

Após o fim da sua primeira reunião de 2021, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), decidiu manter novamente a Selic em 2% ao ano. A manutenção da taxa de juros foi unânime e ocorreu em linha com as expectativas do mercado.
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Após o fim da sua primeira reunião de 2021, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), decidiu manter novamente a Selic em 2% ao ano. A manutenção da taxa de juros foi unânime e ocorreu em linha com as expectativas do mercado.
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Essa é a quarta reunião seguida em que o Copom opta por manter a Selic em seu piso histórico. A última mudança aconteceu no dia 17 de junho de 2020, quando a taxa foi reduzida de 2,25% para o patamar atual.
Segundo especialistas consultados pelo E-Investidor, a decisão acontece porque ainda há necessidade de estimular a economia e a inflação ainda se encontra em níveis controláveis.
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“Os riscos da inflação continuam ancorados abaixo da meta para 2021, o que permite que o BC mantenha a taxa de juros em 2% a.a pelos próximos meses, até a consolidação do cenário de recuperação da atividade”, diz Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.
A principal função da Selic é servir como um instrumento para o Banco Central controlar a inflação no País. Quando é necessário estimular o consumo da população, a taxa é rebaixada para aliviar o bolso do consumidor na hora de fazer um empréstimo ou financiamento, por exemplo.
Por outro lado, quando existe a necessidade de fazer os brasileiros consumirem menos, a Selic sobe. A compra de um veículo é um boa maneira de constatar como o sobe e desce da taxa de juros afeta o nosso dia a dia.
Quando o BC aumenta a taxa, as parcelas de um financiamento do carro no banco ficam mais caras e a projeção do seu gasto inicial pode ir por água abaixo. Ou seja, a pessoa pode repensar a compra e evitar o consumo naquele momento.
É dessa forma, portanto, que o BC consegue manter a inflação no patamar desejado – todos os anos, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta para a inflação.
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Vale lembrar que a taxa também tem influência direta nos investimentos de renda fixa, já que a Selic é usada como referência para calcular a remuneração das aplicações. Portanto, quanto mais baixa a taxa, menor são os ganhos e vice-versa.
Dessa forma, com a taxa em seu piso histórico de 2%, o rendimento de investimentos como Tesouro Selic, Poupança, CDBs e LCIs/LCAs terão ganhos limitados.
Em um cenário onde os juros continuem abaixo da média histórica, o investidor deve estar ciente de que a rentabilidade dos investimentos em renda fixa será baixa ou até mesmo negativa. A inflação projetada para 2021 é de 3,43%, segundo o último boletim Focus.
Aplicações como a poupança, que rende 70% da Selic + Taxa Referencial (que está zerada), terá um retorno real negativo, pois fica abaixo da inflação – isso significa que você perde dinheiro!
Em termos práticos, com a Selic a 2%, R$ 1 mil na poupança renderá 1,4% no ano e o valor final será de R$ 1.014 mil no final do período. Porém, o mesmo valor investido e já ajustado pela inflação de 3,43% será R$ 1.034,43. O poder de compra do investidor, portanto, cai, em vez de gerar rendimentos mais robustos.
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“A renda fixa e a Taxa Selic não vão dar dinheiro neste ano. Elas servem apenas para a reserva de emergência”, afirma João Guilherme Penteado, CEO da Apollo Investimentos.
Os especialistas afirmam que para garantir um retorno mais atrativo, o investidor deve apostar na diversificação e correr mais riscos. “No cenário de juros reais menores e expectativa maior de crescimento da economia, as bolsas podem ser favorecidas”, pontua Rafaela Vitória, do Inter.
Antes de colocar todas as fichas na Bolsa de Valores, no entanto, a pessoa deve entender mais sobre a renda variável para saber se a estratégia está de acordo com seu perfil de risco. “Um bom caminho é começar com investimentos em fundos multimercados e imobiliários (FIIs)”, diz Penteado.
Mesmo que o cenário atual sustente a Selic a 2% a.a, os especialistas acreditam que já para a próxima reunião, daqui a 45 dias, a taxa deve começar um movimento gradual de alta que deve perpetuar até o final de 2021. “O comunicado do Copom, que acompanha a decisão, indica o abandono do forward guidance atual”, afirma Ricardo França, analista de research da Ágora Investimentos.
Isso acontece porque o afrouxamento da política monetária do País já estimulou a retomada da economia com uma certa força e, por mais que a inflação tenha sido controlada em 2020, ela voltou a pressionar o mercado no final do ano. “No nível atual de atividade econômica e para conter o descontrole da inflação, faz sentido e é sustentável um ajuste para cima da taxa”, comenta França.
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De acordo com o último Boletim Focus, a expectativa é de que a Selic encerre 2021 em 3,25% a.a. “No fim do ciclo de normalização da taxa, ainda teremos uma Selic bem abaixo do nível histórico no Brasil”, diz Vitória, do Inter.
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