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- Segundo Barsi, se o governo for menos ruim do que o mercado está precificando, é possível ver uma trajetória positiva na bolsa, o que pode atrair capital estrangeiro
- Mesmo diante dessa possibilidade, a sócia-fundadora da empresa de educação digital Ações Garantem o Futuro (AGF) recomenda ao investidor apostar em ações com um perfil mais "defensivo"
Desde as eleições, o olhar do mercado segue voltado para a agenda política de Brasília. O comportamento não poderia ser diferente diante de algumas indefinições no campo econômico que ampliam a volatilidade na bolsa de valores. A principal delas é a definição do novo arcabouço fiscal que deve substituir a regra do teto de gastos.
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Apesar da espera e da desconfiança dos investidores sobre a garantia de uma responsabilidade do novo governo com as contas públicas, o ministro da Fazenda Fernando Haddad afirmou que a nova âncora fiscal deve ser aprovada na Câmara dos Deputados até o fim de abril. Veja os detalhes nesta reportagem.
Ter um prazo no radar pode ser um sinal positivo. No entanto, o mais importante, na avaliação de Louise Barsi, economista e sócia-fundadora da Ações Garantem Futuro (AGF), será como a nova equipe econômica irá executar os projetos. “Tudo vai depender não só da fala, mas sim da execução desse plano e da interlocução que o novo governo terá com o Congresso”, avalia.
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É neste ponto que, segundo Barsi, o mercado espera que a nova gestão tenha “bom senso” com as contas públicas para que a trajetória da curva de juros no país não siga um movimento de alta. Caso isso ocorra, o Brasil deixa de ser atrativo para os investidores estrangeiros mesmo diante de um cenário macroeconômico adverso.
“O que define a alocação de capital do mundo é a taxa de juros real”, afirma. “O novo governo não precisa ser bom. Se a nova gestão for menos pior do que o mercado imagina, acredito que a bolsa apresente uma melhora significativa e receba capital estrangeiro.”
Ao E-Investidor, Barsi falou sobre as ações que devem estar no radar do investidor diante do cenário econômico interno e externo desafiador para os negócios. Confira os principais trechos da entrevista:
E-Investidor – Qual é o fator político mais importante neste momento e que deve estar no radar dos investidores?
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Louise Barsi – O mercado é uma entidade apartidária e sempre vai defender os seus próprios interesses. Devido às sinalizações logo após as eleições, o mercado precificou uma tendência de um governo mais parecido com o da ex-presidente Dilma Rousseff, com um perfil mais intervencionista e com perdulários no campo fiscal. Agora estamos no aguardo dessa confirmação do novo arcabouço fiscal, na qual o ministro da Fazenda Fernando Haddad chamou de “plano de voo” para a economia.
A verdade é que o cenário já está traçado e há duas possibilidades. A primeira se trata de um respeito ao teto de gastos e de controle inflacionário. A tendência é que a curva de juros se inverta e vire para baixo. A segunda é continuar seguindo aquilo que prometeu o que faria que é ser um governo mais intervencionista e mais perdulário. Desta forma, a política monetária vai ter que ficar correndo atrás do prejuízo, tentando corrigir o cenário fiscal, o que exigiria manter o patamar da taxa de juros em um nível mais elevado por muito mais tempo.
Os efeitos da agenda política na bolsa podem abrir uma janela de oportunidade para o investidor?
Barsi – A tendência é que o mercado exagere sempre no pessimismo diante de um cenário macroeconômico mais desafiador. Cabe ao investidor saber ou tentar farejar o quanto esse pessimismo está no “preço”. Os Estados Unidos e a Europa devem entrar em recessão econômica, há os efeitos da covid-19 na China e a guerra entre Rússia e Ucrânia fazendo preço no exterior.
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Vivemos um momento extremamente conturbado e o pensamento dos investidores pessoa física é o mesmo dos gestores internacionais. Por qual motivo vou me expor aos riscos da bolsa se já tenho um ganho de 15% nos ativos de renda fixa? Para nós que colecionamos ações, o mercado sempre precifica exagero e acredito que estejamos com uma margem de segurança bastante considerável porque o Ibovespa está negociado sete vezes o seu preço sobre lucro (7xP/L). Isso costuma um bom patamar em relação ao histórico e podemos ver “bons pontos de entrada” em algumas empresas.
Com a estabilização da taxa de juros no Brasil, o país se torna atrativo para o investidor estrangeiro em 2023?
Barsi – O que define a alocação de capital do mundo é a taxa de juros real. O Brasil possui a maior taxa de juros real do mundo. Por que o fluxo de capital estrangeiro não está vindo para cá? Depende somente de nós. Precisamos mostrar um mínimo de segurança jurídica e bom senso no campo fiscal. O novo governo não precisa ser bom. Se a nova gestão for menos pior do que o mercado está imaginando, acredito que a bolsa apresente uma melhora significativa e receba capital estrangeiro.
Quais são as perspectivas para a Eletrobras para este ano, quando a companhia deve completar um ano de sua privatização?
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Barsi – Eu acho que é uma empresa e há bastante upside para capturar daqui para frente. No entanto, ela vai passar por um ciclo de investimento bastante robusto porque está bastante defasada. Estamos trocando as ações da Eletrobras por papéis que distribuem dividendos com muito mais frequência. Dificilmente fazemos essas trocas e, quando fazemos, costumam ser em função de uma perda de fundamento da tese de investimento ou quando a ação atinge um patamar de preço que não traz mais o interesse de compra. Usamos a valorização da Eletrobras para comprar ações de outras empresas pagadoras de dividendos que devem ser pagos de forma imediata.
Quais são essas empresas?
Barsi – Estamos bem otimistas com a AES Brasil (AESB3) e a Auren Energia (AURE3). O setor passou por uma crise hídrica bastante forte em 2021 e a palavra de ordem é investir e diversificar a matriz energética para mitigar esse risco. Passado esse momento de investimento, projetamos um aumento de rentabilidade para o segundo semestre de 2023.