- S&P Dow Jones exclui Carrefour Brasil de índice de sustentabilidade
- A iniciativa foi a primeira da América Latina e a quarta desse formato criado no mundo
- Até o fim do ano passado, o índice de empresas sustentáveis da B3 teve uma valorização de 315%
(Por Aléxis Cerqueira Góis, especial para o E-Investidor) – O mercado de ações de empresas sustentáveis está na “adolescência” no Brasil. Há apenas 16 anos, a Bolsa de Valores do Brasil criou o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3), iniciativa que foi pioneira na América Latina e a quarta desse tipo criada no mundo.
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Apesar disso, desde que foi criado até o final do ano passado, o índice de empresas sustentáveis da B3 teve uma valorização de 315%, enquanto o principal indicador da bolsa, o Ibovespa, registrou um crescimento de 273%. As ações ligadas à sustentabilidade também sofreram menos turbulências, com uma volatilidade de 25,62%, contra 28,10% do Ibovespa.
Para compor o índice de sustentabilidade, a B3 convida as empresas que detêm as 200 ações mais líquidas em negociação. As companhias respondem a um questionário sobre práticas sustentáveis com o intuito de comprovar que estão elegíveis para participar do ISE B3.
Atualmente, o Índice de Sustentabilidade Empresarial é composto de 46 ações, de 39 empresas, que somam R$ 1,8 trilhão em valor de mercado — o equivalente a 38% do total de todas as companhias negociadas na bolsa de valores. Dois terços das empresas sustentáveis da bolsa também estão listadas no segmento do Novo Mercado.
Por que a sustentabilidade atrai investidores?

A preocupação com o futuro do planeta tem feito governos, instituições e a população, em geral, darem mais atenção a questões relacionadas à sustentabilidade. Por esse motivo, o tópico se tornou um grande diferencial competitivo na hora de atrair investidores.
Segundo levantamento da consultoria Bain & Company, que contatou os executivos das 20 maiores companhias de bens de consumo do Brasil, todos os negócios consideram importante a adoção de práticas ambientais, sociais e de governança, conhecidas também pela sigla em inglês ESG (Environmental, Social and Corporate Governance). Apesar disso, apenas 5% afirmam que conseguiram adotar com sucesso o conceito em suas organizações.
As empresas que adotam práticas ESG correm menos riscos regulatórios, por cumprirem leis e regulamentos ambientais. Essas companhias também reduzem o risco físico ao mitigar a poluição ambiental e diminuir a degradação dos recursos naturais. As práticas sustentáveis ainda facilitam o acesso a financiamentos e a consumidores mais exigentes.
As organizações que conseguem incorporar as práticas crescem até seis vezes mais, conseguem dobrar o valor da marca, multiplicam por quatro a participação no mercado doméstico e por três a lealdade de seus clientes, de acordo com a pesquisa.
Quais são as boas práticas do Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3?

O questionário adotado para selecionar companhias participantes do Índice de Sustentabilidade Empresarial B3 verifica as boas práticas adotadas no ambiente corporativo nas dimensões ambiental, social, econômico-financeira e de mudanças climáticas, divididas em quatro critérios:
- política (indicadores de comprometimento)
- gestão (indicadores de programas, metas e monitoramento)
- desempenho
- cumprimento Legal (reporte, no caso da dimensão climática)
A B3 destaca que todas as organizações que participam da carteira do índice em 2021 têm processos e procedimentos implementados de gestão de riscos corporativos que consideram aspectos de curto, médio e longo prazos, sendo acompanhados pelo Conselho de Administração.
Além disso, todas as empresas do Índice de Sustentabilidade Empresarial da B3 declaram utilizar a Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como referência para identificar e integrar aspectos relevantes de sustentabilidade em seus negócios.
Empresas que participam do ISE B3
Entre as empresas que compõe o Índice de Sustentabilidade Empresarial B3 em 2021, apenas cinco são responsáveis por mais de 40% da carteira teórica.
Esse balanceamento é realizado a partir dos ativos disponíveis para negociação, considerando também valores referentes à distribuição de dividendos, aos juros sobre capital próprio e rendimentos, aos direitos de subscrição e a outros fatores.
Petrobras (PETR3; PETR4)
A Petrobras tem uma preocupação especial com as mudanças climáticas. Em 2020, a empresa investiu mais R$ 145 milhões em iniciativas relacionadas às questões socioambientais — como iniciativas que atuam na recuperação ou na conservação direta de florestas para promover a fixação de carbono.
A companhia estima que 870 mil toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas na atmosfera em decorrência dos projetos que incentiva. No último ano, a petrolífera conseguiu reduzir em 5% as emissões absolutas de gases de efeito estufa em comparação com 2019.
WEG (WEGE3)
A WEG tem a sustentabilidade em seu DNA. A empresa tem como principal atividade a produção de motores elétricos, com soluções desde a geração de energia até o consumo.
Entre os principais setores de foco da companhia alinhados a uma economia de baixo carbono, estão as energias renováveis e a mobilidade elétrica. A WEG também investe na eficiência energética e industrial, inclusive com a adoção de soluções digitais.
Suzano (SUZB3)
A Suzano é a maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, responsável por 60 marcas de produtos relacionados ao papel. A empresa busca garantir a eficiência de recursos, com a redução de resíduos e mitigação de impactos ambientais em toda a sua cadeia de produção.
A companhia também investe na preservação de 900 mil hectares de mata nativa e promove projetos de geração de renda, além de melhoria da educação em comunidades vizinhas às suas unidades de produção.
Natura (NTCO3)
Há 21 anos, a Natura fez um compromisso com a preservação da Amazônia. Desde então, a companhia ajudou a conservar 2 milhões de hectares do bioma. A empresa passou a investir também em iniciativas para apoiar a exploração da floresta garantindo a sua conservação.
Nos últimos 10 anos, movimentou R$ 2,1 bilhões em volume de negócios das cadeias produtivas sustentáveis na Região Amazônica, beneficiando 7 mil famílias locais.
Lojas Renner (LREN3)
A rede varejista lançou o conceito de “moda responsável”, que engloba iniciativas relacionadas ao engajamento contínuo para a sustentabilidade, como o desenvolvimento social e econômico, assim como o uso sustentável de recursos naturais em toda a sua cadeia produtiva.
A companhia aderiu voluntariamente a compromissos como Pacto Global das Nações Unidas, Princípios de Empoderamento das Mulheres e o Pacto pela Erradicação do Trabalho Escravo.
A Renner ainda estabeleceu metas internas de redução de emissões de CO2. Em 2020, conseguiu diminuir em 37% a produção de gases de efeito estufa em comparação com 2017.