- O dólar disparou nas últimas semanas e nos meses que virão ainda deve ser influenciado pelas eleições nos EUA
- No primeiro debate presidencial, Donald Trump (Partido Republicano) saiu vencedor e esse fato refletiu no dólar em âmbito global
- A vitória de Biden poderia ajudar na apreciação das moedas emergentes e pressionar pelo corte nos juros americanos
A alta do dólar tem sido o principal assunto dos noticiários econômicos nas últimas semanas. Enquanto por aqui o chefe do Executivo tem sido apontado como um dos responsáveis por essa disparada da moeda, nos Estados Unidos a escolha do próximo presidente também tem impactado na cotação da moeda norte-americana.
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O primeiro debate entre o atual presidente, Joe Biden, contra o seu antecessor, Donald Trump, ocorreu na quinta-feira (27). Para especialistas, o primeiro confronto de ideias teve o representante do Partido Republicano como vencedor — o que refletiu no mercado financeiro mundial.
“Trump pulou na frente da preferência dos votos e, no dia seguinte, o resultado no câmbio foi de forte apreciação dos yields dos treasuries [títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano], ajudando no fortalecimento do dólar em âmbito global”, aponta Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX.
Segundo William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, uma possível volta de Donald Trump à Casa Branca alimenta o sentimento de incerteza que já paira sobre a economia americana. E isso favorece a alta do dólar, enquanto joga contra as moedas emergentes, como o real. E mais: ele destaca que o candidato republicano sinaliza na direção de uma política econômica mais protecionista.
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“Ele fala em ser bastante aguerrido na política comercial. Por exemplo, colocar uma tributação de 10% sobre as importações. E isso poderia dificultar alguns setores da economia brasileira, como a agricultura, em que o Brasil é mais competitivo”, explica Alves. Por outro lado, o republicano tem prometido reduzir a carga tributária para as companhias locais. “O que pode levar ao aumento da inflação americana”, completa.
Por outro lado, caso a vitória seja de Joe Biden — ou de outro candidato do partido Democrata — é esperado que haja mais pressão para o início da flexibilização monetária pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). “E que haja uma possível apreciação das moedas emergentes baseados na atratividade do carry trade [quando o investidor pega dinheiro de um país com juros baixos e aplica em outro] de juros”, afirma Marcio Riauba, da StoneX.
Fed e os juros, como ficam nas eleições?
Para os especialistas consultados pelo E-Investidor, enquanto a campanha eleitoral estiver acontecendo, o rendimento dos títulos públicos americanos e o dólar vão mostrar sinais de força ou arrefecimento conforme um ou outro candidato mostrar vantagem. “É importante ressaltar que o mercado é altamente complexo e influenciado por uma variedade de fatores, não apenas políticos”, explica Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.
Vale lembrar que a novela dos juros americanos tem se estendido, com o início do corte da taxa sendo postergado para pelo menos setembro. Embora a decisão do Fed não tenha interferência direta no dólar, os seus reflexos são sentidos nas economias globais — influenciando nas moedas e índices emergentes.
Apesar disso, para Marcio Riauba, da StoneX, o Fed não deverá se basear na campanha eleitoral, nem nas consequências que cada candidato pode gerar, para tomar a sua decisão. Ao menos por ora: “O comitê vai agir com parcimônia e não deve se adiantar em tomar qualquer partido de corte ou aumento das taxas de juros sem analisar minuciosamente reações tanto do mercado de trabalho quanto núcleos de inflação.”