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Fraqueza de IPOs nos EUA indica ressaca mais prolongada que o esperado

Avanço nas taxas de juros desde o início de 2022 deprimiu a atividade de acordos na maior economia do mundo

Fraqueza de IPOs nos EUA indica ressaca mais prolongada que o esperado
Fachada da bolsa Nasdaq com o icônico painel animado. (Foto: Shutterstock/Goran Vrhovac/Reprodução)

A prolongada fraqueza nas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) nos Estados Unidos diverge de seus padrões históricos de atividade, o que indica que esse mercado pode estar sofrendo de uma prolongada ressaca após um boom ocorrido três anos atrás, segundo estudo recente. O movimento pode também ser um sinal de que as companhias de private equity (investimento essencialmente em empresas que ainda não são listadas em bolsa) podem ter de esperar mais por uma retomada antes de se desfazer de seus investimentos.

O avanço nas taxas de juros desde o início de 2022 deprimiu a atividade de acordos nos Estados Unidos e dificulta a venda de companhias para as organizações de private equity. A fraqueza dos IPOs não colabora. Pesquisadores dizem que os movimentos em IPOs continuam a ser um sinal sobre a atividade de acordos em private equity.

“Há uma prolongada tendência secular em relação a um número menor de IPOs, mas há ainda elevada variação cíclica, com saltos em IPOs que correspondem a saltos nas atividades de fusões e aquisições”, comentou Gregory Brown, professor de Finanças e diretor de pesquisas do Instituto para Capital Privado da Universidade da Carolina do Norte.

Companhias de private equity adquiriram apenas 14 empresas com negociações públicas nos EUA em 2023, uma a mais que em 2022 e um décimo das 140 de 2021, quando houve um salto no mercado de IPOs, segundo a PitchBook Data. No ano passado, as novas companhias listadas por empresas de private equity caíram 74% abaixo da média anual entre 2011 e 2020, acrescentou ela.

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No total, 54 empresas realizaram IPO nos EUA no ano passado, acima das 38 de 2022. Trata-se do biênio mais fraco desde a crise financeira de 2008, quando houve uma paralisação dos IPOs, segundo dados de Jay Ritter, pesquisador do Warrington College of Business, da Universidade da Flórida. “É surpreendente para nós que, diante da forte reação nos preços das ações, não tenhamos mais atividade de IPO”, comentou Ritter.

Sentimento dos investidores para IPOs

Brown e um colega divulgaram neste mês uma análise que avaliou estudos anteriores para determinar os motores das atividades de IPO. Ela mostrou que o volume de novas listagens reflete o desempenho do mercado acionário, a inflação e o sentimento dos investidores, entre outros fatores. A dupla então construiu um modelo baseado em variáveis que correlacionam IPOs ao sentimento dos investidores, enquanto os custos de crédito representavam as condições gerais financeiras, comentou Brown.

Apesar de corresponder bem com os dados históricos, o modelo divergia bastante do pico de IPOs de meados de 2020 até fins de 2021. Também previa que haveria muitos outros IPOs do que o visto no ano passado. Brown disse que o mercado poderia ainda estar se curando dos excessos de três anos atrás, quando os juros estavam perto de mínimas históricas, as avaliações sobre os negócios dispararam e companhias correram para aproveitar esse cenário.

Fonte: Dow Jones Newswires