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Cielo (CIEL3) tem pior mês e maior queda do IBOV em maio. Risco ou oportunidade?

Ações da companhia recuaram 11% no acumulado do mês por conta, principalmente, do avanço de um forte concorrente

Cielo (CIEL3) tem pior mês e maior queda do IBOV em maio. Risco ou oportunidade?
Imagem mostra maquininha de cobrança de cartão da Cielo. (Foto: Cielo)
  • A baixa performance acontece mesmo diante de um resultado referente ao primeiro trimestre de 2023 positivo
  • Segundo analistas, o recuo das ações está mais relacionado com a perspectiva do setor do que com os fundamentos da companhia

As ações da Cielo (CIEL3) podem conquistar o primeiro lugar do ranking das maiores quedas do Ibovespa deste mês de maio diante da desvalorização de 11,5% no acumulado mensal. Caso esse desempenho se concretize até o fim do pregão desta quarta-feira (31), maio será o pior mês da companhia neste ano. No entanto, a maioria dos analistas segue otimista com o papel e enxerga a atual queda como uma oportunidade de compra para o investidor.

Segundo o analista Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, a desvalorização ocorreu principalmente por causa da perda de market share (participação de mercado) nos últimos anos com a chegada de novos pares ao mercado, como a Stone. Com isso, as margens de lucro tendem a ficar cada vez mais apertadas. “A companhia saiu de um monopólio há anos e encontrou várias concorrentes”, afirma Brasil sobre as dificuldades da companhia.

Veja a performance das ações da Cielo (CIEL3) em 2023

Mês Retorno mensal
Maio -11,5%
Abril 12,5%
Março 1,04%
Fevereiro -4,2%
Janeiro -4,4%
Fonte: Einar Rivero, head comercial do TradeMap

Outro ponto que ajudado na desvalorização das ações é a expectativa do mercado para o início do corte da taxa de juros no Brasil. Com o recuo da inflação nos últimos meses, o mercado já projeta a queda da Selic a partir do segundo semestre. De acordo com dados do Boletim Focus, a expectativa é que, até o fim do ano, a taxa básica de chegue a 12,50% ao ano, o que representa uma redução de 1,25 pontos porcentuais.

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“A Cielo e as seguradoras de um modo geral costumam se beneficiar com a taxa de juros porque parte das suas receitas são atreladas a juros. Então, no momento em que os juros tendem a cair, há uma expectativa de queda em sua receita”, diz Guilherme Ishigami, broker da mesa de renda variável da RJ+ Investimentos.

Resultados positivos em um cenário adverso

Mesmo com as dificuldades no radar, os resultados do primeiro trimestre da líder do setor de pagamento surpreenderam o mercado. A companhia reportou um lucro líquido de R$ 441 milhões durante os meses de janeiro a março. O montante representa um crescimento de 139% ao ano, sendo o sétimo trimestre consecutivo de crescimento de lucro recorrente.

“O valor reportado ficou acima das nossas estimativas em 18% e em 16% acima do consenso de mercado”, disseram os analistas da Genial Investimentos em relatório sobre o balanço do 1T23 da empresa.

Para os próximos meses, as expectativas seguem positivas para a empresa. Isso porque os analistas da Genial acreditam que a companhia apresenta uma tendência mais construtiva de recuperação gradual da rentabilidade, enquanto o cenário competitivo continua mais equilibrado.

“Reiteramos nossa visão mais otimista para o momento em que a Cielo está passando e nossa recomendação de compra das ações com preço alvo de R$ 6,78”, ressaltaram. Ou seja, há um potencial de ganho de 42,1% em comparação a cotação desta terça-feira (30).

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O BTG Pactual também possui recomendação de compra para as ações da Cielo com um preço-alvo de R$ 5,53. A análise do banco se baseia na percepção de que a companhia segue focada na rentabilidade e busca encontrar soluções para diversificar a sua fonte de receita, algo que nenhuma empresa do setor conseguiu fazer.

“Mas, de acordo com os executivos, é impossível perseguir qualquer estratégia sem primeiro atingir a excelência no negócio principal de adquirência”, informou o BTG em relatório divulgado no dia 19 de maio. Já Brasil, da Gava Investimentos, foi o único dos analistas consultados pelo E-Investidor que não avalia a empresa como um bom investimento diante do cenário desafiador do setor com a entrada de novos players de mercado.

“É um mercado que mudou muito. Se o investidor se sentir desconfortável (com as mudanças do setor), deve pensar em vender.  Não acho que a  Cielo seja uma empresa ruim, mas também não acho que seja uma empresa “fantástica” como era há quatro anos”, avalia Brasil.

No pregão desta quarta-feira (30), as ações da Cielo encerraram o pregão com uma queda de 0,63%, cotada a R$ 4,7. O recuo do papel pode refletir o pessimismo de parte do mercado sobre a capacidade da companhia em se tornar cada vez mais rentável com um aumento da concorrência no setor.

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