- Ter uma carteira diversa ajuda o investidor a driblar os riscos de taxa de juros e inflação
- A diversificação pode acontecer pela mistura de emissores, indexação e prazos
- Apostar em títulos de crédito privado pode ser perigoso no cenário atual
Sem grandes surpresas, o mercado financeiro decidiu fazer um novo corte na taxa básica de juros da economia (Selic) de 3,25% para 3% – o menor nível da história. Como a redução impacta nas aplicações de renda fixa, o investidor pode ter mais dificuldade para garantir retornos atrativos nos investimentos conservadores, o que torna a diversificação ainda mais importante neste momento.
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Na prática, se trata daquela velha história de distribuir os “ovos” em várias cestas para que se uma delas cair, você não perca todos.
Para os especialistas ouvidos pelo E-Investidor, diversificar em renda fixa significa misturar emissores de títulos, indexação e prazos. E não faltam opções. O governo, por exemplo, é responsável por emitir os títulos públicos, como o Tesouro Selic, Tesouro Pré-fixado e Tesouro IPCA.
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Já as empresas emitem títulos de crédito privado, conhecidos como debêntures, e os bancos disponibilizam produtos como os Certificados de Depósitos Bancários (CDBs), Letras de Crédito Imobiliários (LCIs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), entre outros.
Conforme o emissor do título, o investidor de renda fixa vai ter mais, ou menos, risco. “Os títulos públicos emitidos pelo governo são os mais seguros, seguido pelos CDBs dos bancos e, por último, as debêntures, que são títulos de dívida”, diz Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos. “Se a empresa que emitiu a debênture quebrar, o credor pode não reaver o dinheiro. Eles prometem taxas maiores porque o risco também é mais alto”, completou.
De acordo com Panonko, o momento econômico torna desaconselhável o investimento em debêntures. “A incerteza do mercado é muito grande. Se o investidor quer se aventurar em títulos de dívida, precisa conhecer a classificação de risco daquela empresa que vai se tornar credor”, diz.
A segunda forma de diversificação, pela indexação, refere-se aos títulos prefixados o u pós-fixados. No caso dos papeis prefixados o investidor ganha uma taxa fixa ao ano, e quanto maior o prazo de vencimento, maior o rendimento. Nos pós-fixados a rentabilidade é baseada na taxa de inflação (IPCA), na taxa básica de juros, ou na taxa em que os bancos fazem empréstimos entre si (CDI), que é bem próxima à SELIC.
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Em termos prático, pense que você adquiriu um CDB que paga 50% do CDI em 2017. Se naquele ano o CDI fosse de 10%, o papel renderia 5%. Em relação aos títulos públicos e privados indexados à Selic ou IPCA, normalmente uma parte do rendimento é fixo. Por exemplo, você pode encontrar papéis do Tesouro que valem 0,03%+Selic ou 4,21%+IPCA – os famosos “Tesouro IPCA” e “Tesouro Selic”.
Como investir no cenário de juros baixos?
“Hoje, a taxa básica de juros está a 3%, o que significa que os títulos atrelados ao CDI ou SELIC estão rendendo menos. Mas, quem também tem títulos prefixados de longo prazo na carteira, por exemplo, consegue rendimento de até 8% ao ano”, explicou Alexandre Marques, gerente de produtos de renda fixa da Ágora Investimentos.
Dessa forma, ter uma carteira com aplicações diversas em renda fixa protege o investidor de riscos de taxas de juros e inflação, e possibilita uma rentabilidade melhor do que ter um único ativo. O gerente da Ágora também destaca os títulos isentos de imposto de renda que podem ter uma boa rentabilidade em cenário de juros baixos. “É o caso das LCIs e LCAs”, disse.
A última forma de diversificação de ativos de renda fixa, pelos prazos, leva em conta os riscos de liquidez. Investimentos pré-fixados de longo prazo, por exemplo, são mais travados, isso significa que se o investidor precisar do dinheiro vai ser mais difícil para tirar. “Por isso é importante ter uma reserva de emergência nos juros pós-fixados, como o Tesouro SELIC”, explicou Panonko, da Toro Investimentos.
Marília Fontes, analista de renda fixa da Nord Research, resume a diversificação da carteira em renda fixa como a possibilidade de ter o melhor indexador, no melhor momento econômico. A especialista também ressalta que é importante atualizar a diversificação da carteira de tempos em tempos, principalmente se o investidor está no crédito privado. “É uma análise de riscos contínua”, explicou.
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