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ETFs alavancados e que apostam contra empresas ganham destaque

Até este ano, tais fundos de investimentos eram considerados simples e de baixo risco

ETFs alavancados e que apostam contra empresas ganham destaque
ETFs de uma única empresa emergiram ao longo do ano e se assemelham a ativo de risco | Foto: Envato Elements
O que este conteúdo fez por você?
  • Desde meados do ano, vários ETFs construídos em torno de ações de uma única empresa emergiram. Muitos deles são estruturados como fundos alavancados, o que significa que eles usam diferentes estratégias de investimento
  • Outros são fundos inversos, destinados a se mover na direção oposta da corretagem do dia, lucrando quando o valor da ação cai e tendo prejuízo quando o valor da ação aumenta
  • O ETF AXS TSLA Bear Daily teve alta de 3,31% até terça-feira (18), enquanto as ações da Tesla despencaram 38,54%

Considere os atributos dos fundos de investimentos negociáveis em bolsa (ETFs): taxas baixas, menor exposição a impostos do que fundos mútuos, capacidade de conter um portfólio amplamente diversificado em um único título, baixo risco e flexibilidade comercial.

Em outras palavras, os ETFs são a encarnação financeira do “Princípio KISS”: “Keep It Simple, Stupid” (Mantenha tudo simples, idiota).

Até este ano.

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Desde meados do ano, vários ETFs construídos em torno de ações de uma única empresa emergiram. Muitos deles são estruturados como fundos alavancados, o que significa que eles usam diferentes estratégias de investimentos, incluindo swaps, contratos futuros e outros derivativos, para amplificar apostas na direção de alguma empresa.

Outros são fundos inversos, destinados a se mover na direção oposta da corretagem do dia, lucrando quando o valor da ação cai e tendo prejuízo quando o valor da ação aumenta. Eles acrescentam uma camada de complexidade e risco que parece contrariar a essência dos ETFs.

Os primeiros fundos desse tipo estrearam em julho: oito da AXS Investments, com posições na Tesla, PayPal, Nvidia, Nike e Pfizer, posições alavancadas compradas ou vendidas, equivalentes a uma ou duas vezes o movimento diário das ações. Desde então, pelo menos 35 outros ETFs foram anunciados em documentos das firmas de investimento Direxion, GraniteShares e Kurv Investment Management, mirando Boeing, Disney, Goldman Sachs, Netflix, Uber e outras empresas.

O ETF AXS TSLA Bear Daily teve alta de 3,31% até terça-feira (18), enquanto as ações da Tesla despencaram 38,54%.

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Corretores do mercado financeiro já usavam opções e derivativos para fazer apostas alavancadas na direção de ações de uma mesma empresa. O benefício de empacotar essas estratégias em um ETF é que o fundo é capaz de simplificar o processo a um custo menor, ao mesmo tempo que evita impostos em ganhos sobre capital a curto prazo.

É essa simplicidade que preocupa os especialistas em investimentos.

“A alavancagem parece ótima vista pelo alto, mas os investidores esquecem que trata-se de uma faca de dois gumes”, afirmou Wes Crill, diretor de estratégias de investimento da consultoria de investimentos Dimensional Fund Advisors.

Esses novos ETFs centrados em ações de uma mesma empresa não se destinam a serem mantidos por mais que um dia, porque a alavancagem, ou razão inversa, deve ser reequilibrada após cada dia de atividade no mercado. Ainda que um investidor seja inteligente ao comprar e manter ações de uma única empresa, essa abordagem poderia ser desastrosa para alguém que invista em um dos novos ETFs quando o reset diário desses fundos ocasionar sua exposição a um nível perigoso de risco.

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Por isso esses fundos são destinados à corretagem, não ao investimento. Os resultados dos fundos AXS deixaram isso claro. “Os fundos não são destinados a ser usados por — e não são apropriados para — investidores que não pretendem monitorar ativamente e administrar seus portfólios.” O diretor-executivo da AXS Investments, Greg Bassuk, não respondeu a um pedido de comentário para esta matéria.

Ainda assim, alguns especialistas em investimentos expressaram preocupação a respeito do risco que ETFs de uma única ação representam para investidores individuais, entre eles Caroline Crenshaw, uma das comissárias da Comissão de Valores Mobiliários. “Preocupo-me com a possibilidade desses ETFs de uma só ação representarem ainda outro risco, talvez maior, para investidores e mercados”, afirmou Crenshaw.

Preocupações a respeito do índice de risco dos novos ETFs aumentaram após três administradores de fundos registrarem planos, em agosto, de oferecer ETFs de uma única empresa envolvendo ações estrangeiras não negociáveis nas bolsas americanas e não sujeitas a escrutínio das autoridades americanas nem a regras de transparência financeira.

Seus gerentes, Kelly Intelligence, Roundhill Investments e Tema Global, buscaram criar 130 fundos de empresas específicas, incluindo Saudi Aramco, Samsung e Volkswagen. Mas todos foram imediatamente retirados no fim de setembro. Analistas sugeriram que a Comissão de Valores Mobiliários pode ter indicado privadamente que não aprovaria os fundos.

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“Isso revela que a indústria dos ETFs encerrou um ciclo”, afirmou Sean Allocca, editor-chefe do site ETF.com. “A ironia é que, quando os ETFs apareceram, o benefício era podermos acompanhar esses grandes índices, e era bem barato investir.”

O fundo mais popular da AXS é o AXS TSLA Bear Daily ETF (TSLQ), um fundo inverso que aposta contra as ações da Tesla. O fundo começou a ser negociado em meados de julho, a US$ 51,63, e desde então oscilou entre US$ 36,25 e US$ 46,09, atraindo US$ 59,4 milhões em ativos, com índice de despesas líquidas de 1,15%. Outros três fundos AXS listam ativos de US$ 800 mil ou menos. Em comparação, o ETF iShares Expanded Tech Sector, com ampla exposição ao setor da tecnologia, possui ativos equivalentes a US$ 2,8 bilhões, com índice de despesas líquidas de 0,40%.

Uma nova família de ETFs com foco em ações únicas que poderia atrair mais atenção vem da consultoria-butique F/m Investments e é destinado a rastrear os juros atuais dos títulos de dez anos e dois anos do Tesouro americano, assim como a taxa trimestral do Tesouro.

“O comércio de obrigações é complicado, não importa o quanto você tente melhorá-lo, e nós fazemos isso todos os dias”, afirmou Alexander Morris, presidente e diretor de investimentos da F/m. “Você poderia fazer isso tudo hoje com opções e derivativos, mas é preciso profissionais para fazer isso diariamente. Usamos a beleza dos ETFs e apenas fizemos a coisa com a maior simplicidade possível.”

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Lançados em agosto, os três fundos do Tesouro atraíram US$ 164 milhões em ativos, com índice de despesas líquidas de 0,15%. A F/m planeja lançar outros sete fundos ligados ao Tesouro, com durações de 6 meses a 30 anos.

O Treasury ETF de dois anos da F/m fechou a US$ 49,11 na terça-feira, e oscilou entre US$ 49,07 e US$ 49,99 desde que estreou, em 9 de agosto. A taxa mais recente na obrigação de dois anos é de 4,25%.

A maioria dos investidores autônomos tende a ser mais bem servida por portfólios diversificados, de fundos de custo baixo construídos em torno de suas necessidades, cronogramas e tolerância ao risco.

“O que os investidores precisam mais do que nunca é de soluções robustas de bom custo-benefício e, para nós, isso significa ampla diversificação”, afirmou Wes Crill, da Dimensional Fund Advisors. “ETFs de ações únicas jogam esse conceito pela janela.”/*TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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