Dalton Gardimam, economista-chefe da Ágora Investimentos
Em um cenário em que a inteligência artificial (IA) domina as discussões, o economista-chefe da Ágora Investimentos, Dalton Gardimam, propõe uma reflexão sobre como essa tecnologia impactará o mundo dos investimentos. Segundo ele, investir é sempre lidar com incertezas sobre o futuro, equilibrando risco e retorno. A IA surge como um método radicalmente novo para lidar com essa equação, democratizando o acesso a dados e análises antes restritos a profissionais.
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Dalton destaca três dimensões em que a IA deve provocar mudanças profundas: seleção de investimentos, produção e comunicação de análises financeiras e rentabilidade do capital. No processo de escolha de ativos, algoritmos de aprendizado de máquina poderão cruzar variáveis antes impossíveis de serem processadas em conjunto, desde indicadores macroeconômicos até sinais sutis em entrevistas de executivos. Isso permitirá sistemas de recomendação altamente personalizados, adaptados ao perfil e até às preferências implícitas do investidor. Mas surge uma questão: até que ponto cederemos autonomia a sistemas que não compreendemos por completo?
Research Hiperpersonalizado
No campo do research, a IA já é capaz de sintetizar relatórios em segundos, analisar milhões de páginas de documentos regulatórios e identificar padrões invisíveis ao olho humano. Relatórios poderão ser hiperpersonalizados, ajustados ao nível de conhecimento, tolerância ao risco e objetivos de cada investidor. Ainda assim, Dalton alerta: não existe “a melhor solução” única em economia ou valuation. Por isso, paradoxalmente, a disseminação da IA pode aumentar a importância do julgamento humano, da criatividade e da capacidade crítica, que são atributos que a máquina não substitui.
Quanto à rentabilidade, a IA tende a reduzir oportunidades de arbitragem, já que algoritmos operam em microssegundos e fundos quantitativos exploram padrões ocultos em dados alternativos, como imagens de satélite e sensores logísticos. No curto prazo, isso pode gerar ganhos para quem adotar cedo as ferramentas certas. No médio prazo, porém, a difusão dessas tecnologias tende a achatar retornos, já que todos terão acesso aos mesmos modelos. “Quando todos comprarem as mesmas ações e títulos, como ficará a rentabilidade?”, provoca Dalton.
Aprendizagem contínua, mesmo com IA
Apesar do fascínio com as possibilidades, o economista lembra que ainda não há evidências de aumento significativo de produtividade global desde a popularização da IA, e que profissões que exigem julgamento complexo continuam desafiando a automação. Para o investidor individual, a recomendação é clara: aprender a usar cada novo recurso, sem renunciar à visão estratégica e do senso crítico. “Quanto mais usamos a máquina, talvez mais precisemos, em algum elo dessa cadeia, de seres humanos com ainda mais capacidades”, conclui.
Disclaimer: Este material é distribuído somente com o objetivo de prover informação e não configura oferta ou recomendação de produto. As informações contidas neste material são confiáveis na data da sua publicação. Consulte os riscos das operações e a compatibilidade com seu perfil antes de investir, evitando operações inadequadas ou que estejam desenquadradas ao seu perfil no momento da adesão. Para mais informações, acesse www.agorainvestimentos.com.br.