O que este conteúdo fez por você?
- Para especialistas, o retorno dos principais fundos está diretamente relacionado ao gestor deles, Luis Stuhlberger
- Os fundos Bradesco FI Mult Princ Protegido, Capricornio Fc FI Mult Cred Priv Ie e FICFI Clarendon Mult Ie tiveram os piores retornos nas últimas 2 décadas
- O investidor deve procurar o balanceamento de risco no seu portfolio para minimizar a chance de uma decisão precipitada
Os fundos multimercado CSHG Verde Fc FI Mult, Verde PVT Mult FICFI e o CSHG All Verde 14 Fcf Mult foram os mais rentáveis do Brasil nos últimos 20 anos, todos com aproximadamente 17% de retorno médio anual. As informações vêm do levantamento realizado por Einar Rivero, do TradeMap, feito a pedido do E-Investidor, que aponta os fundos multimercados do País que mais deram retorno ao investidor no período.
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Especialistas afirmaram que o retorno desses fundos está diretamente relacionado ao gestor deles, Luis Stuhlberger, “uma lenda do mercado financeiro e de performance inquestionável”, diz Davi Ramos, CEO e sócio-fundador da Vante Invest.
Stuhlberger, CEO da Verde Asset Management e responsável por mais de R$ 55 bilhões em ativos sob sua gestão, ficou conhecido por ser um dos melhores do ramo no País e por ter aberto o espaço para que a indústria de multimercados existisse, conta Luiz Felippo, analistas de fundos da Nord.
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Seu papel, assim como de outros gestores, consiste em decidir quais investimentos vender ou aportar, visando sempre aproveitar as oportunidades. Os fundos multimercados podem ser investidos em ações, renda fixa, juros, moedas sem o compromisso de limitação. Felippo diz que Stuhlberger carregou uma média de 30% em ativos de renda variável desde que começou a ser gestor e fez diversas posições em juros que deram fortes retornos.
Piores retornos
Na contramão da Verde Asset, os fundos Bradesco FI Mult Princ Protegido, Capricornio Fc FI Mult Cred Priv Ie e FICFI Clarendon Mult Ie tiveram os piores retornos, com uma média anual de 7%, nos últimos 20 anos.
Tiago Cespe, CEO da CESPE Investimentos, explica que os motivos pelo baixo desempenho desses fundos está na percepção de que pouquíssimos gestores tem o “feeling” (sentimento) mais apurado para conseguir entregar um resultado consistente. “A disciplina tanto do gestor como do investidor é que faz a diferença”, diz.
Um fundo multimercado pode ser visto como um investimento em que o cotista passa um “cheque em branco” para o gestor, possibilitando ele gerir o capital da forma que bem entender.
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Fernando Senna, diretor de Gestão da Acura Capital, diz que o maior desafio dos gestores está em assumir posições antes que elas ocorram. “E o mais importante, quando estiverem errando, o que em algum momento estarão, que não percam muito tempo e tenham posições de hedge para limitar ou mesmo zerar a perda”, aconselha. O hedge nada mais é que uma proteção para tentar diminuir os efeitos da volatilidade do mercado financeiro sobre os ativos.
Senna aponta que os gestores profissionais podem errar. Então, como solução para mitigar os os riscos de se investir em fundos multimercados, ele aconselha diversificar a carteira para aproveitar as oportunidades. “Em geral, temos anos bons para fundos de ações, outro para fundos imobiliários e outros para os multimercados”, afirma.
O chefe de Soluções de Investimentos da Santander Asset, Renato Santaniello, também tem a mesma opinião. Para ele, o investidor deve procurar o balanceamento de risco no seu portfolio para minimizar a chance de precipitação ao resgatar os recursos de uma determinada classe de ativos por conta de uma janela negativa de performance.
No radar
Santaniello afirma que o mesmo motivo pelo qual os especialistas justificaram o bom e o mau desempenho dos fundos é o ponto de atenção que o investidor deve ter ao escolher um multimercado: o gestor. Segundo ele, o investidor deve analisar a capacidade do gestor de gerar performance consistente no longo prazo e não apenas em janelas de retorno de curto prazo. Deve, para isso, buscar o máximo de informação sobre o gestor.
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Hoje, há diversos materiais e cartas mensaiscom detalhes sobre a atribuição de performance para entender como o gestor conseguiu gerar o retorno para o fundo. Na última carta da Verde Asset, por exemplo, divulgada em setembro, foi informado que o fundo Verde FICFI Multimercado zerou as posições tomadas em juro nos Estados Unidos após o movimento do Banco Central norte-americano de ser mais hawkish – termo que significa adoção de política austera, com taxas de juros mais altas e, assim, menor demanda e inflação controlada.
“Também aumentamos posição em inflação implícita no Brasil, mantivemos em ouro e compramos mais petróleo. Iniciamos posições vendidas no euro e na libra esterlina usando estruturas de opções. As posições em ações, tanto no Brasil quanto no exterior, foram mantidas. A posição comprada em high yield global foi marginalmente aumentada”, consta na carta do fundo.
Confira a rentabilidade do Verde FICFI Multimercado nos últimos cinco anos:
- 2022: 11,29%;
- 2021: -1,13%;
- 2020: 3,94%;
- 2019: 13,33%;
- 2018: 7,91%
Luciana Ikedo, assessora de investimentos e sócia do escritório RV4 Investimentos, declara que a vantagem de um fundo multimercado está na possibilidade de posicionamento rápido de acordo com as mudanças do cenário. “Muitas vezes o investidor individualmente tem mais dificuldade para se reposicionar ou é impactado pelos vieses comportamentais, [o posicionamento] fica mais fácil por meio de um gestor profissional”, diz.
Vale ressaltar que há fundos que tem apenas um cotista (family offices) ou que são criados para a gestão do dinheiro de uma única pessoa. Dessa forma, não é possível alocar capital nesses investimentos. Além disso, fundos também podem estar fechado para captação. O levantamento apenas considerou os fundos multimercados negociados no mercado brasileiro.
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