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Investimento em venture capital no Brasil cai 42% no 1º tri, diz KPMG

Ainda assim, o resultado visto no início deste ano é o terceiro maior da série, iniciada em 2014

Investimento em venture capital no Brasil cai 42% no 1º tri, diz KPMG
A KPMG estima que o mercado global de Venture Capital deve ficar estável no segundo trimestre de 2022. Foto: REUTERS/Adriano Machado
  • O aumento da inflação e das taxas de juros devem manter o investimento em Venture Capital relativamente estável nos trimestres seguintes, aponta a KPMG em relatório, citando a eleição presidencial como fator de cautela para os investimentos de risco

Aramis Merki II – Os investimentos em venture capital (VC) no Brasil somaram US$ 1,54 bilhão no primeiro trimestre de 2022, queda de 42% em relação ao quarto trimestre de 2021. É o segundo recuo consecutivo após o valor recorde do terceiro trimestre do ano passado (US$ 3,01 bilhões).

Ainda assim, o resultado visto no início deste ano é o terceiro maior da série, iniciada em 2014. O levantamento é da consultoria KPMG.

O aumento da inflação e das taxas de juros devem manter o investimento em Venture Capital relativamente estável nos trimestres seguintes, aponta a KPMG em relatório, citando a eleição presidencial como fator de cautela para os investimentos de risco.

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“No ecossistema de startups, capacidade de escalar sempre foi e continuará sendo importante na busca por capital. Com os juros em novos patamares, que há muito tempo não se viam no Brasil, a cobrança por retorno certamente começa a pesar um pouco mais na conta dos pitches”, afirma Jubran Coelho, sócio-líder da área de empreendimentos privados da KPMG no Brasil.

As fintechs brasileiras continuaram atraindo a maioria dos investimentos no primeiro trimestre. O levantamento destaca os aportes de US$ 300 milhões da Neon, além de investimentos em empresas como Creditas (US$ 260 milhões), Velvet (US$ 200 milhões) e Flash (US$ 100 milhões).

Em todo o mundo, os investimentos caíram 24,5% no primeiro trimestre do ano, na comparação com o período imediatamente anterior. O total em aportes recuou de US$ 191,9 bilhões em 10.775 negócios para US$ 144,8 bilhões em 9.349 negócios.

Empresas de sete países atraíram os dez maiores negócios no primeiro trimestre, incluindo Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Índia, China, Turquia e Estônia. Nas Américas, os Estados Unidos responderam por três dos maiores negócios na região, O país totalizou US$ 77,6 bilhões em investimentos no período, em 4.138 negócios.

Globalmente, a saída dos fundos de Venture Capital das empresas investidas (que ocorrem por meio de IPOs ou venda para outras companhias) caiu mais de 64% na comparação trimestral, de US$ 344,2 bilhões para US$ 122,3 bilhões. “Os mercados de capitais em todo o mundo apresentaram um início de ano turbulento, o que inviabilizou a maioria das operações de IPO e a reciclagem de capital de gestores em geral. O aumento da tensão geopolítica e um cenário macroeconômico global desafiador, com juros e inflação mais altos, tem resultado em maior cautela por parte de investidores de Venture Capital no Brasil”, afirma Rodrigo Guedes, líder de assessoria em mercados de capitais da KPMG no Brasil.

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A KPMG estima que o mercado global de Venture Capital deve ficar estável no segundo trimestre de 2022. “Os investidores desse mercado provavelmente continuarão cautelosos e estarão concentrados em empresas mais maduras, o que pode preocupar startups que procuram financiamento pela primeira vez ou estão nos estágios iniciais de crescimento”, aponta o levantamento.

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