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Entenda por que vale a pena ter IPCA+ na carteira com inflação alta

Risco fiscal ajudou a reforçar ainda mais a perspectiva de investimento na renda fixa

Entenda por que vale a pena ter IPCA+ na carteira com inflação alta
(Foto: Envato)
  • Economistas explicam que a alta da inflação vista em outubro já era esperada, mas passa algumas mensagens importantes
  • Uma delas é de que o curto prazo deve ser de volatilidade, com incerteza fiscal podendo agravar a pressão inflacionária
  • Por isso, investimentos em títulos como o Tesouro IPCA+ ainda são recomendados como boas opções para proteger o patrimônio e garantir boa rentabilidade real

O boletim Focus divulgado na segunda-feira (14) trouxe pela terceira semana consecutiva uma piora nas expectativas do mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Depois de dezenas de semanas em queda, a projeção de inflação para 2022 foi reajustada de 5,63% para 5,82% no acumulado de 12 meses.

A revisão vem em linha com a alta mensal de 0,59% em outubro ante setembro, divulgada na última semana – a primeira depois de três meses de deflação.

Se por um lado os números reforçam a mensagem de que a batalha contra a inflação não está ganha, por outro mostram para os investidores de renda fixa que ainda faz sentido manter as posições em títulos atrelados ao IPCA.

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Embora a alta do IPCA em outubro não seja surpresa, dá alguns indicativos importantes sobre a pressão inflacionária no País, explica Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital. O primeiro deles é que, se não fossem os movimentos do governo para reduzir a alíquota do ICMS de combustíveis e energia, a inflação não teria dado trégua em nenhum mês de 2022. “Tirando esse movimento, que é única e exclusivamente gerado por medidas legislativas e não por fenômenos macroeconômicos, não teríamos visto deflação em nenhum mês no ano. Era esperado que a inflação voltasse a subir e foi o que aconteceu”, pontua.

A tendência é de que o mercado volte a revisar as expectativas de curtíssimo prazo para a inflação até o fim de 2022. Principalmente porque o fim de ano costuma ser uma época mais movimentada, com pagamento de 13º salário e gastos maiores em serviços, explica a economista. “A pressão inflacionária ainda existe e é natural que daqui para frente a gente veja novos ajustes na expectativa de inflação para 2022 e inclusive para 2023”, diz.

Ainda assim, a alta recente no IPCA não indica necessariamente uma virada de chave negativa. Dalton Gardimam, economista-chefe da Ágora Investimentos, destaca que a Selic elevada demora a causar efeitos na economia, mas que o atual patamar de juros de 13,75% ao ano deve ser suficiente para fazer a inflação baixar. “É praticamente impossível que um juro real de 8% não seja suficiente para conter a inflação. O problema hoje é dar tempo ao tempo”, afirma.

Até lá, porém, o curto prazo promete volatilidade. Principalmente dada a incerteza com a transição política e a expectativa de que o novo governo Lula aumente os gastos públicos para financiar novos programas sociais. O que poderia acelerar novamente a pressão inflacionária e manter os juros em alta por mais tempo.

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E é justamente por causa dessa incerteza que os especialistas defendem que os títulos atrelados à inflação são boas opções. “Tem uma incerteza inflacionária para 2023 e dúvidas ainda para 2024. Porque não garantir uma taxa real de 5,6% com a proteção de inflação?”, questiona Gardimam.

Os títulos atrelados à inflação, como o Tesouro IPCA+, são híbridos, remunerando uma parte pós-fixada em inflação e outra prefixada no momento da aplicação. Por isso, garantem sempre um juro real; isto é, rendimento sempre maior do que a inflação do período. “Se imaginarmos vários anos daqui para frente a situação de estresse fiscal, a melhor opção ainda é estar em um instrumento indexado à inflação”, diz o economista da Ágora.

Para Caio Canez de Castro, especialista em investimentos da GT Capital, os títulos IPCA+ já estavam bem atrativos, mas a elevação do risco fiscal na última semana ajudou a reforçar ainda mais a perspectiva de investimento na renda fixa. As incertezas vêm principalmente da discussão política em Brasília, onde a equipe de transição do novo governo discute com o Congresso um espaço fora do Teto de Gastos para financiar os programas sociais prometidos em campanha.

“Essa atratividade era praticamente exclusiva aos títulos de longo prazo como vencimentos em 2026 em diante, por exemplo”, diz ele. Agora, com os atuais dados de inflação e indicações do mercado, esses ativos ficam atrativos também para prazos menores. “Destaco o Tesouro Direto IPCA+ (NTN-b) com vencimento em 2024, por ter em sua parte prefixada uma rentabilidade maior que os juros reais projetados pelo mercado no boletim Focus”, pontua Castro.

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