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BDRs: 15 ativos fortes em ESG para investir no exterior

Empresas bem posicionadas na agenda socioambiental têm melhor performance no longo prazo

BDRs são uma forma do investidor brasileiro se expor a mercados estrangeiros. (Foto: Envato)
  • A XP Investimentos construiu uma carteira com 15 BDRs, os Brazilian Depositary Receipts, de empresas bem posicionadas na agenda ESG – da sigla em inglês, Environmental, social and corporate governance – com bons retornos financeiros
  • Levantamento comparou o retorno dos índices globais de ações tradicionais com os índices de ESG. E a conclusão desmonta um mito comum de que os investimentos com responsabilidade socioambiental entregam resultados menores
  • Desde 2010, por exemplo, o S&P 500 registrou alta de 295%, enquanto, no mesmo período, o FTSE4GOOD US – que contém as empresas norte-americanas melhores posicionadas na pauta ESG – valorizou 343%

Investir em grandes empresas no exterior pode parecer um desafio para muitos brasileiros. Mas é possível, inclusive nas companhias que levam em conta questões de sustentabilidade e responsabilidade social. Pensando em unir “o melhor dos dois mundos”, a XP Investimentos construiu uma carteira com 15 BDRs, os Brazilian Depositary Receipts, de empresas bem posicionadas na agenda ESG – da sigla em inglês, Environmental, social and corporate governance – com bons retornos financeiros.

Os BDRs são certificados emitidos e negociados na Bolsa de Valores brasileira que representam ações de empresas estrangeiras. Na prática, esses recibos permitem que investidores brasileiros invistam em ativos de grandes empresas listadas nas bolsas do exterior sem precisar abrir uma conta em outro país por meio de uma corretora.

Esse tipo de investimento costuma ser uma alternativa para quem quer diversificar a carteira e proteger parte do patrimônio dos riscos domésticos. “Ter um portfólio diversificado é de suma importância. Vemos os BDRs de empresas bem posicionadas em ESG como uma ótima opção para os investidores que querem expandir esse leque de oportunidades”, afirma Marcella Ungaretti, analista ESG da XP Investimentos e uma das autoras do relatório.

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Embora seja um dos maiores países do mundo em território e população, a economia brasileira não representa parte significativa do mercado global: o Brasil representa apenas 2% do PIB mundial e 1% do valor de mercado das ações globais.

Ao diversificar a carteira internacionalmente, o investidor passa a ter exposição à principal fatia da economia global. “Isso, somado ao fato de que vemos as empresas bem posicionadas na agenda ESG como as vencedoras quando pensamos no longo prazo, é uma combinação poderosa”, diz o relatório.

Seleção de BDRs & ESG

O estudo da XP comparou o retorno dos índices globais de ações tradicionais com os índices de ESG. E a conclusão desmonta um mito comum de que os investimentos com responsabilidade socioambiental entregam resultados menores. Desde 2010, por exemplo, o S&P 500 registrou alta de 295%, enquanto, no mesmo período, o FTSE4GOOD US – que contém as empresas norte-americanas melhores posicionadas na pauta ESG – valorizou 343%.

“Essas evidências reforçam nossa visão de que as empresas vencedoras, olhando para o longo prazo, serão aquelas cujo comportamento em relação às questões ambientais, sociais e de governança são colocadas em primeiro plano. No fim, companhias que não levam em consideração os critérios ESG têm, historicamente, visto maiores custos de capital, mais volatilidade e menor gestão de risco. Como resultado, tendem a possuir um desempenho de longo prazo relativamente menor”, conclui o relatório.

A carteira recomendada da XP foi construída analisando os BDRs sob três aspectos: liquidez mínima de R$ 1 milhão, rating ESG da MSCI superior a A, e recomendação do consenso de mercado de neutro ou compra.

O rating ESG da MSCI foi criado para medir a resiliência de empresas quanto aos seus principais riscos ambientais, sociais e de governança no longo prazo. A classificação vai de AAA, a melhor posição, até CCC, a pior.

Pela lente de ESG, é possível diferenciar empresas que tenham resultados financeiros semelhantes quanto a riscos que geralmente ficam de fora das análises tradicionais, mais focadas em lucro, receita e rentabilidade da companhia. Desde a criação da carteira, em abril de 2021, o portfólio apresentou retorno acumulado de 5,6% – 8,3% acima do benchmark, o índice de ações globais da MSCI ACWI, que recuou 2,7% no mesmo período.

Investimento em ESG veio para ficar

As questões de sustentabilidade e responsabilidade social são cada vez mais parte dos negócios e do universo financeiro. O levantamento da XP mostra que, globalmente, US$ 35 trilhões em ativos sob gestão são gerenciados por fundos que definiram estratégias sustentáveis – um aumento de 54% em quatro anos.

Desse total, US$ 17 tri e US$ 12 tri estão respectivamente nos Estados Unidos e na Europa. Daí a oportunidade de aproveitar os BDRs como uma forma de alcançar o mercado dos investimentos sustentáveis.

Para além do retorno financeiro, Marcella Ungaretti defende outros dois pontos que tornam o investimento em empresas posicionadas na pauta ESG atrativo para os investidores: a tendência de continuidade desse movimento e possíveis regulamentações.

“Existe um fluxo de capital direcionado às companhias que estão bem posicionadas nessa temática, não só por parte dos investidores, mas também dos consumidores. As gerações mais recentes estão cada vez mais preocupadas com as questões ESG como um dos pilares na hora de escolher o que consumir e onde investir”, afirma a analista da XP.

Com a tendência de que esse movimento siga em alta no longo prazo, os órgãos que fiscalizam e orientam os mercados também vão precisar se posicionar e criar novas regulamentações, que incluam a agenda de sustentabilidade e responsabilidade social. “É difícil que essa tendência pare. Vão existir regulamentações e as companhias precisam estar preparadas para as novas regras. Quem se antecipar a esse movimento vai estar melhor preparado”, diz Ungaretti.