Criado em parceria do Nubank com a B3 (bolsa de valores brasileira), o Índice Ibovespa Smart Dividendos B3 reúne as melhores pagadoras de dividendos que fazem parte do Ibovespa, mas com um olhar histórico de pelo menos seis anos de remuneração e recorrência no pagamento de proventos.
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Isso faz com que o índice seja mais concentrado, mas também apresente empresas com boa qualidade na hora de falar de dividendos, segundo analistas. O índice está composto por 21 empresas.
Mas, afinal, como gerar uma renda de R$ 3 mil por mês com dividendos das empresas que compõem o Ibovespa Smart Dividendos B3? Fábio Sobreira, sócio e analista da Rocha Opções de Investimentos, fez algumas simulações para o E-investidor.
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Na primeira simulação, Sobreira apresenta o patrimônio necessário para conquistar esta renda mensal com dividendos e o tempo que isso levaria se o investidor fizesse aportes de R$ 500 todo mês com reinvestimento dos proventos recebidos.
Neste caso, por exemplo, na Taesa (TAEE11) o investidor precisaria de um patrimônio de R$ 350.877 para conquistar a renda mensal de R$ 3 mil. Se ele não tiver este montante e precisar começar do zero, levaria 19 anos e 6 meses, caso invista R$ 500 todo mês religiosamente e reinvista todos os proventos recebidos.
O tempo de investimento tende a diminuir se o investidor aumentar o valor do aporte, para R$ 1 mil por exemplo. Neste caso, considerando o aporte mensal de R$ 1 mil e que ele reinvista todos os proventos recebidos no período, conquistaria o patrimônio desejado em 13 anos e 10 meses.
Confira abaixo as simulações:
Com aportes de R$ 500 todo mês:
Ação | Mediana de dividend yield 5 anos | Patrimônio necessário para renda mensal de R$ 3 mil com dividendos | Tempo necessário com aportes de R$ 500/mês e reinvestimento dos proventos |
Petrobras (PETR4) | 22,16% | R$ 162.455 | 9 anos e 4 meses |
Bradespar (BRAP4) | 13,24% | R$ 271.903 | 15 anos e 3 meses |
CSN Mineração (CMIN3) | 12,50% | R$ 288.000 | 16 anos e 2 meses |
Metalúrgica Gerdau (GOAU4) | 11,30% | R$ 318.584 | 17 anos e 9 meses |
Cemig (CMIG4) | 10,99% | R$ 327.570 | 18 anos e 3 meses |
Vale (VALE3) | 10,36% | R$ 347.490 | 19 anos e 4 meses |
Taesa (TAEE11) | 10,26% | R$ 350.877 | 19 anos e 6 meses |
CPFL Energia (CPFE3) | 10,02% | R$ 359.281 | 20 anos |
Banco do Brasil (BBAS3) | 9,38% | R$ 383.795 | 21 anos e 4 meses |
BB Seguridade (BBSE3) | 8,39% | R$ 429.082 | 23 anos e 9 meses |
Isa Cteep (TRPL4) | 7,38% | R$ 487.805 | 26 anos e 11 meses |
Copel (CPLE6) | 6,90% | R$ 521.739 | 28 anos e 9 meses |
Itaúsa (ITSA4) | 6,69% | R$ 538.117 | 29 anos e 8 meses |
Telefônica Brasil (VIVT3) | 6,03% | R$ 597.015 | 32 anos e 10 meses |
CSN (CSNA3) | 5,81% | R$ 619.621 | 34 anos e 1 mês |
Santander (SANB11) | 5,78% | R$ 622.837 | 34 anos e 3 meses |
Engie (EGIE3) | 5,76% | R$ 625.000 | 34 anos e 4 meses |
Gerdau (GGBR4) | 5,09% | R$ 707.269 | 38 anos e 10 meses |
Cielo (CIEL3) | 4,58% | R$ 786.026 | 43 anos e 1 mês |
Vibra (VBBR3) | 4,54% | R$ 792.951 | 43 anos e 5 meses |
Cyrela (CYRE3) | 4,49% | R$ 801.782 | 43 anos e 11 meses |
Fonte: Fábio Sobreira/Rocha Opções de Investimentos com dados da Elos Ayta Consultoria
**Levantamento considera apenas os dividendos e não leva em conta a valorização das ações ao longo do tempo
Com aportes de R$ 1 mil todo mês:
Ação | Mediana de dividend yield 5 anos | Patrimônio necessário para renda mensal de R$ 3 mil com dividendos | Tempo necessário com aportes de R$ 1000/mês e reinvestimento dos proventos |
Petrobras (PETR4) | 22,16% | R$ 162.455 | 6 anos e 7 meses |
Bradespar (BRAP4) | 13,24% | R$ 271.903 | 10 anos e 10 meses |
CSN Mineração (CMIN3) | 12,50% | R$ 288.000 | 11 anos e 5 meses |
Metalúrgica Gerdau (GOAU4) | 11,30% | R$ 318.584 | 12 anos e 7 meses |
Cemig (CMIG4) | 10,99% | R$ 327.570 | 12 anos e 11 meses |
Vale (VALE3) | 10,36% | R$ 347.490 | 13 anos e 9 meses |
Taesa (TAEE11) | 10,26% | R$ 350.877 | 13 anos e 10 meses |
CPFL Energia (CPFE3) | 10,02% | R$ 359.281 | 14 anos e 2 meses |
Banco do Brasil (BBAS3) | 9,38% | R$ 383.795 | 15 anos e 1 mês |
BB Seguridade (BBSE3) | 8,39% | R$ 429.082 | 16 anos e 10 meses |
Isa Cteep (TRPL4) | 7,38% | R$ 487.805 | 19 anos e 1 mês |
Copel (CPLE6) | 6,90% | R$ 521.739 | 20 anos e 5 meses |
Itaúsa (ITSA4) | 6,69% | R$ 538.117 | 21 anos e 1 mês |
Telefônica Brasil (VIVT3) | 6,03% | R$ 597.015 | 23 anos e 4 meses |
CSN (CSNA3) | 5,81% | R$ 619.621 | 24 anos e 2 meses |
Santander (SANB11) | 5,78% | R$ 622.837 | 24 anos e 4 meses |
Engie (EGIE3) | 5,76% | R$ 625.000 | 24 anos e 5 meses |
Gerdau (GGBR4) | 5,09% | R$ 707.269 | 27 anos e 7 meses |
Cielo (CIEL3) | 4,58% | R$ 786.026 | 30 anos e 7 meses |
Vibra (VBBR3) | 4,54% | R$ 792.951 | 30 anos e 11 meses |
Cyrela (CYRE3) | 4,49% | R$ 801.782 | 31 anos e 3 meses |
Fonte: Fábio Sobreira/Rocha Opções de Investimentos com dados da Elos Ayta Consultoria
**Levantamento considera apenas os dividendos e não leva em conta a valorização das ações ao longo do tempo
As mais recomendadas pelos analistas
Vale (VALE3)
Atualmente, entre as ações mais indicadas pelos analistas para dividendos está a Vale (VALE3), que é uma das maiores mineradoras do mundo e produtora de menor custo de minério de ferro.
Segundo Ruy Hungria, analista da Empiricus Research, o baixo custo de produção permite que a companhia seja competitiva mesmo em cenários em que o preço do minério de ferro esteja em queda e em que o mercado tenha dúvidas sobre a recuperação da economia chinesa, maior consumidora de minério do mundo.
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A Vale tem um sólido histórico de geração de caixa e baixo endividamento. Sua alavancagem é menor do que 0,5 vezes o seu Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). Além disso, a companhia não precisa crescer ou fazer fortes investimentos no momento e, portanto, consegue distribuir bons dividendos aos acionistas, destaca Victor Bueno, sócio e analista da Nord Research.
Para Bueno, a geração de caixa e os dividendos acabam não sendo tão impactados pela queda do preço do minério de ferro. Segundo o analista, quem sofre os impactos são as ações, que estão irracionalmente descontadas.
“Vemos que as ações estão cotadas a preços que realmente não fazem sentido. Os papéis negociam perto de 4 vezes o seu Ebitda. Pela média histórica da bolsa, os múltiplos já chegaram a ser o dobro do que negociam hoje”, observa Bueno.
Segundo o analista da Nord, as condições de preço estão bastante favoráveis para a compra de VALE3. A empresa gera muito caixa, possui boa estrutura de capital e distribui dividendos duas vezes ao ano, em março e setembro. “Acreditamos que estamos comprando uma empresa com bom rendimento”, diz Bueno.
O analista projeta um dividend yield (retorno em proventos) de 10% para VALE3 nos próximos 12 meses.
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Hungria, da Empiricus, aponta que a queda no preço da ação vem elevando o dividend yield da Vale, que na visão dele deve ficar em 9% para 2024 e 2025. Ele também concorda que, neste momento, existe uma boa oportunidade para comprar as ações da Vale com certa margem de segurança e desconto.
Telefônica Brasil (VIVT3)
Todo mundo precisa de internet e telefone em casa e é justamente o serviço essencial que a Telefônica Brasil (VIVT3) fornece. Isso faz com que a empresa tenha receitas muito previsíveis.
O setor de telecomunicações também possui muitas barreiras de entrada. Não é fácil chegar e criar uma nova companhia telefônica. Desta forma, existe um oligopólio entre empresas como Telefônica, Tim (TIMS3), Oi (OIBR3) e Claro, aponta Renato Reis, analista da Blue3 Research.
“São empresas que existiram nos últimos 20 anos e vão continuar existindo daqui para a frente”, diz Reis. No segmento de internet, ele cita que a Telefônica é o grande destaque.
A estabilidade do setor faz com que os dividendos também variem pouco de um ano para outro, na visão de Reis. O analista projeta um dividend yield entre 7% e 8% para VIVT3 nos próximos 12 meses.
Hungria, da Empiricus, lembra que a Telefônica segue expandindo no segmento de internet fibra ótica, uma oportunidade importante para a empresa.
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O analista destaca que após alguns anos de investimentos elevados, por conta da aquisição dos ativos da Oi e leilões de 5G, a empresa agora está em uma trajetória que combina redução de endividamento e crescimento mais tímido dos investimentos, o que deve resultar em aumento de dividendos.
“Os maiores riscos estão relacionados ao aumento de competição, o que reduziu bastante depois da saída da Oi do segmento móvel”, aponta. Hungria espera um dividend yield de 7% para VIVT3 em 2024 e 8,5% em 2025.
Bueno, da Nord Research, afirma que entre 2024 e 2026 os dividendos da VIVT3 devem ser robustos. O motivo é que a Telefônica se comprometeu a entregar 100% do seu lucro aos acionistas (payout) sob a forma de dividendos, redução de capital e recompra de ações.
“A tendência, se continuar com esse compromisso, é de que sejam três anos bastante fartos em termos de dividendos para os acionistas da Telefônica”, comenta Bueno. O analista da Nord projeta um dividend yield de 7,5% para 2024 e 8,5% para 2025.
Na visão dele, a Telefônica vai ter um rendimento crescente, resiliente ao longo dos próximos anos, o que a torna uma boa oportunidade atualmente.
BB Seguridade (BBSE3)
A BB Seguridade (BBSE3) é o braço de seguros do Banco do Brasil (BBAS3). Segundo Bueno, a companhia vem apresentando resultados extremamente sólidos e números crescentes nos últimos trimestres.
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Uma das características da seguradora é que possui uma forte relação com o setor de agronegócio, que é um dos principais contribuintes do PIB (Produto Interno Bruto) na economia brasileira. Na visão de Bueno, isso permite com que a BB Seguridade entregue resultados fortes, resilientes e distribua bons dividendos de forma recorrente, em fevereiro e agosto.
Em termos de preço, contudo, o analista destaca que a companhia não está muito barata, negociando a 9 vezes o seu lucro, quase em linha com a sua média histórica.
Em relação ao dividend yield, o analista projeta um retorno em proventos de 9,5% para 2024. E para 2025, o dividend yield seria de 10%. “Com rendimento bastante satisfatório, estamos comprando BB Seguridade neste momento”, diz Bueno.
Além destas companhias, os analistas consultados citaram como oportunidade para dividendos empresas do setor elétrico, entre elas Copel (CPLE6), Engie (EGIE3), CPFL Energia (CPFE3) e Isa Cteep (TRPL4), que fazem parte do Ibovespa.