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Investimentos

Como ajustar a carteira para a queda dos juros como um profissional

Para driblar o chamado efeito manada, investidores precisam ponderar algumas questões. Veja quais

Como ajustar a carteira para a queda dos juros como um profissional
Investidores se deparam com a tentação de rotacionar a carteira
O que este conteúdo fez por você?
  • Renda variável gera momentos de prejuízos que não podem ser desprezados
  • Investidor precisa entender os objetivos da poupança e avaliar riscos
  • Os objetivos contam na hora de montar uma boa carteira de investimentos

Diante de um ciclo de queda de juros, que tende a valorizar ativos de risco como Bolsa, os investidores se deparam com a tentação de rotacionar a carteira. Mas é preciso muita calma nessa hora. O cenário mudou sim, mas o seu perfil de risco provavelmente não.

“Quando isso acontece, todo mundo esquece que é conservador e vai querer entrar na festa, mas é preciso ter bom planejamento”, alerta o sócio da Finacap Investimentos, Alexandre Brito.

Para driblar o chamado efeito manada – viés comportamental mais latente nos investimentos – os investidores precisam ponderar alguns pontos antes de tomar a decisão de trocar seus ativos, adicionando mais risco à sua carteira.

A renda variável… varia! 

Por mais óbvio que seja esta afirmação, muita gente se esquece que o preço dos ativos da Bolsa sobem e descem ao sabor do mercado. Os momentos de prejuízos não podem ser desprezados na decisão de investimento, principalmente para quem tem necessidade de liquidez de curto e médio prazo.

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“Podemos fazer um paralelo com o período de 2018 e 2019, quando o Brasil experimentou um ciclo forte de corte de juros”, lembra o planejador financeiro e especialista em investimentos CFP, Eduardo Carvalho. À época, a Selic caiu de 6% para 2% em poucos meses.

Naquele momento, diz, muita gente passou a fazer alterações importantes em suas carteiras de investimento, migrando forte para fundos multimercados, fundos imobiliários e ações em busca de rentabilidade a qualquer custo. “Pegaram o cenário de pandemia, volatilidade forte e muitas dessas pessoas acabaram realizando no pior momento e tomaram prejuízo”, conta.

Em outras palavras, esses investidores estavam com carteira que não refletia seu perfil de risco, necessidade de liquidez e objetivos. Passaram a ser mais agressivas do que poderiam aguentar, apenas pelo contexto de juros mais baixos e Bolsa mais forte.

Comece devagar

Muito investidor vai sentir a necessidade de correr mais risco ao ver as facilidades da renda fixa minguarem, com o Certificado de Depósito Interbancário (CDI) pagando menos. Por essa razão, é importante começar a experimentar, aos poucos, produtos com maior volatilidade. “Essa é uma questão que tem de ser gradativa”, diz Carvalho.

Para isso, é necessário entender os objetivos da poupança e ponderar se realmente faz sentido tomar mais riscos. “Claro que a diversificação é importante, mas o mais relevante é estar adequado ao seu perfil”, afirma.  Segundo ele, o investidor só passa a entender os seus limites quando sente o calor da volatilidade.

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Para quem está acostumado ao clima morninho da renda fixa, ter uma exposição forte à volatilidade pode virar um banho de água fria. “Esse primeiro contato pode assustar se a exposição for muito grande e pode acabar em prejuízo, pois a tendência é sair no momento errado”.

Defina limites

A conversa com um assessor de investimentos geralmente acontece no ambiente climatizado da corretora, numa conversa regada a cafezinho. Neste conforto fica natural o cliente acreditar que o risco é um conceito distante e que será tranquilo enfrentar uma volatilidade na carteira. “Na prática, quando acontece, a maioria não aguenta”, diz Mario Bobadilha, consultor de investimentos.

Ele diz que, na média, o brasileiro não é investidor, mas rentista acostumado aos bons retornos da renda fixa. “Quem está na renda fixa e nunca passou pela variável, minha sugestão é começar pelo perfil mais conservador”, diz Bobadilha. Isso significa uma carteira exposta a 10% de renda variável. Até 30% o investidor tem um perfil moderado e acima de 50% é considerado arrojado.

“Dentro desses percentuais o cliente pode trabalhar numa folga de cinco pontos porcentuais para mais e para menos e vai testando seus limites”, diz Bobadilha.

Objetivos de investimento mudam

Uma boa carteira de investimentos não vive apenas de rentabilidade e de exposição à volatilidade. Seus objetivos contam. Além da reserva de emergência, aquele dinheiro que precisa estar líquido, ou seja, disponível rapidamente, há outras questões que levam em conta. “Para montar uma carteira precisamos saber onde se quer chegar”, diz Bobadilha. “É aposentadoria? Ou é a compra de um apartamento?”. 

Neste segundo caso, a carteira terá de ser conservadora para não arriscar o capital no curto prazo. Mas um portfólio focado na aposentadoria pode ter mais exposição a risco, pois eventuais perdas são diluídas ao longo do tempo.

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É aí que entra outra variável a ser ponderada, o tempo. “Se o cliente definir que quer uma aposentadoria de R$ 2 milhões, quanto tempo precisará para chegar lá, 15 anos, 18 anos?”, questiona.

Além disso, qual o valor dos aportes mensais serão necessários para chegar ao objetivo no tempo estipulado. E, por fim, qual a estratégia será utilizada. “Um investidor conservador levará mais tempo para chegar em relação a um moderado ou agressivo”, diz.

Aja com inteligência emocional

O bom investidor não age por impulso nem perde as boas oportunidades. O mercado sempre vai oscilar entre momentos de alta e baixa, mas o portfólio de investimentos deve variar de acordo com a necessidade.”O importante é ter bom planejamento, capacidade de alocação e perspectiva de longo prazo”, diz o sócio da Finacap Investimentos, Alexandre Brito.

O momento para experimentar é agora

O movimento de ajuste da Bolsa teve início em março, mas ainda há oportunidades para quem quer experimentar. Este é um bom momento para saber se você é realmente conservador, moderado ou agressivo. “O investidor vai sentindo o impacto ao longo dos meses, porque não vai adiantar daqui a um ano quando ele pode não encontrar ativos atrativos em preço”, diz Eduardo Carvalho.

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