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- Durante um terceiro trimestre agitado, os índices de ações superaram suas altas anteriores à pandemia
- Mas foram impulsionados para cima pelos ganhos espetaculares em um punhado de grandes empresas de tecnologia, enquanto os retornos para o restante do mercado foram medíocres
- Alguns estrategistas estão se esquivando das gigantes tecnológicas e buscando oportunidades em segmentos do mercado que ainda não ascenderam de maneira apreciável: empresas menores; as chamadas “value stocks” que se movimentam de acordo com o ciclo econômico
(Conrad de Aenlle/The New York Times) – O mercado financeiro em queda veio e se foi rapidamente, enquanto a pandemia se alastrava, substituído por um mercado em alta que está se mostrando cada vez mais frágil.
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Durante um terceiro trimestre agitado, os índices de ações superaram suas altas anteriores à pandemia. Mas foram impulsionados para cima pelos ganhos espetaculares em um punhado de grandes empresas de tecnologia, enquanto os retornos para o restante do mercado foram medíocres.
Alguns gerentes de carteiras e estrategistas estão se esquivando das gigantes tecnológicas e buscando oportunidades em segmentos do mercado que ainda não ascenderam de maneira apreciável: empresas menores; as chamadas “value stocks” que se movimentam de acordo com o ciclo econômico; e países estrangeiros.
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“Algumas ações que estão voando alto provavelmente serão afetadas, muito afetadas”, disse Komal Sri-Kumar, presidente da empresa Sri-Kumar Global Strategies. “Se você quer começar com calma, veja as ‘value stocks’, que tiveram um desempenho fraco até o presente momento deste ciclo, as ações do índice mais amplo que não subiram muito”.
O declínio que começou em setembro parecia fazer perfeitamente sentido, considerando a situação política e econômica conturbada, e, ao mesmo tempo, ter saído não se sabe de onde. As 500 da S&P, que subiram 8,5% no terceiro trimestre, continuaram registrando novas altas durante o verão, bem como o Índice Nasdaq de alta tecnologia, mas a recuperação estava se tornando mais restrita.
Houve vários dias de transações em que os índices mostraram fortes ganhos enquanto foi maior o número de ações que caíam do que o das que subiam. Isto pode acontecer porque as ações de índices como o das 500 da S&P recebem ponderações com base em seus valores de mercado, e se uma grande ação como Apple ou Amazon sobe, pode levantar o índice como um todo, mesmo que vários outros caiam.
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Um detalhe preocupante, observado por Ron Temple, diretor gerente da Lazard Asset Management, é o fato de que o Nasdaq subiu mais de 20% para o ano, no final de setembro, mas a ação média do índice – a que teve um desempenho melhor do que a metade dos componentes do índices e pior do que a outra metade – caiu 11%.
A debilidade geral – e o escasso vigor das ações de empresas de tecnologia e outras com elevado crescimento, nome dado a companhias que apresentam ganhos flexíveis em uma economia morna – sugere uma verdade desconfortável para os que compraram ações na esperança de vendê-las a um preço mais alto. Apesar de tudo o que se fala a respeito de uma recuperação econômica em V, muitos indicadores que se recuperaram rapidamente desde a queda livre da primavera passada continuam bem abaixo do patamar em que começaram este ano.
A taxa de desemprego, 7,9% em setembro, é superior ao dobro da registrada no início do ano, e os novos pedidos de seguro-desemprego mais de 800 mil todas as semanas, é quatro vezes a taxa anterior à pandemia. Na soma geral, temos 11 milhões de americanos a menos trabalhando do que antes da pandemia.
A incapacidade de os rendimentos dos títulos e outras taxas de juros subirem a partir de patamares historicamente baixos também revela ceticismo quanto a uma recuperação sustentada, e o Federal Reserve (o Banco Central americano) deixou claro, com suas ações e pronunciamentos, que a economia se encontra em uma situação frágil.
“Nós pensamos que os rendimentos dos títulos seriam menores por mais tempo”, disse Luca Paolini, estrategista chefe da Pictet Asset Management. “Agora, eles se manterão mais baixos para sempre”.
Efeitos
Talvez seja um exagero, mas o curso incerto da pandemia – mostrado este mês quando a Casa Branca anunciou que o presidente Donald Trump havia testado positivo para o coronavírus – é uma das razões da perspectiva controlada. Outra é a situação anormal em Washington.
A divergência entre democratas e republicanos no Congresso impediu a aprovação de um acompanhamento do pacote de estímulo de alguns trilhões de dólares, estabelecido logo depois do início da pandemia. Na terça-feira, Trump ordenou aos negociadores da Casa Branca que suspendessem as conversações com os democratas até depois das eleições, sugerindo que nenhum acordo será alcançado a curto prazo, embora aparentemente ele esteja recuando no Twitter. O Fed sugeriu em várias declarações que fez grande parte do que podia fazer, e que será necessária uma nova resposta fiscal para sustentar a economia.
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“A partir de agora, a queda será um pouco mais dura por uma série de razões”, disse Mike Pyle, estrategista chefe de investimentos globais da BlackRock. “Um novo acordo sobre o estímulo fiscal será cada vez menos provável até novembro, e ainda estamos em um ponto em relação ao mercado de trabalho coerente com uma recessão muito grave.”
O Goldman Sachs está aconselhando aos clientes que não tenham grandes expectativas. O banco de investimentos afirmou no mês passado que o estímulo adicional não deverá sair este ano e que andou cortando a sua previsão anual de crescimento econômico, de 6%, para 3%.
Mas com um consenso tão claro de que títulos sensíveis economicamente, conhecidos como cíclicos, significa que a discrepância dos retornos e avaliações entre estes papéis e os títulos com crescimento são responsáveis pela atual fraqueza econômica e por uma debilidade maior no futuro.
James Paulsen, estrategista chefe na área de investimentos do Leuthold Group, disse que os títulos cíclicos há muito costumam superar o desempenho no primeiro estágio de uma recuperação, e em uma nota aos investidores, afirmou que uma está próxima.
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Ele destacou que descobriu um indicador que engloba instrumentos de política fiscal e monetária e pode assinalar a saída da recessão com um atraso de cerca de um ano. O indicador subiu bruscamente em junho, para um patamar mais alto do que em todas as recessões anteriores desde 1960, indicando uma saída da recessão por volta de junho de 2021.
“Consequentemente, as companhias economicamente mais sensíveis (que abrangem a maior parte do mercado de ações) podem atualmente estar posicionadas com a maior alavancagem do lucro positivo do pós-guerra, um pouco antes de um boom econômico talvez próximo em 2021”, escreveu Paulsen.
Alguns investidores atrasados pelos preços elevados das gigantes de tecnologia procuram ações de tecnologia menores mais baratas e que têm mais espaço para crescer.
“Se todos estão apontando para alguma coisa, é a constatação de que é muito difícil obter retornos consideráveis”, afirmou Kevin Landis, diretor de investimentos da Firsthand Funds, que administra carteiras de ações de tecnologia negociadas em bolsa e em particular. “Estou tentando pensar na última vez em que era fácil ganhar dinheiro comprando a coisa óbvia.”
Ele está comprando ações como Roku, uma distribuidora de entretenimento em streaming que constitui uma alternativa menos óbvia à Netflix e cujo crescimento, como no caso da Netflix, foi acelerado pela pandemia.
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Outro investimento em carteira que teve a ajuda da pandemia é o na Chegg, provedora de serviços de educação e de livros de texto on-line, que Landis espera venha a beneficiar-se de uma nova ênfase na “concessão de autonomia aos estudantes” .
“A reinvenção da educação está na sua infância”, afirmou. “Estas pessoas estão diante deste fato”.
Outros gestores de fundos estão buscando ações que abrangem as características do que é moda e do que saiu de moda. Temple, da Lazard, um dos principais gestores do fundo Vanguard Windsor II, gosta das companhias para as quais a tecnologia é um elemento crucial, mas que operam em setores em que o desempenho baixou, como energia, serviços financeiros e saúde. / Tradução de Anna Capovilla