Veja o que esperar da commodity e o que fazer com os seus investimentos caso o Irã feche o Estreito de Ormuz (Foto: Adobe Stock)
Os preços do petróleo no mercado futuro sobem moderadamente após os Estados Unidos entrarem na guerra contra o Irã e o país islâmico anunciar que seu parlamento aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz. Na visão de analistas ouvidos pelo E-Investidor, os investidores operam com cautela à espera de uma resposta concreta do Irã.
Por volta das 10h, o contrato futuro do petróleo Brent com vencimento para setembro subia 0,28%, a US$ 75,69. Na noite de sábado (21), o presidente Donald Trump anunciou um “ataque muito bem-sucedido” a três instalações nucleares iranianas, marcando a entrada oficial do país no conflito iniciado por Israel em 13 de junho.
Autoridades iranianas confirmaram o ataque. Em resposta, o parlamento iraniano aprovou o fechamento do Estreito de Ormuz, por onde escoa cerca de 20% da produção de petróleo mundial. Teerã também disse que dará uma resposta à altura dos ataques estadunidenses feitos contra o país.
Para Artur Horta, sócio da The Link Investimentos, a decisão final para o fechamento do Estreito precisa ser ratificada pelo líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei. “O fechamento do canal, além de trazer uma disparada nos preços do petróleo, também prejudicaria fortemente a economia do Irã e de outros países árabes da região, o que pode fazer com que o país não tenha apoio de vizinhos locais”, diz Horta.
Na visão de Pedro Galdi, analista da AGF, o anúncio do bombardeio foi no fim de semana, o que segurou os efeitos de estresse no mercado, pois as negociações estavam fechadas. Para ele, o efeito maior se perdeu com a visão de que Irã não efetuou nenhuma retaliação e os ruídos de fechamento do Estreito de Ormuz não se confirmaram.
Para onde vai o petróleo se o Irã fechar o Estreito de Ormuz?
Já Flávio Conde, analista da Levante Investimentos, diz que o mercado está muito otimista ao precificar nenhuma retaliação do Irã ao ataque dos EUA. Segundo o especialista, o maior risco para a economia real é o fechamento do Estreito de Ormuz, visto que o Irã possui algumas bases com mísseis na região.
“Se o Estreito ficar fechado por uma semana, China e Japão teriam que usar suas reservas petrolíferas. E se o canal fechar de vez, o petróleo pode disparar para a faixa dos US$ 80 a US$ 85 por barril. É possível que a commodity chegue a US$ 100 por barril, mas essa cotação só seria atingida em horários de baixo volume de negociação”, aponta Conde.
Para os analistas do Goldman Sachs, existem duas possibilidades neste cenário de guerra. A primeira seria apenas reduções no fornecimento de petróleo do Irã. Caso Teerã tenha uma queda na produção de 1,75 milhão de barris por dia, o petróleo Brent pode chegar a US$ 90. A outra opção seria, além da redução iraniana, o país obstruísse a passagem pelo canal de sua costa.
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“Se o fluxo de petróleo pelo Estreito de Ormuz caísse 50% por um mês e depois permanecesse 10% abaixo por mais 11 meses, o Brent saltaria brevemente para um pico em torno de US$ 110”, argumentam Daan Struyven, Samantha Dart, Yulia Grigsby, Ephraim Sutherland, Laura Cyr e Frederik Witzemann, que assinam o relatório do Goldman Sachs. Veja os detalhes da estimativa nesta reportagem.
O que o investidor deve fazer para se proteger da guerra no Irã?
Os analistas possuem uma visão de cautela para todo o mercado e mais positiva para as ações do setor petroleiro. Flávio Conde salienta que o melhor no momento é aportar em ações de empresas do setor petroleiro. Segundo ele, a ação mais beneficiada pela alta do petróleo é a PRIO (PRIO3).
“A PRIO vende o petróleo puro e não os seus derivados, além disso, as vendas da companhia são em dólar, o que faz com que a companhia lucre diretamente com a disparada da commodity. Sendo assim, o investidor deve possuir ações dessa empresa na carteira para ter ganhos com a alta da commodity caso o Irã feche o estreito”, argumenta Conde.
Artur Horta, da The Link Investimentos, aponta que a Bolsa brasileira deve se beneficiar do conflito, pois o país está distante geograficamente e comercialmente da guerra. Por outro lado, se o conflito escalar com a entrada de outros países, como China e Rússia, o risco passa a ser global e os mercados emergentes também podem sofrer com a guerra. “Nesse sentido, o melhor seria concentrar os investimentos em renda fixa e dólar, para aumentar a proteção contra a volatilidade do mercado”, explica.
Pedro Galdi, da AGF, diz que o investidor deve ter tranquilidade e não sair realizando posições por conta de especulações do mercado. “Quedas sempre serão bem-vindas para que investidores aumentem posição em ações que pagam bons dividendos”, afirma o especialista. Ou seja, nesse momento, o que o investidor pode fazer é ter cautela e diversificar seus aportes entre ações petroleiras e ativos seguros para se proteger de um possível fechamento do Estreito de Ormuz.