Ellen Steter, especialista da Ágora Investimentos (Foto: Ágora Investimentos)
Para Ellen Steter, especialista da Ágora Investimentos, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de subir a Selic para 14,25% ao ano, tomada nesta quarta-feira (19), só reforça uma tendência: o domínio da renda fixa nos portfólios de qualquer tipo de investidor, do mais conservador ao arrojado.
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“A sinalização de elevações da taxa de juros acabou deixando a renda fixa como a menina dos olhos de qualquer carteira de alocação”, diz Steter, em entrevista ao E-Investidor. Nessa classe de ativos, a Ágora prefere os pós-fixados, que são títulos conservadores que seguem a variação da Selic, como o Tesouro Selic. Somente esta categoria deve preencher 58% dos portfólios moderados.
Os títulos atrelados à inflação, que hoje pagam um “juro real” (prêmio acima da inflação) de quase 7,6% ao ano, abocanham outros 16,5% da recomendação de alocação da Ágora. É o caso, por exemplo, do Tesouro IPCA+, conhecido por ajudar os investidores a manter o poder de compra frente ao avanço dos preços dos produtos e serviços no País.
Uma fatia menor, de 5%, deve ficar com os títulos prefixados, em função da volatilidade – esses papéis de renda fixa oferecem um juro “fixo” ao ano, mas caso o investidor queira vender os ativos antes do vencimento combinado, poderá ter prejuízos. Os prefixados sofrem bastante com a “marcação a mercado”, ou seja, os preços dos títulos variam para cima ou para baixo conforme as mudanças nas expectativas econômicas.
Em tese, quando a perspectiva é de juros maiores no futuro, quem tem esses ativos na carteira verá o dinheiro aplicado desvalorizar. Para ter exatamente a rentabilidade combinado, é preciso deixar os valores até o vencimento estipulado. Contando os prefixados, IPCA+ e pós-fixados, a renda fixa corresponde a quase 80% da recomendação de alocação da Ágora para as carteiras.
Menor espaço para Bolsa brasileira
Já as ações devem “morder” uma parcela bem menor do portfólio, de 4%, pensando em empresas consolidadas e boas pagadoras de dividendos. “Nós observamos, sim, a Bolsa como um ativo bastante atraente. Faz sentido o investidor ter, mas no curto prazo, de seis a 12 meses, entendemos que os prêmios de renda fixa estão super interessantes”, afirma Steter. Em relação à exposição a papéis estrangeiros, em 3%, Steter recomenda que a aplicação seja feita por meio de fundos multimercados que atuem em diversos mercados, como juros e moedas.
“Temos um cenário construtivo para renda variável, mas não é aquele cenário que qualquer ativo vai te entregar resultado. É preciso ter cuidado nas escolhas”, diz a estrategista da Ágora. Entre os riscos no radar, estão o endereçamento da dívida pública no País e os impactos da guerra comercial traçada pelo presidente americano Donald Trump no exterior.
“É um ambiente mais volátil, em que você acaba tendo que equalizar diversas variáveis. Por conta disso, a inclinação é olhar para umacarteira diversificada para que você consiga surfar por qualquer ciclo econômico sem grandes solavancos”, afirma Steter.
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