ao dólar, isto é, seu retorno, além de ser composto pela oscilação do índice que espelha, varia também conforme a moeda americana.
O Trend China (XINA11), da XP Investimentos, também replica o MSCI China, mas diferentemente do BCHI39, não paga dividendos. Os ETFs montados no Brasil não distribuem proventos.
Fundos de investimentos focados na China:
Existem opções de fundos de investimento no Brasil que aplicam recursos em ações de empresas chinesas.
Um desse fundos é o Acadian China A, da Gama Investimentos. Queima, diretor da Gama, explica que o fundo replica o índice MSCI China A, cuja diferença para o MSCI China está no fato de ele replicar as variações de empresas on-shore, ou seja, apenas aquelas ligadas à economia doméstica chinesa e que estão listadas nas Bolsas de Shangai e de Shenzhen.
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Empresas listadas na Bolsa de Hong Kong e em mercados estrangeiros, como a Bolsa de Nova Iorque, por exemplo, não estão inclusas no índice MSCI China A.
“Eu acho que tem uma China continental que vale muito a pena as pessoas descobrirem, porque está muito mais ligada à economia interna do país, que está saindo do berço exportador para se tornar uma economia de consumo”, opina Queima. “A título de comparação, o MSCI China A (on-shore) teve um ganho cerca de 15% maior do que o MSCH China (off-shore)”, afirma.
Amparo, por outro lado, afirma que nem sempre indica os fundos, por terem taxas altas. Ele diz que é preciso verificar com detalhes os resultados dos últimos anos do gestor daquele fundo, e comparar os resultados com outros índices, com o S&P 500, por exemplo, para se ter certeza de que o investimento vale a pena.
Mas é possível investir direto nas bolsas chinesas?
Além das formas de investir indiretamente no mercado acionário chinês, investidores também podem comprar papéis direto de uma das três bolsas de valores chinesas – a de Shangai, a de Shenzhen e a de Hong Kong. Por ser um pouco mais complexa, essa forma é menos utilizada. Para comprar ações na China é preciso ter um conta em uma corretora internacional – o mais comum é abrir nos Estados Unidos, mas é possível também procurar outros países, até mesmo na China.
Queima alerta, porém, que não é qualquer corretora estrangeira que possui as ações de empresas chinesas disponíveis. Ele explica que as ações da Tencent, maior empresa da China, por exemplo, só são vendidas no mercado de balcão, por isso é preciso procurar uma corretora que faça esse tipo de serviço, pois não é possível comprar via homebroker.
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Para o especialista, tanto a compra direta de ativos chineses, quanto a indireta (por meio dos BDRs, ADRs, ETFs e fundos) são boas opções. A escolha varia do bolso e do apetite do investidor. “Obviamente, quanto menor for o volume, mais caro vai custar mandar dinheiro para fora. Me parece que para valores menores, as soluções locais podem ser mais acessíveis e mais fáceis”, avalia.