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Manter ou resgatar o dinheiro do FGTS na Eletrobras (ELET6)? Veja o que fazer

Ações caíram desde que a companhia foi privatizada. Analistas orientam quem investiu o FGTS no papel

Manter ou resgatar o dinheiro do FGTS na Eletrobras (ELET6)? Veja o que fazer
As ações da Eletrobras (ELET6) estrearam na Bolsa em junho de 2022. (Foto: Envato Elements)
  • Os papéis da Eletrobras apresentam prejuízo desde seu processo de privatização
  • Ações caem, principalmente, pelas mudanças na perspectiva do preço da energia para este ano
  • Para decidir se mantém ELET6 ou não, o investidor precisa comparar os rendimentos do FGTS com a perspectiva de ganho no longo prazo

Quando as ações da Eletrobras (ELET6) estrearam na Bolsa, em junho de 2022, elas encheram o mercado de esperança por conta das novas perspectivas para a companhia, que deixou de ser controlada pelo governo, mas também geraram frustração aos cerca de 370 mil trabalhadores que investiram recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) nos papéis.

No pregão do dia 13 de junho do ano passado, as ações ordinárias (ELET3) fecharam o dia com recuo de 2,20%, a R$ 40,10, enquanto os papéis ELET6 encerraram o pregão em queda de 0,81%, a R$ 39,38.

Nos meses seguintes, analistas de mercado mantiveram suas recomendações de compra, mas as ações seguiram em queda. De lá para cá, os papéis ELET3 e ELET6 apresentam prejuízo 16,83% e 8,07%, respectivamente.

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Até o fechamento desta terça-feira (4), as ações ordinárias valiam R$ 33,35, enquanto as preferenciais eram cotadas a R$ 36,20.

Diante da desvalorização, o trabalhador que investiu seu FGTS na empresa começou a questionar o que fazer no dia do primeiro aniversário da operação, quando será permitido vender as ações.

No entanto, antes de tomar essa decisão é preciso avaliar os rendimentos do dinheiro que fica “parado” no FGTS. Se o trabalhador deixasse R$ 100 no fundo, por exemplo, em um ano ele conseguiria resgatar R$ 104,83 pela cotação atual, segundo cálculos de Filipe Ferreira, diretor da plataforma Comdinheiro.

Para empatar com a inflação – o que significa apenas manter o poder de compra da quantia inicial investida – o rendimento deveria ser de pelo menos 5,6%, equivalente à última apuração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), feita em fevereiro. Para acompanhar a inflação, portanto, os R$ 100 deveriam virar R$ 105,60.

O economista e sócio fundador da consultoria Sarfin, Bruno Mori, explica que por mais que a aplicação em Eletrobras tenha se desvalorizado 17,23%, ainda há a possibilidade de ganhos com esse investimento. “Para os que não precisam do dinheiro agora, a recomendação é segurar os papéis, porque o investimento em ações deve visar o longo prazo”, afirma.

O que o investidor deve fazer?

Os analistas Ruy Hungria, da Empiricus, e Rodrigo Alves, head de produtos da RJ+ Investimentos, também recomendam manter a ação ELET6 na carteira, a não ser em casos em que o acionista precise levantar renda para alguma urgência.

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O analista da Empiricus explica que os papéis da Eletrobras já estão absorvendo todos os indicativos ruins e que há espaço para crescimento pela reorganização administrativa da empresa pós-privatização. “A nossa perspectiva é que a privatização não vai ser revertida, porque isso tem um custo financeiro muito grande para o governo”, diz.

Alvez, da RJ+, destaca o potencial de crescimento da ex-estatal e a recomendação de compra. “A empresa como um todo tem um potencial gigantesco. Se a gente olhar os relatórios de casas de análise, é unânime a recomendação de compra. A companhia tem um preço-alvo lá em cima, com capacidade de geração e distribuição de energia”, afirma.

No entanto, o especialista faz uma ressalva ao investimento do FGTS na Eletrobras, no caso de endividamento ou desemprego. “Caso o o trabalhador não tenha mais saldo nenhum no fundo, só esse recurso aplicado em Eletrobras, pode ser que ele tenha que realizar um prejuízo. Mas isso não é o que a gente deseja”. Ou seja, a observação apenas reforça a importância de uma reserva de emergência.

Por que o preço das ações está caindo?

O processo de privatização da Eletrobras já foi alvo de críticas do atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele já mencionou a reestatização da companhia em diversos momentos, mas intensificou os comentários no decorrer das últimas semanas.

“O que foi feito na Eletrobras foi um crime de lesa-pátria. Você privatizou uma empresa daquele porte e usou o dinheiro para quê? É como se você tivesse a sua casa e dissesse que decidiu vender a sua casa para pagar a sua dívida. Você vai ficar com o que na vida? Uma empresa como a Eletrobras é um patrimônio desse País e tem que ter muita responsabilidade”, argumentou Lula, em entrevista ao Brasil 247.

Hungria explica que os comentários de Lula são uma das razões pelas quais o preço das ações da Eletrobras estão caindo desde o segundo turno das eleições, uma vez que eles geram algum temor entre os investidores. “A cada vez que o presidente fala que ele quer reverter a privatização aumenta o ruído para o investidor, que coloca em perspectiva a possibilidade de anular esse processo (vender as ações)”, disse Hungria.

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Outro ponto destacado pelos analistas é o aspecto da energia estar mais barata atualmente do que o preço verificado meses atrás. Em São Paulo, por exemplo, o Sistema Cantareira registrou um volume útil de 73,25% – maior percentual de armazenamento de água desde 5 de agosto de 2012 (73,3%).

No modelo de privatização da Eletrobras, a estimativa de preço médio da energia era de R$ 150 por kWh para os próximos anos, patamar que amparava a expectativa de boa performance da empresa e, consequentemente, das ações. O preço, que chegou a ser de R$ 250 em 2021, está atualmente em cerca de R$ 100.

Já Leonardo Piovesan, CNPI e analista fundamentalista da Quantzed, chama atenção para o fato da companhia estar com muita energia livre e sem contratos para vender o recurso. “Essa energia livre, juntamente com os preços em queda, acaba reduzindo a expectativa de resultados, o que explica a queda (das ações) no ano”, afirma.

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