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- Os fundos de pensão tiveram o maior investimento em renda fixa para o mês de junho na história, segundo a Abrapp. Quase 80% da carteira dessas entidades de previdência estão nesses ativos de baixo risco.
- Com a trajetória de queda da Selic, porém, a tendência é que a participação de renda variável aumente.
- Abrapp defende, inclusive, o aumento do limite para investimento no exterior, que hoje é de 10%, para 20%.
Os fundos de pensão registraram recorde de alocação em renda fixa em junho, com 79,2% da carteira investida em ativos dessa modalidade. Esse foi o maior percentual registrado para o mês desde o início da série histórica. Os dados foram apresentados na terça-feira (17) pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). Com a queda das taxas de juros no Brasil, porém, a perspectiva é que haja uma maior exposição ao risco ao longo dos próximos meses, avalia o diretor-presidente da Abrapp, Jarbas Antônio de Biagi.
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Investimentos em renda variável representam atualmente 12,2% da carteira dos fundos de pensão fechados, de acordo com o consolidado estatístico da entidade, que representa os fundos de previdência criados por empresas públicas ou privadas para seus funcionários e associados.
Para Biagi, o aumento da renda variável é uma “tendência natural”, conforme o Banco Central realiza cortes na taxa básica de juros, a Selic, que está atualmente em 12,75% ao ano. A previsão do mercado, no entanto, é que a Selic mantenha a trajetória de queda, encerrando o ano a 11,75% e chegando a 9% em 2024.
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A associação defende, inclusive, o aumento do limite máximo para investimentos no exterior. Hoje, fundos de pensão podem ter até 10% da carteira alocados fora do Brasil. O posicionamento da Abrapp é que esse percentual dobre para 20%.
“Quando falamos em aumentar o limite é para que a entidade que já tem 10% possa ter mais, mas não significa que todas tenham que ter”, ressaltou Biagi.
Mais de R$ 1 trilhão investidos
A indústria de fundos fechados de previdência alcançou R$ 1,2 trilhão em ativos no primeiro semestre de 2023, segundo o levantamento divulgado nesta terça. Na comparação com o mesmo período de 2022, o crescimento foi de 6,28%.
A rentabilidade da carteira consolidada do sistema foi de 6,02% até junho, acima do rendimento mínimo para cumprimento das metas atuariais, que foi de 4,99% no período. O retorno da renda fixa foi de 1,07% em junho, com avanço de 6,56% no semestre e 10,03% nos últimos 12 meses. Já a renda variável teve retorno de 9,10% em junho, 2,78% no semestre e 15,25% em dozes meses.
Déficit não será zerado este ano
O déficit líquido do sistema apresentou uma redução de 69% no primeiro semestre deste ano, para R$ 17,3 bilhões, em comparação com os R$ 55,6 bilhões registrados em junho de 2022. Segundo Biagi, porém, nem mesmo nos cenários mais otimistas há previsão de zerar o déficit ainda neste ano.
“Mesmo no cenário mais favorável, o déficit não será zerado. Mas haverá uma redução”, afirmou o diretor-presidente da Abrapp.
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Biagi acrescentou que a redução do déficit pode ser atribuída aos sólidos resultados dos investimentos nos últimos anos, impulsionados pelo desempenho positivo do Ibovespa neste ano, bem como à solução dos déficits em alguns planos.
“Na última apresentação da Abrapp, reforçamos que a maior parte do déficit era de natureza conjuntural, e esse cenário de recuperação corrobora nosso ponto de vista”, disse.