O que este conteúdo fez por você?
- Reforma tributária aprovada na Câmara se junta à aprovação do arcabouço e redução da inflação como elementos que melhoram a expectativa para taxa de juros futura
- O mercado já precificou em boa medida a curva longa de juros, levando a valorização dos títulos de renda fixa
- Cenário hoje é mais apertado para quem deseja entrar nos títulos, com menores prêmios
O efeito da reforma tributária sobre investimentos ainda é debatido. Na esteira de outros eventos, como a definição do arcabouço fiscal e a inflação menor do que a expectativa, pode-se afirmar que ela teve impacto na expectativa de juros no País e, por consequência, no comportamento dos títulos de renda fixa.
“A taxa de juros caiu bastante desde que o arcabouço fiscal foi aprovado, a reforma tributária começou a entrar em pauta, o IPCA começou a vir abaixo das expectativas. Tudo isso favoreceu o ambiente de renda fixa, permitindo que os juros caíssem no longo prazo. Diminui-se o risco fiscal, o risco País, as incerteza. O mercado como um todo acaba ficando mais otimista”, explica Vinicius Romano, head de renda fixa na Suno Research.
Para se ter ideia, o vértice do DI Futuro (indicador de expectativa dos juros futuros) caiu 11% para janeiro de 2025, 16,54% para 2027 e 17,45% para 2031. “O mercado sempre tenta antecipar os movimentos através de suas projeções. Desta forma, quando o congresso reúne maioria para votar e aprovar as reformas, o mercado já se movimentou”, aponta Renan Suehasu, planejador financeiro e sócio da A7 Capital.
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Isoladamente aos demais fatores, a reforma leva a uma leitura de que à médio e longo prazo os gastos com tributação possam diminuir, levando a uma melhor dinâmica inflacionária e um crescimento econômico mais saudável. “Ela tende a trazer uma dinâmica mais benéfica para a inflação e também para a curva de juros”, diz Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed.
Essa dinâmica tem dois sentidos: uma redução na expectativa de juros afeta a rentabilidade de um ativo que esteja associado a ela. Por outro lado, aumenta o preço dos ativos de renda fixa.
O futuro dos títulos de renda fixa
Diante deste cenário, títulos como os prefixados e os atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) estão com uma janela de oportunidade bem curta. O movimento de queda na curva futura de juros deve se desacelerar, diminuindo o prêmio. Também fica mais complicado ter um ganho de marcação a mercado, ou seja, vendendo o título antes do seu vencimento para conseguir lucro.
Ricardo Jorge acredita que, para aqueles que possuem horizonte de investimento, seja importante montar uma estratégia na renda fixa para carregar os títulos até o vencimento, já que a possibilidade de ganho potencial é menor com a queda dos juros.
“Para esse momento, a minha recomendação seria tentar ativos prefixados de médio prazo, mas garimpar nos emissores, se o investidor tiver uma assessoria financeira, olhar para títulos prefixados de boa qualidade, com um bom rating, e aceitar que agora o mercado pode ter mudado de patamar. Tem pouco prêmio para ser capturado”, aponta Jorge.
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Na leitura de Vinicius Romano, o Tesouro Selic não é tão impactado por ser um título procurado, normalmente, para caixa com liquidez, para quem deseja fazer uma reserva de emergência, por exemplo. Além do mais, a taxa de juros mais baixa projetada segue sendo atrativa para esse fim.
Segundo Romano, o IPCA+ é um título com uma boa simetria entre risco e retorno. Apesar do ganho real do título, a parte não atrelada ao IPCA, ter diminuído do começo do ano até aqui — o IPCA+ 2029, por exemplo, chegou a pagar um prêmio próximo superior a 6% e hoje paga próximo a 5% —, o especialista considera que o retorno ainda é interessante.