

*Nota da redação: a matéria foi alterada no dia 10/04/2025, às 9h40, para incluir uma informação sobre cancelamento de ações e ajustar datas que foram informadas pela empresa. Após a publicação, o IRB procurou a reportagem e pediu a alteração dos dados informados. A versão original dizia que a retomada dos dividendos ocorreria em 2026, com divulgação em 2027. O texto foi corrigido.
O IRB (IRBR3) deve anunciar a retomada de pagamentos de dividendos ao investidor a partir do balanço do quarto trimestre de 2025, divulgado no início de 2026, disse Frederico Knapp, vice-presidente financeiro (CFO), em entrevista exclusiva ao E-Investidor nesta quarta-feira (9).
De acordo com o executivo, os dividendos do IRB devem voltar para os bolsos dos acionistas quando a companhia zerar o prejuízo acumulado na operação. No quarto trimestre de 2024, a empresa reportou perdas de R$ 15,9 milhões. Com o cancelamento de 420.125 ações ordinárias que estavam em Tesouraria, a companhia diz que este valor pode subir para R$ 283,8 milhões até o fim deste ano.
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“Precisamos entender os índices regulatórios da operação. Temos dois índices da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). O primeiro é o de solvência e o segundo é o de liquidez. Uma vez atendidos, mais as debêntures que temos que pagar, podemos começar a colocar alguma previsão de pagamento de dividendos do IRB para os acionistas”, explicou Knapp ao E-Investidor.
Questionado sobre o volume do pagamento dos dividendos da empresa que seriam anunciados, o executivo disse que a proposta de remunerar acionistas com 25% do lucro em dividendos (payout), comentada na última teleconferência de resultados, está mantida. A última vez que o IRB pagou dividendos foi em 8 de setembro de 2021, no valor de R$ 0,03 por ação.
A companhia passa por uma forte reestruturação, com novos executivos, após uma sequência de prejuízos e uma fraude contábil em 2020.
Quais seriam os impactos da guerra comercial sobre o IRB?
Durante a entrevista, o executivo explicou que ainda é muito cedo para dizer se o Brasil seria beneficiado com a guerra comercial entre os Estados Unidos e China. No entanto, ele não negou a possibilidade de maior compra de produtos agrícolas brasileiros por parte da China, um setor pelo qual o IRB se interessa na participação de mercado.
“O setor de seguros é parte importante para o nosso mercado, que poderia ter esse benefício da guerra comercial pensando no médio e longo prazo. Ainda estamos apurando como vai funcionar. Após essa fase, podemos tomar uma decisão mais acertada sobre o assunto”, afirmou o CFO ressaltando que a companhia ainda não alterou suas estimativas para o fim de 2025 por causa da guerra comercial.
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No último balanço do IRB, analistas do mercado financeiro reafirmaram que a empresa estava com a rentabilidade, medida pelo retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) abaixo do custo de capital (Selic). O ROE do IRB foi de 10,2% no quarto trimestre de 2024, enquanto a Selic encerrou o ano passado a 12,25%.
Sobre esse ponto, o executivo comentou que a empresa fez uma limpeza em seu balanço e está procurando em 2025 ter uma rentabilidade sólida e focada no médio e longo prazos. “Limpamos bastante o nosso portfólio, trazendo riscos que fazem sentido, que estão adequadamente precificados. E isso vai começar a se traduzir em resultado estimado de forma mais efetiva. Por isso, não tem nenhuma expectativa de mudanças bruscas dentro da nossa expectativa de resultados até o fim do ano”, disse o executivo do IRB (IRBR3).