Compra do Master pelo BRB ainda gera apreensão no mercado. (Foto: Envato Elements)
A novela envolvendo a compra do Banco Master pelo Banco Regional de Brasília (BRB), que já se estende há mais de mês, ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (9) de interesse do investidor de renda fixa. O Master fez um pedido formal ao Fundo Garantidor de Créditos (FGC) para viabilizar uma linha de empréstimo que o ajude a rolar suas dívidas, após a cisão e venda de parte de seus ativos.
Segundo apurou o Estadão, o objetivo é cobrir cerca de R$ 10 bilhões em compromissos a vencer nos próximos dois anos, incluindo de Certificados de Depósitos Bancários, os CDBs emitidos pelo Master com taxas muito acima da média do mercado, que inundaram a carteira do investidor pessoa física e, agora, precisam entrar na operação com o BRB. Leia com detalhes aqui.
O suporte do FGC daria fôlego aos vencimentos mais curtos de dívidas da instituição, cerca de R$ 500 milhões por mês. Junto a isso, estariam sendo negociados ativos de Daniel Vorcaro, controlador do Master. Assim, o banco ganharia tempo para negociar a venda de outros ativos.
“É um movimento para o Master conseguir arcar com seu passivo de curto prazo. Nos próximos dois anos ele tem bastante dívida a vencer, emitida a taxas bem fora do mercado”, resume Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos.
O pedido indica que o Master está enfrentando problemas de liquidez, graças à composição da carteira de crédito que inclui uma parcela considerável de ativos de risco e judiciais, como precatórios. Se essa fatia, avaliada em R$ 33 bilhões pela auditoria mais recente, ficar de fora do negócio com o BRB, o banco pode ter dificuldade de honrar o pagamento das dívidas, sobretudo as que vencem primeiro.
Por causa dessa incerteza, o pedido feito ao FGC acaba sendo uma notícia positiva para o investidor. “Isso traria mais tranquilidade, pois a linha de empréstimo ajudaria a honrar esses compromissos”, destaca Guilherme Almeida, head de renda-fixa da Suno Research.
Um ponto de atenção, segundo ele, é que esse tipo de socorro pelo FGC pode não receber apoio de outras instituições que também compõem o fundo. “O FGC é mantido pela contribuição de 0,1% de grandes instituições financeiras e há essa pressão por parte delas”, diz Almeida.
O que fazer com os CDBs do Master
Especialistas são unânimes em dizer que este não é o momento de investir em novos CDBs do Master. Ainda há muitas incertezas em relação à capacidade do banco de honrar os pagamentos e os rumos da operação com o BRB. Na dúvida, se o investidor não tem esses ativos na carteira, é melhor permanecer de fora.
Essa não é uma recomendação nova. Mostramos aqui, em abril, que os CDBs da instituição bombaram no mercado secundário desde que a compra pelo BRB foi anunciada. Era possível encontrar ativos pós-fixados a 160% do CDI, enquanto títulos pré pagavam quase 20% ao ano. Para especialistas, isso era um indicativo de investidores vendendo as posições da carteira.
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Mas esse movimento também não é recomendado pelos especialistas – nem o resgate antecipado, se o investidor estiver dentro do limite de R$ 250 mil de cobertura do FGC, menos ainda a compra esses títulos a prazos mais elevados no mercado secundário.
“Valores dentro do FGC não mexa, pois não vale o custo da saída. Já valores fora do FGC, analise”, destaca Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos. É preciso repensar a estratégia. O que é pior neste momento: assumir um prejuízo médio (e a corretora ganhando um spread alto em cima da sua saída) ou correr o risco de um prejuízo maior sobre este excedente que pode ou não acontecer?”