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- Por exercer atividade de administração profissional de carteira de valores mobiliários sem prévia autorização da CVM, Vinicius Machado foi condenado a pagar multa de R$ 460 mil
- "Cometi um erro grave e nosso mais novo robô - que opera índice e dolar - causou uma perda gigantesca em nossa conta. Sendo mais preciso, praticamente quebramos na tarde de hoje”, afirmou Machado, em e-mail aos investidores
- As operações eram realizadas na conta do programador e de seus familiares, como explica a diretora e relatora Flávia Perlingeiro
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) condenou o programador Vinicius de Azevedo Machado a pagar multa de R$ 460 mil por exercer atividade de administração profissional de carteira de valores mobiliários sem prévia autorização da instituição. A denúncia foi feita por um grupo de 26 investidores, que participava de um “Clube de investimento” liderado por Machado, após ele relatar erro que causou perda de cerca de 95% do patrimônio dos participantes.
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“Este é certamente o momento mais difícil até aqui e, da mesma forma, agirei com a mesma honestidade com todos vocês. Cometi um erro grave e nosso mais novo robô – que opera índice e dólar – causou uma perda gigantesca em nossa conta. Sendo mais preciso, praticamente quebramos na tarde de hoje”, afirmou Machado em e-mail enviado aos investidores.
O condenado era responsável pelo “Projeto Gaia”, que consistia na reunião de recursos de investidores para operar em Bolsa por meio de robôs. No entanto, as operações eram realizadas na conta do programador e de seus familiares, como explica a diretora e relatora Flávia Perlingeiro.
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No recado enviado aos clientes, Machado afirma que a interrupção das operações aconteceu “por algum bug que não tive tempo ainda de entender”, disse. Todo o diálogo entre o líder e as vítimas foi realizado por meio de aplicativos de mensagem instantânea e e-mail.
Machado afirmou que, por ser programador, aprendeu a desenvolver robôs para operar de forma automática na Bolsa de Valores. Mesmo com a “expertise” no currículo, o relatório aponta a posição do líder em não ter convidado participantes. Segundo Machado, aqueles que entravam no projeto estavam cientes dos riscos de perda financeira.
Investigação
De acordo com o relatório da CVM, apesar da referência ao apelido de “Clube de investimentos” dado ao chamado “Projeto Gaia”, a atuação do acusado não tinha respaldo na regulamentação própria dos clubes de investimento editada pela CVM, o que foge das possibilidades regulatórias aplicáveis. O processo foi instaurado pela Superintendência de Supervisão de Investidores Institucionais (SIN).
O grupo enviou comprovantes de depósitos bancários para a conta de Machado que somavam R$ 1,5 milhões. Na investigação, o acusado revelou que o valor total de aportes recebidos foi de R$ 2,5 milhões, quase o dobro do que foi comprovado pelos investidores. Toda a movimentação do “Projeto” até às denúncias foram feitas entre 2017 e 2018.
De acordo com o texto, apesar de não ter sido constatado algum documento especificando o valor da remuneração pela gestão, em um dos papéis de prestação de conta apontava uma taxa de performance de 6% do lucro sobre o que exceder o CDI.
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“Ressalte-se que os ganhos informados pelos denunciantes, embora fossem superiores à média de rentabilidade dos bancos tradicionais, não chegavam a constituir lucros inimagináveis, o que poderia inclusive gerar desconfiança quanto à credibilidade do grupo”, diz o relatório.
Para especialistas do mercado financeiro, é essencial que investidores busquem sinais vermelhos desde o início do contato com serviços e profissionais. Entre os cuidados: nunca enviar dinheiro com objetivo de investimento para uma conta de terceiros.
*Colaborou Jenne Andrade