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- PIB fica dentro da expectativa e pode indicar desaceleração
- Dados do IBGE não devem gerar grandes mudanças para os investidores
- A relação do desempenho de setores econômicos no indicador e desempenho das empresas nem sempre é tão direta
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (2) o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no quarto trimestre do ano passado. Com o resultado, o País fechou 2022 com um crescimento de 2,9%, apesar da desaceleração de 0,2% no último trimestre do ano passado. Mesmo sendo um importante indicador macroeconômico, investidores não devem fazer conexões diretas entre o PIB e o rumo de suas aplicações.
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No caso deste ano, a divulgação do PIB não traz grandes informações adicionais para os investidores mudarem de ideia, explica o economista chefe da Ágora, Dalton Gardimam. “É sempre bom o investidor ter em mente que o PIB é uma fotografia da economia no passado”, explica.
Ainda assim, os números do PIB podem indicar uma tendência. Segundo Gardimam, a desaceleração observada pode indicar que os primeiros trimestres de 2023 tenham números negativos ou próximos a zero na produção.
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“O mercado pode olhar o lado da atividade e concluir que o resultado foi ruim e pode também olhar para o fato de que isso poderia propiciar uma queda de juros já para o calendário 2023”, afirma. Desde meados de 2021, a taxa Selic vêm aumentou mensalmente, até se estabilizar em 13,75% em agosto de 2022.
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Como o PIB impacta os investimentos
Segundo Gardimam, o PIB é um número difícil de se calcular — não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. “Tem um passo longo que não é mecânico em dizer que ‘o PIB foi bom, então é bom para a Bolsa’. Esse passo eu não aconselho a nenhum investidor a dar”, diz Gardimam.
Os dados macroeconômicos não refletem necessariamente o desempenho das ações das empresas — fatores relacionados ao próprio negócio podem impactar mais os papéis do que o desempenho da produção demonstrado no indicador.
Olhar o PIB pela ótica da oferta, ou seja, de quanto o País produziu, pode levar a imprecisões nas avaliações, explica o economista André Perfeito. Quedas no desempenho de um setor não significam necessariamente que ele esteja em um momento ruim.
Além disso, a associação direta pode ignorar alguns fatores. Um queda no PIB pode ser causada pelo aumento da demanda que leve a um crescimento também das importações, exemplifica o economista.
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Para Perfeito, uma leitura a se fazer é a da perspectiva da demanda. Isso porque esse é um dado calculado com base no consumo das famílias. Um aumento no consumo pode indicar melhor desempenho da economia de forma geral.
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Mas nem sempre apenas os dados divulgados pelo IBGE são consultados e avaliados pelo mercado. Outra informação que pode gerar dúvidas são as previsões do PIB, como a publicada pelo Boletim Focus, do Banco Central. Para Perfeito, a leitura desse dado também deve ser cautelosa, porque essas previsões costumam errar, justamente pela dificuldade de calcular o indicador.
No entanto, esse tipo de informação pode ser visto como um sentimento do mercado. “Uma previsão ruim para o PIB do próximo ano pode indicar um bom momento de compra, já que o mercado está pessimista”, indica Perfeito.