A primeira da lista é a Desktop Sigma (DESK3), que atua no mercado de telecomunicações, com foco no fornecimento de acesso à internet via fibra ótica. “É uma das empresas mais baratas da Bolsa, com expansão garantida pela frente, eficiente na operação, margens altas e uma alavancagem operacional (capacidade de transformar lucro operacional em dinheiro disponível) importante”, diz o gestor.
Segundo ele, devido às aquisições passadas e a forma como foram feitas, a DESK3 ainda não está gerando caixa operacional. “Mas é uma questão de tempo. A empresa é muito bem gerida e potencialmente forte geradora de caixa.”
Pelo último balanço, a Desktop obteve receita de R$ 292 milhões (+11% ao ano), Ebitda de R$ 150 milhões (+11% a.a) e margem Ebitda de 51,4%. A margem líquida, no entanto, foi de 7,8%. No mês, seus papéis valorizam acima de 2,5%, com queda de 45% em 12 meses. O múltiplo P/VP – que compara o preço da ação com o valor patrimonial por ação – indica que a empresa está negociada abaixo do valor contábil. Hoje, o mercado avalia a companhia em apenas 70% do seu patrimônio líquido, sugerindo que ela pode, realmente, estar subvalorizada.
Dividendos da Copel
A segunda da lista de Luiz, da Trópico, é a Copel (CPLE6), estatal paranaense do setor de energia e saneamento, famosa no mercado pelos dividendos. “A Copel está próxima de anunciar uma nova política de dividendos, estabelecendo metas de alavancagem e diretrizes de alocação de capital”, diz o gestor.
Segundo ele, a empresa tem uma situação financeira confortável o bastante para pagar todo o seu lucro líquido aos acionistas (ou seja, distribuir 100% dos lucros na forma de dividendos) por vários anos seguidos. Isso sem comprometer sua saúde financeira, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda (lucro operacional), que não passa de 3 vezes, “assumindo que não haja investimentos adicionais”. Empresa bem gerida e previsível, opina.
No mês, a CPLE6 sobe quase 3% e, no ano, mais de 16%. Pelo critério preço/lucro (P/L), a empresa está entre as mais bem avaliadas do setor de energia elétrica atualmente, com um múltiplo de 11,34 — sinal de que o mercado atribui um bom valor aos seus lucros.
Setor de shoppings
A terceira companhia é a Allos (ALOS3), do setor imobiliário de shoppings. “A empresa apresentou resultado sólido no quarto trimestre, de 2024, refletindo crescimento nas vendas, aumento da ocupação e forte geração de caixa”, diz o gestor.
Segundo observa, o crescimento das vendas por metro quadrado foi de 10,7% ano sobre ano, enquanto a taxa de ocupação subiu para 96,8%, com taxa de inadimplência em queda. A ALOS3 vem sendo negociada a 80% do seu patrimônio líquido, num múltiplo mais em conta em relação às maiores do setor, como a Multiplan (MULT3) e Iguatemi (IGTI11). Em 2025, já valorizou mais de 10%.
Luiz chama atenção para o cap rate (taxa de capitalização) da Allos, medida usada para avaliar investimentos imobiliários. O indicador representa a rentabilidade anual de um ativo em relação ao seu valor de mercado. Quanto maior o cap rate, mais barato o ativo está em relação à renda que ele gera. “Em shoppings, a taxa de capitalização (cap rate) costuma ser de 7%, enquanto a ALOS3 negocia cap rate de 18%. Uma assimetria que não se justifica”, diz.
Sobrando dinheiro no caixa
Mostrando resultado e crescimento de distribuição de dividendos com Yield de 16% este ano, a Bemobi Mobile Tech (BMOB3) aparece no top 5 da Trópico. Esta é uma empresa focada na distribuição e monetização de aplicativos, games e serviços digitais móveis para países emergentes. “A receita líquida cresceu 11% sobre o ano anterior, com Ebitda ajustado de R$ 48 milhões e margem estável de 32,8%.”
Com situação confortável de liquidez e dívida líquida negativa, a BMOB3 vem de um histórico de crescimento de mais de 70% de receita nos últimos cinco anos. Só em 2025 já valorizou mais de 24% na Bolsa. “A geração de caixa foi de R$ 35,6 milhões (+15%), com caixa líquido de R$ 514 milhões.”
Mais uma defensiva
Por fim, Luiz traz outro papel defensivo, citando a Cemig (CMIG4), outra estatal (de Minas) do setor de energia, que reportou um 4T24 forte. Destaque para o seu segmento de distribuição, que teve um Ebitda ajustado de R$ 923 milhões, 17% acima do esperado e com alta de 18% em relação ao ano anterior. “A companhia anunciou R$ 1,88 bilhão em dividendos adicionais, elevando o total de proventos de 2024 para R$ 5,15 bilhões, o que representa um dividend yield de 14%.”
Em relação ao P/L é uma das ações mais baratas do setor e vem num 2025 de correção, com seus papéis caindo quase 8% depois de um 2024 de forte valorização, acima dos 40%.