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Investimentos

Dividendos recorrentes? As empresas que se comprometem a pagar acionistas com frequência em 2025

Lista reúne empresas de setores como seguros, mineração, construtoras, shoppings e até varejistas que já reafirmaram as suas promessas de se tornar boas pagadoras

Dividendos recorrentes? As empresas que se comprometem a pagar acionistas com frequência em 2025

O pagamento de dividendos sempre foi popular na bolsa brasileira, mas ganhou força nos últimos três anos. Os investidores que antes se contentavam com proventos elevados passaram a procurar também previsibilidade e recorrência como critério para escolher uma empresa.

No passado, pagamentos mensais e trimestrais eram restritos apenas a um seleto grupo de companhias, a maioria bancos ou holdings financeiras. Seguradoras também ofereciam certa regularidade, pagando semestralmente. Mas, com o passar do tempo, as empresas listadas na bolsa perceberam que a melhor forma de fidelizar a base atual de investidores e atrair novos acionistas pessoa física é oferecendo um programa de dividendos recorrentes, no qual o investidor conhece de antemão quando será remunerado e com os pagamentos acontecendo, preferencialmente, de forma mensal ou trimestral.

Foi assim que novas companhias, de setores não tradicionais, começaram a implementar testes de remuneração mensal. Empresas de shoppings, construtoras e até mesmo varejo, que não eram conhecidas por pagar dividendos, foram adotando a prática. É o caso de companhias como JHSF (JHSF3), Vulcabras (VULC3), Allos (ALOS3) e Mitre (MTRE3), entre outros.

Além de estreitar laços com os investidores presentes na base acionária da empresa, existem alguns benefícios de adotar pagamentos recorrentes, entre eles atrair novos investidores pessoa física e melhorar a liquidez das ações, favorecendo a negociação destas.

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A Caixa Seguridade (CXSE3) exemplifica perfeitamente esta situação. Antes, a seguradora pagava dividendos semestralmente, geralmente em maio e novembro. Mas, a partir de maio de 2024 começou a pagar dividendos trimestralmente. O efeito foi o aumento de investidores.

Segundo informações da área de Relações com Investidores da companhia, no final de 2023 a Caixa Seguridade tinha 260.479 investidores pessoa física. O número saltou para 301.270 investidores até o 3° trimestre de 2024. Já no 1° trimestre de 2024, a companhia tinha 278.111 acionistas pessoa física que cresceram até 289.195 no 2° trimestre, quando efetivamente começaram os pagamentos trimestrais. Um salto de 11.084 no período, indicando maior interesse pela empresa. Além dos dividendos, contribuiu o fato de a Caixa Seguridade ter passado a integrar índices como MSCI e Ibovespa.

Na Log (LOGG3), empresa de galpões logísticos, ocorreu um movimento semelhante, após anunciar, no dia 5 de dezembro, que começaria a pagar dividendos trimestralmente em 2025. O período foi curto, mas em questão de três semanas a base de acionistas cresceu 9% e a liquidez da ação dobrou, revelou André Vitória, CFO da Log, ao E-investidor.

No entanto, nem tudo são flores na jornada de se comprometer a pagar dividendos com frequência. É importante honrar o compromisso com os investidores para evitar que a promessa vire um tiro no pé e haja fuga de acionistas. É por isso que muitas empresas não colocaram essa nova frequência de pagamentos como uma política de dividendos definitiva. Muitas preferem apontar que estão testando o novo formato de pagamento como uma prática, que pode ser revisada anualmente de acordo com a condição financeira e de caixa da empresa.

Um exemplo de uma companhia que tinha se comprometido a pagar dividendos trimestralmente em 2023 e não conseguiu manter o seu compromisso em 2024 foi a Taurus, que, diante de um cenário macroeconômico adverso e a catástrofe ambiental das enchentes do Rio Grande do Sul, remunerou os acionistas apenas uma vez ao ano em 2024.

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O ano de 2025, que deve ser muito desafiador para a economia, vai colocar à prova as companhias que se comprometeram a pagar dividendos recorrentes. Afinal, quem renovou promessa e decidiu continuar remunerando os investidores com frequência? O E-investidor entrou em contato com algumas empresas e traz detalhes a seguir.

Vale lembrar que foram consideradas apenas companhias que assumiram o compromisso de fazer remunerações constantes desde 2023 e não aquelas que já contavam com esta periodicidade no passado.

Quem quer pagar semestralmente?

Moura Dubeux (MDNE3)

Desde que fez abertura de capital (IPO) em 2020 na bolsa, a construtora Moura Dubeux (MDNE3) nunca tinha pagado dividendos, mas quebrou esse ciclo em novembro, remunerando pela primeira vez os acionistas com R$ 0,65 por ação, no montante bruto de R$ 55 milhões.

Foi em novembro que a Moura Dubeux anunciou a implementação de uma nova prática de remuneração, que consiste em pagar dividendos semestrais em 2025, planejadas para acontecer em abril ou maio e novembro de cada ano.

Ao E-investidor, a companhia manifestou que se trata de uma prática e não uma política formal de dividendos. A empresa condiciona a realização destas distribuições à geração de caixa, desempenho operacional, baixo endividamento e conjuntura do mercado.

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Para 2025, por exemplo, embora exista o compromisso de pagar dividendos semestrais, a Moura Dubeux condicionará o cumprimento da promessa ao cenário macroeconômico.

A companhia já manifestou também o objetivo de pagar no mínimo R$ 100 milhões em dividendos por ano aos investidores.

Outras tradicionais pagadoras recorrentes

Vale lembrar que além das companhias citadas nesta reportagem, existem as que remuneram os acionistas com frequência há vários anos. Entre estas figuram o banco Itaú (ITUB3; ITUB4) que vai pagar juros sobre capital próprio brutos de R$ 0,0176 por ação em 2025.

Há também o banco Bradesco, que paga juros sobre capital próprio mensais de R$ 0,017 por ação ordinária BBDC3 e R$ 0,019 por ação preferencial BBDC4.

O Banestes (BEES3; BEES4) também divulgou recentemente seu cronograma de juros sobre capital próprio mensais para 2025. Os valores por ação ordinária e preferencial é de R$ 0,024 para cada mês.

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Além dos bancos, companhias como a holding Itaúsa (ITSA4), costumam pagar dividendos trimestrais, de R$ 0,02 por ação. Os pagamentos geralmente entram na conta dos investidores no primeiro dia útil de janeiro, abril, junho e outubro.

Com remunerações mais espaçadas, a Taesa (TAEE11) costuma pagar dividendos quatro vezes ao ano, geralmente em maio, agosto, novembro e dezembro. Os meses podem mudar a depender do ano.

Já companhias como a BB Seguridade (BBSE3) pagam dividendos semestralmente em fevereiro e agosto. Enquanto a mineradora Vale (VALE3) tem costume de remunerar os acionistas em março e setembro.

O que diz o consenso de mercado?

Levantamento do TradeMap com 22 bancos, corretoras e casas de análise revela quais são as projeções do mercado para as companhias citadas nesta reportagem. Foi apresentado o dividend yield (retorno em dividendos) médio esperado por todas as instituições. Além disso, é possível encontrar o preço-alvo médio para as ações, ou seja, a expectativa de quanto o papel pode valorizar em 2025.

Ação Dividend Yield Médio 2025 Preço-alvo Médio
2025
Potencial de valorização da ação
JHSF (JHSF3) 6,25% R$ 6,75 80,48%
Mitre (MTRE3) 18,91%
Vulcabras (VULC3) 5,96% R$ 20,5 31,92%
Banco do Brasil (BBAS3) 8,96% R$ 40,00 67,43%
Allos (ALOS3) 7,35% R$ 29,60 62,13%
Caixa Seguridade (CXSE3) 7,99% R$ 17,75 12,84%
M.Dias Branco (MDIA3) 3,21% R$ 33,33 71,64%
Aura Minerals (AURA33) 4,59%
Moura Dubeux (MDNE3) 5,27% R$ 21,00 95,17%
Taurus (TASA4
Log (LOGG3) 5,32% R$ 30,00 63,40%
Eletrobras (ELET3) 5,16% R$ 51,55 48%
Eletrobras (ELET6) 5,71%

Fontes: TradeMap, B3, bancos, corretoras e researches