Tarifas de 50% dos EUA sobre os produtos brasileiros entraram em vigor em agosto. (Foto: Adobe Stock)
Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e dos Estados Unidos, Donald Trump, devem se encontrar neste domingo (26) para negociar um possível acordo comercial em torno das tarifas americanas sobre os produtos brasileiros. O encontro ocorre em Kuala Lumpur, na Malásia, onde os dois chefes de Estado participam da 47ª Cúpula do bloco econômico do Sudeste Asiático (Asean), e pode influenciar, inclusive, o desempenho de companhias na Bolsa brasileira.
A expectativa é que, caso se viabilize, a reunião gere um avanço das negociações entre os dois países ao passo de reduzir as taxas sobre as companhias brasileiras.
Em julho, Trump isentou 694 produtos brasileiros da sobretaxa de 40%. Entre eles estão: as aeronaves da Embraer (EMBR3), seus motores, peças entre outros componentes. A ação sinalizou o primeiro de recuo do republicano em relação às medidas contra o Brasil. Ainda assim, a alíquota de 10% tende a pressionar os negócios da fabricante de aeronaves.
Como mostramos nesta reportagem, o UBS BB estima que a Embraer pode perder cerca de US$ 1,1 bilhão caso decida arcar com os custos das tarifas para manter seus preços e não perder sua participação de mercado. “Por ano, a empresa vai perder US$ 60 milhões. Se eu trouxer esse impacto para o valor de mercado hoje, a Embraer valerá um US$ 1,1 bilhão a menos. Agora, se for algo temporário, será uma queda de US$ 200 milhões”, explica Alberto Valério, analista do UBS BB.
O setor de proteínas também aguarda um acordo comercial entre os dois países que resulte em um alívio das tarifas sobre seus produtos. A carne bovina, assim como o café e pescados, continua sendo impactada pela tarifa de 50%. O peso dessa alíquota, contudo, não é uniforme porque cada frigorífico possui diferentes níveis de exposição ao mercado norte-americano e estruturas operacionais próprias para lidar com a nova realidade.
A Minerva (BEEF3) é a empresa mais exposta do setor. Como mostramos aqui, cerca de 5% da receita é proveniente da exportação de carne bovina brasileira para os Estados Unidos. Já a JBS (JBSS32) aparece como a menos vulnerável. Apenas entre 1% e 3% de sua receita global depende das vendas brasileiras para o mercado norte-americano.
A WEG (WEGE3)também possui exposição relevante aos EUA que permanece em torno de 8%. Para o UBS BB, a tarifa de 50% terá um impacto de margem de cerca de 2,5% (ou 11% do Ebitda estimado para 2026). No entanto, o banco destaca que a empresa tem flexibilidade de produção global (especialmente nos EUA e no México, que está isento de tarifas) e a restrição de capacidade de Transmissão e Distribuição (T&D) torna mais provável a absorção das tarifas por meio de aumentos de preços.
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Já nos resultados do seu balanço referente ao terceiro trimestre, a companhia conseguiu mitigar de forma eficiente os impactos das novas barreiras tarifárias. Segundo a Genial Investimentos, a WEG redirecionou as rotas de exportação entre suas diferentes operações globais, aproveitando a flexibilidade produtiva e a diversificação geográfica, foi um destaque positivo do trimestre.
“Fica evidente que estratégia evitou uma queda expressiva nas receitas e contribuiu a manutenção das margens no patamar dos trimestre anteriores”, ressaltou a corretora.
Quanto a Randon (RAPT4), que vende cerca de 4% de sua produção no Brasil para os EUA, a previsão também é de que a maioria dos produtos esteja sujeita à tarifa do setor automotivo de 25%. O UBS BB ressalta que a maioria das exportações pra os EUA é da Frasle Mobility, que pode ter alguma flexibilidade de produção com plantas nos EUA e no México.