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- Considerando a inflação projetada pelo BC, rendimento real da poupança será negativo em 0,23% em um ano
- Especialistas comentam quais investimentos servem como alternativa para a caderneta
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve a Selic em 2% ao ano. Depois da redução de 0,25 ponto percentual na última reunião, realizada no início de agosto, desta vez o Copom decidiu interromper a sequência de cortes. Além de ser a base para empréstimos e financiamentos, a taxa básica de juros brasileira também define a rentabilidade de diversos investimentos a ela atrelados, como é o caso da poupança.
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Neste cenário, o rendimento com a aplicação mais popular do País ficou ainda pior, afundando-se de vez no território negativo. Isso porque, com a taxa igual ou abaixo de 8,5% ao ano, a poupança devolve o valor investido mais 70% da taxa Selic, somado à Taxa de Referência (TR), que está zerada. Com isso, o atual retorno anual é de apenas de 1,40% a.a., sem descontar a inflação.
Para calcular o rendimento real, deve-se subtrair do ganho o IPCA do período. Como a projeção para a inflação em 2020 é de 1,63%, segundo o último Boletim Focus do Banco Central, o investidor perde 0,23 ponto percentual em poder de compra deixando o dinheiro na poupança.
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Para exemplificar, quem aplicar, hoje, R$ 100 terá na conta R$ 101,40 daqui a 12 meses. Porém, com o desconto da inflação, o saldo real a valores presentes será de R$ 99,77. Ou ainda: quem coloca R$ 5 mil na caderneta, recebe R$ 5.070 após um ano, mas na verdade está perdendo R$ 11,50 devido ao IPCA.
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De acordo com o BC, o saldo da poupança encerrou o mês de julho positivo em R$ 967.721.746 bilhões. Ou seja, quase R$ 1 trilhão que estão investidos têm rentabilidade menor que a inflação.
Vale lembrar que a inflação ainda está bem abaixo do centro da meta de 4%, valor definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2020, com um intervalo de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.
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Dessa forma, se o IPCA subir nos próximos meses, o retorno da aplicação fica ainda mais negativo. “É hora de sair da poupança”, diz Cynthia Trisuzzi, analista de produtos da Ágora Investimentos.
Cálculo não deve ser alterado
Segundo especialistas, mesmo a poupança apresentando retorno real negativo, seu cálculo não deve ser alterado. Cynthia aponta que o mercado chegou a especular a alteração da conta para 70% da Selic + IPCA, porém a ideia não foi levada adiante. “Não há nenhuma previsão para mudar e tornar a poupança mais vantajosa”, diz a analista da Ágora.
“As prioridades do momento estão em torno da pandemia e das reformas. Então, não há interesse e tempo para mudar a poupança mesmo com o rendimento real negativo”, afirma Claudia Yoshinaga, coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV EAESP.
Cynthia pede que os brasileiros que deixam o dinheiro na poupança tomem consciência o quanto antes para não verem seu poder de compra corroído. “O cenário econômico não é favorável e ninguém pode ficar perdendo dinheiro”, afirma a analista da Ágora.
Nesse cenário, Claudia orienta os investidores a procurarem outros investimentos. “Fica como lição que é função do investidor buscar melhores alternativas”, diz.
Onde investir?
Bruno Mori, planejador financeiro CFP pela Planejar, diz que o dinheiro alocado na poupança deve ser utilizado como reserva de emergência. “Tem que ter disponibilidade e risco baixo”, diz ele.
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Assim, os produtos indicados para substituir a poupança são os CDBs de liquidez diária, fundos de investimentos de renda fixa e títulos públicos ligados a inflação. “Como alternativa para o investidor que está acostumado com a poupança, essas aplicações são opções com o rendimento melhor e com segurança e liquidez iguais”, afirma Mori.
Em relação aos CDBs, Cynthia ressalta que qualquer um que tenha rentabilidade superior a 91% do CDI já tem retorno melhor que a poupança. “A única diferença é que nele é cobrado Imposto de Renda e a Poupança não. Porém a rentabilidade dele é maior e acaba compensando”, diz a analista da Ágora.
Já em relação aos fundos, Mori destaca que é muito importante o investidor ficar atendo às taxas de administração. Se forem muito altas, os ganhos podem ser praticamente zerados. Por isso, é importante sempre buscar taxas menores do que 1%. “Os ganhos não são muito grandes, pois nesse caso o objetivo é ter liquidez, e não rentabilidade”, diz o planejador financeiro.
Já em relação aos títulos públicos atrelados à inflação, a coordenadora da FGV ressalta que o volatilidade é um pouco maior. Porém, os ativos são um boa maneira de ter rentabilidade acima da inflação. “São bem atrativos, pois pagam o IPCA mais uma taxa pré-fixada”, diz Claudia.
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