Com a perspectiva de um novo corte de juros pela Comitê de Política Monetária (Copom) em março, o cenário para o Tesouro Direto não fica muito interessante para os investidores. No caso dos títulos pós-fixados, a expectativa é de que a decisão do Copom reduza a sua rentabilidades.
Leia também
Nos títulos pós-fixados a rentabilidade é calculada de acordo com algum índice, como a inflação ou a taxa básica de juros, a Selic. Nesses casos, o investidor sabe que o seu retorno estará atrelado a essas variáveis. Dessa forma, o corte de juros ou a baixa da inflação podem diminuir os rendimentos de títulos públicos vinculados a essas variáveis.
O mês de fevereiro foi visto com entusiasmo para o Tesouro Selic (pós-fixado), com taxa ainda de dois dígitos, de 11,25% ao ano. A analista de renda fixa da Nord Research, Maria Luisa Nepomuceno, considera “atrativa” a rentabilidade desses títulos no momento.
Publicidade
No entanto, a especialista alerta que as reuniões para decidir os rumos da Selic, com perspectiva de reduzir a taxa para 10,75% ao ano, podem influenciar na queda de liquidez dos títulos.
Sharon Halpern, sócia e private banker da Blackbird Investimentos, acrescenta que a curva de juros dos pós-fixados fechou fevereiro perto da estabilidade, com uma pequena inclinação, influenciada principalmente pela ata do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) com tom mais duro, pelas incertezas acerca da dinâmica da economia norte-americana e pelas perspectivas mais positivas para o cenário fiscal doméstico.
Além disso, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que será divulgado em março também deve ser ponto de atenção dos investidores. “Conforme a sazonalidade, o resultado deve apresentar reduções em serviços subjacentes e, consequentemente, pode auxiliar na queda das taxas de juros futuras. O IPCA-15 de fevereiro antecipou a possibilidade deste resultado”, indica Nepomuceno.