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- Sem mudança na taxa de juros, a grande novidade do dia ficou por conta da revisão trimestral da projeção de cortes
- Nenhum dos 19 membros do Fomc vislumbra a possibilidade de 3 cortes ainda neste ano
- Economistas destacam que juros elevados por mais tempo nos EUA deve refletir nas economias emergentes
Sem surpresas, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve inalterado os juros americanos no intervalo entre 5,25% e 5,5% nesta quarta-feira (12). A grande novidade do dia, porém, ficou por conta da revisão trimestral da projeção de cortes na taxa, que caiu de 3 para 1. E como o E-Investidor havia adiantado, há bons motivos para o investidor brasileiro ficar atento.
De acordo com o dot plot (gráfico de pontos de projeção), nenhum dos 19 membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) vislumbra a possibilidade de 3 cortes. No relatório deste trimestre, eles se dividiram da seguinte maneira: 8 membros esperam por 2 cortes, outros 7 apostam em 1, enquanto os demais 4 dirigentes preveem nenhuma redução.
Em coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, classificou como “plausível” a previsão dos dirigentes. “Há evidência bem clara de que a política monetária atual está restritiva”, disse. Ainda assim, ele alertou que o instrumento não pode ser encarado como um “plano” ou uma “decisão antecipada”.
Ao E-Investidor, economistas destacam que a perspectiva de juros elevados por mais tempo nos Estados Unidos deve refletir nas economias emergentes. Marcelo Mello, CEO da SulAmérica Vida, Previdência e Investimentos, explica que quando eles estão em baixa, os investimentos em ativos de risco se tornam mais atrativos. “O mercado brasileiro poderia se beneficiar de um ambiente mais propenso ao risco com dois cortes. Mas só uma queda, ou nenhuma, pode trazer reação negativa nos mercados globais”, diz.
Menos cortes de juros nos EUA… e o que isso implica ao brasileiro?
Matheus Pizzani, economista da CM Capital, frisa que os juros altos por lá trazem um clima menos positivo ao mercado internacional e acabam por impedir uma maior liquidez da renda fixa americana para outros países. “[O início do corte] poderia impactar positivamente o Brasil através da apreciação do real frente ao dólar, uma vez que a perspectiva seria de receber parte desses recursos que migrariam dos EUA para outras praças financeiras”, afirma.
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Além disso, ele aponta que o alívio nos juros americanos poderia gerar uma melhora nas projeções de crescimento global. “Isso ajudaria também as perspectivas para setores mais sensíveis aos ciclos econômicos e integrados às cadeias globais de produção, como petróleo e mineração.”
Com o cenário que se desenhou hoje, de apenas 2 ou somente 1 corte na taxa de juros, Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, prevê um cenário negativo para os investimentos por aqui. “Temos um cenário de juro mais alto, tanto para o Brasil quanto para os EUA, no segundo semestre e que vai dificultar ainda mais a vida de todos os ativos financeiros”, ressalta.
Para ele, esse cenário vai ajudar a manter o real desvalorizado frente ao dólar, e deve pesar nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central brasileiro. “Muito provavelmente na próxima reunião, o BC deve parar de cortar a taxa Selic em 10,5% ao ano.”
Mas nem tudo deve ser encarado como pessimismo, ao menos de acordo com Marcela Rocha, economista-chefe da Principal Claritas. Ela pontua que mesmo com essa menor perspectiva de corte, junto a revisão para cima da inflação americana — que subiu de 2,6% para 2,8% — a maioria dos membros do Fomc ainda prevê algum corte de juro. “Isso mostra uma maior tolerância à inflação deste ano, ainda com alguma possível queda. Além disso, para 2025 o Fed vê 4 cortes. No trimestre anterior, a estimativa era de 3”, afirma.