Investimentos

Novo corte da Selic abre espaço para fundos multimercados?

Essa classe de ativos vem sofrendo com os clientes realizando bilhões em resgates nos últimos anos

(Foto: Envato Elements)
  • Classe de ativos vem sofrendo com os clientes realizando bilhões em resgates nos últimos anos
  • Multimercados representam meio do caminho entre o conservadorismo da renda fixa e a agressividade do mercado de ações

O segundo corte seguido na taxa Selic de 13,25% para 12,75% ao ano – anunciado pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central na quarta (20) – abre mais espaço na carteira do investidor para os fundos multimercados.

Essa classe de ativos vem sofrendo com os clientes realizando bilhões em resgates nos últimos anos, mas pode se beneficiar do atual ciclo de queda nos juros, apontando uma reversão na tendência para ganhos líquidos de recursos. “A gente começa a ver distribuição do risco para a nossa classe, acreditamos que teremos meses de captação positiva”, diz Ricardo Cará, head de multimercado da EQI Asset.

Em agosto, quando o BC iniciou a série de cortes, os fundos multimercados registraram uma captação líquida positiva de R$ 9,1 bilhões, segundo os dados mais recentes da Anbima. A captação consistente interrompeu uma sequência majoritária de quedas iniciada em 2022, quando foram resgatados mais de R$ 26,6 bilhões.

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Apesar disso, em 2023, o saldo ainda é negativo e se aprofundou em relação ao ano passado, com retirada de R$ 47,4 bilhões no total dos oito meses analisados.

A pandemia e o ciclo global de aperto monetário prejudicaram bastante os fundos ao olhar dos investidores, mas essa fase dá sinais de mudança, com a perspectiva de ambiente mais favorável e inflação mais baixa num horizonte de seis meses para frente, com os países emergentes e desenvolvidos vendo a inflação convergindo para a meta.

"Tem gente se movimentando, em julho quando o debate de corte de juros se firmou, a gente parou de ver resgates e em agosto vemos captação positiva pequena. Achamos que vai se prolongar ao longo do tempo", diz Cará.

O caminho do meio

Os multimercados representam meio do caminho entre o conservadorismo da renda fixa e a agressividade do mercado de ações.

Entre os profissionais do mercado, esta é uma alternativa para o investidor que deseja obter maiores retornos, sem se expor a um risco excessivo, ainda que ele exista.

Os fundos classificados como multimercado são regulados pela Instrução CVM nº 555/2014 e possuem políticas de investimento que envolvem variados fatores de risco, sem o compromisso de concentração em qualquer fator em especial, com maior liberdade na aplicação do capital de seus cotistas.

Esse tipo de fundo é popular no varejo por perseguir um índice de renda fixa que é o CDI e sua carteira é composta em sua maior parte por títulos públicos, derivativos, moedas e ações.

Diferentemente de outros tipos de fundos, não há obrigação de atrelar seu capital em ativos específicos, assim como um fundo de renda fixa deve estar vinculado à variação de taxa de juros e índices de preços, fundos de ações baseados em ativos de empresas, ações propriamente ditas, fundos cambiais, commodities, operadas no Brasil e globalmente.

Confiança no gestor

Não há um mandato específico para o gestor de multimercado: o seu perfil é totalmente atrelado à sua política de investimentos. E este talvez seja o maior risco do produto.

O investidor precisa confiar na equipe e na estrutura do fundo onde está aplicando suas economias e acreditar na capacidade do gestor de continuar performando bem, o que é frequentemente colocado à prova.

Levantamento da Economática feito a pedido do E-Investidor mostra que, de pouco mais de 2220 fundos MM disponíveis no mercado, cerca de 400 conseguiram bater o seu principal benchmark. Saiba mais clicando aqui.