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- Nesta quarta-feira (7), o mercado financeiro espera que o Copom mantenha os juros básicos pela terceira vez seguida em 13,75%
- O ciclo da Selic voltou à discussão diante dos planos de aumento de gastos do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
- Hoje, o Copom mira com igual peso os anos de 2023 e 2024 em sua estratégia de convergência da inflação à meta
Nesta quarta-feira (7), o mercado financeiro espera que o Copom mantenha os juros básicos pela terceira vez seguida em 13,75% ao ano, taxa alcançada no encontro de agosto, no ciclo de aperto monetário mais longo da história do comitê. Segundo pesquisa realizada pelo Projeções Broadcast, de 48 instituições financeiras consultadas, 46 esperam estabilidade da Selic em 13,75% e duas casas esperam elevação da taxa para 14%.
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O ciclo da Selic voltou à discussão diante dos planos de aumento de gastos do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pode afetar a inflação futura devido ao estímulo ao consumo e também pelo canal de deterioração de ativos, como o dólar. Na curva de juros, há precificação de novos aumentos de juros, enquanto no Boletim Focus o mercado aposta majoritariamente, por enquanto, no adiamento dos cortes, com uma taxa terminal mais alta no fim do ano que vem.
Hoje, o Copom mira com igual peso os anos de 2023 e 2024 em sua estratégia de convergência da inflação à meta. Nas últimas semanas, a expectativa para o IPCA – índice oficial de inflação – de 2023 tem avançado em meio aos temores fiscais e alcançou 5,08% na Focus, já bem acima do teto da meta, de 4,75%.
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O BC já descumpriu seu mandato de controle de preços em 2021 e vai pelo mesmo caminho em 2022. Para 2024, a projeção tem sido mantida em 3,50%, superior ao alvo central de 3,00%, mas dentro do limite que vai até 4,50%.
Em outubro, última reunião do Copom, a autoridade monetária voltou a indicar a estabilidade da Selic em 13,75% por “período suficientemente prolongado”. Mas também manteve o alerta de que, caso a desinflação não ocorra como o esperado, os juros podem voltar a subir.
Em eventos recentes, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que, se houver percepção de que o fiscal vai atrapalhar a convergência da inflação, a autoridade monetária vai reagir. No questionário pré-Copom de dezembro, o BC perguntou aos analistas se consideram gastos além do teto em 2023 e 2024 e pediu estimativas para o juro neutro.
Segundo Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, depois do waiver aprovado, o BC tende a acompanhar mais de perto os indicadores de inflação: “No primeiro sinal de que esse repasse de custos irá para a sociedade e começar a refletir nos preços, com certeza vão atuar e começar uma nova elevação da taxa Selic. Quando isso vai acontecer, a gente não sabe. Se vai ser no início, no fim do ano, essa resposta só vamos ter à medida que percebermos que os indicadores de inflação já estão sofrendo algum tipo de impacto por causa da política expansionista do novo governo”, diz.
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Já Ana Paula Carvalho, planejadora financeira CFP e sócia da AVG Capital, vê como o ponto de maior incerteza no momento o tempo que a taxa Selic se manterá no nível atual, pelo risco de inflação, dado o cenário doméstico fiscal.
“Provavelmente o Copom fará um comunicado demonstrando uma postura vigilante e alerta ao movimento do mercado, que tem se mostrado muito avesso à política fiscal expansionista proposta pelo próximo governo. Com gastos maiores, haverá dificuldades em termos cortes de juros, com o risco de uma Selic inalterada no próximo ano e até mesmo um eventual ciclo de alta caso haja uma deterioração fiscal mais forte”, afirma.
*Com Estadão Conteúdo