Luiz Barsi fala quais ações possui em sua carteira e critica investimentos em fundos imobiliários (Foto: AGF/Divulgação)
O megainvestidor Luiz Barsi voltou a defender sua estratégia de longo prazo em ações e criticou fundos de investimento, como imobiliários e de previdência, que já lhe deram prejuízo no passado. No AGF Day 2025, em São Paulo, ele detalhou as empresas que compõem sua carteira, explicou como identifica companhias baratas e de qualidade e avaliou a chance de o Congresso aprovar a taxação de dividendos.
Na avaliação de Barsi, investir em fundos imobiliários não é um bom negócio. Ele contou que certa vez aplicou R$ 500 mil nesse tipo de fundo, após a insistência do gerente de sua conta. O investimento gerava uma renda passiva mensal de R$ 2 mil, mas, ao vender as cotas para resgatar o dinheiro, acabou tendo prejuízo.
“Fundo imobiliário não é para investir! Aportei R$ 500 mil, quando fui resgatar o dinheiro estava em um pouco mais de R$ 400 mil. Então, esse é um investimento que você nunca consegue vender acima ou no mesmo patamar em que comprou. Por isso, não vale a pena”, argumenta Barsi.
Ele lembrou também que sua experiência com fundos de previdêncianão foi positiva. Na segunda metade do século XX, Barsi chegou a aportar nesse tipo de produto, mas viu diversos fundos quebrarem na década de 1970. O episódio o atingiu diretamente e, desde então, o megainvestidor nunca mais aplicou nessa modalidade.
“Você faz investimentos em fundos de previdência contando que vai ter o dinheiro na aposentadoria e o fundo quebra?! Depois desse momento, parei de investir em fundos e foquei em ações”, relatou Barsi.
Como Barsi descobre se um investimento é bom para aportar?
Barsi destacou que escolher uma boa ação para investir pode ser uma ótima estratégia para construir renda passiva no longo prazo. No entanto, alertou que o ponto crucial é saber diferenciar uma ação de empresa realmente barata de outra cujo preço está baixo porque o negócio não tem boas perspectivas de rendimento.
Para conseguir separar o joio do trigo, o megainvestidor instiga o investidor a olhar o histórico da empresa e do setor. Um exemplo para o investidor seria o histórico do setor varejista. Para Barsi, esse segmento possui uma trajetória “terrível”, com diversas empresas entrando em recuperação judicial e sofrendo pela ciclicidade econômica.
“O histórico mostra se a empresa tende a ter um voo de galinha. O setor mostra quais são as empresas capazes de gerar bons proventos. O investidor também deve olhar qual é o foco da empresa. O Santander é de enviar dinheiro para a Espanha, a Klabin de remunerar os acionistas controladores. Esse ponto também é relevante”, afirma Barsi.
Barsi diz que sempre faz uma análise sob todos esses ângulos: histórico do setor, histórico da empresa e objetivo da empresa (pagar dividendos ou ainda se consolidar).
“Desse modo, eu analiso quais as empresas no setor que conseguem manter uma sustentabilidade capaz de gerar bons proventos e, então, eu posso eleger ou não o papel para compra”, explica Barsi.
Quais ações Barsi possui na carteira?
O bilionário voltou a defender o investimento em ações e revelou parte de sua carteira, que inclui Klabin (KLBN11), Santander (SANB11), Banrisul (BRSR6), Banco BMG (BMGB4) e Auren (AURE3). Segundo ele, essas companhias se destacam por atuarem em setores atrativos e constantes, fugindo do que chama de “voo de galinha”.
“O Banrisul se mostra uma empresa sólida mesmo diante dos problemas climáticos no Rio Grande do Sul, com períodos de seca intensa e chuvas torrenciais. Já a Auren é a terceira maior elétrica do país e tem histórico de pagar bons dividendos. Possuo essas ações há muito tempo, quando custavam centavos, e continuarei com elas na carteira”, afirmou Barsi.
Além dessas empresas, o megainvestidor também defendeu as ações do Banco do Brasil (BBAS3). O papel foi penalizado no mercado após reportar queda de 60% no lucro do segundo trimestre de 2025. Ainda assim, ele vê futuro no ativo — veja os detalhes nesta reportagem. Ao comentar sobre as empresas, o bilionário reforçou que não estava fazendo nenhuma recomendação de investimentos, mas somente compartilhando sua opinião e o que possui em sua carteira.
Dividendos devem ser taxados? Veja o que diz Barsi
Após comentar sobre as ações de sua carteira, Barsi abordou um tema espinhoso: a taxação dos dividendos.egundo ele, caso a medida seja implementada, a estratégia de investimentos baseada em proventos pode ter ganhos reduzidos. No entanto, Barsi argumenta que a Constituição brasileira proíbe a bitributação de resultados e, por isso, acredita que a proposta não deve avançar. Mesmo que seja aprovada, avalia que o impacto sobre o investidor não será tão significativo.
“Acontece que as empresas, em sua maioria, pagam mais juros sobre o capital próprio do que dividendos. E os juros sobre o capital próprio já recebem uma tributação de 15%. Sendo assim, a estratégia para o investidor não muda, visto que a maioria dos proventos já são tributados”, argumentou.
Em resumo, Barsi defendeu que o investidor saia de fundos — sejam imobiliários, multimercados ou de previdência — e concentre seus aportes diretamente em empresas que geram valor, caminho que, em sua visão, é o mais eficaz para construir uma boa renda passiva. Ele contou que, para chegar ao patrimônio atual, comprava 1.000 ações por mês. Reconheceu, porém, que naquela época tinha maior poder aquisitivo e que hoje o cenário pode ser mais desafiador para muitos investidores.
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“Mesmo que o investidor não consiga comprar 1 mil por mês, o importante é comprar. Os pequenos aportes hoje fazem uma grande diferença no longo prazo”, conclui Luiz Barsi.