O que este conteúdo fez por você?
- Diante de um contexto desafiador no Brasil e nos Estados Unidos, a corretora revisou suas preferências de alocação para os próximos meses
- Enquanto o ciclo de queda da Selic foi interrompido por aqui, a Ágora vê chances de corte de juros nos EUA no segundo semestre de 2024
- Em relação às preferências de investimentos, a renda fixa ganha destaque na composição do portfólio
Mudanças nas expectativas para a Selic, preocupações fiscais ainda maiores e eleições americanas – é esse o cenário conturbado que os investidores devem enfrentar nos últimos seis meses de 2024. Dado o contexto desafiador, a Ágora Investimentos divulgou um relatório com uma análise do que esperar para o período, destacando as suas preferências de investimentos para o 2° semestre deste ano.
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Após o Banco Central (BC) interromper o ciclo de queda da Selic em sua última reunião, a corretora não projeta mais cortes de juros no Brasil em 2024, mantendo a estimativa para o final do ano em 10,5%. Mesmo em 2025, a casa acredita que a Selic não será cortada em grande magnitude, projetando 9,5% ao fim do próximo ano. “Entendemos que a falta de uma política fiscal mais austera joga toda a responsabilidade e peso para a política monetária, levando o BC a manter uma política monetária mais restritiva do que seria outrora”, destaca a Ágora, em relatório.
A corretora entende ainda que as expectativas de inflação também devem seguir acima da meta oficial de 3% ao ano. Apesar de não enxergar um comportamento mais problemático nos próximos trimestres, a casa reconhece que a distância da inflação e da meta tem consequências importantes para a credibilidade do BC, o que deve contribuir para a autoridade monetária seguir com sua postura mais restritiva.
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Em relação ao câmbio, a Ágora espera que a cotação do dólar oscile próxima ao patamar de R$ 5,25 nos próximos meses. “Isso envolve algum otimismo, pressupondo que vários atritos de comunicação de autoridades com o BC se encerrarão e que algumas medidas fiscais de corte de gastos sejam concretizadas”, afirma a corretora, lembrando das críticas feitas por Lula a Roberto Campos Neto, presidente do BC, que contribuíram para a disparada do dólar em junho.
O que esperar da economia americana no segundo semestre?
Um evento de grande importância é a eleição para presidente dos Estados Unidos em 5 de novembro. Após o atentado a Donald Trump no último sábado (13), as chances de vitória do candidato republicano aumentaram, na visão de analistas do mercado. De acordo com a Ágora, um possível novo governo do político tenderia a ser marcado por um dólar mais fraco e por juros mais altos. Além disso, setores como a indústria doméstica e o setor de petróleo americano também poderiam ser favorecidos pela liderança de Trump.
Outro questão que deve seguir no foco dos investidores é a política monetária. Depois de um primeiro semestre forte em termos de atividade, o mês de julho deve trazer, na visão da corretora, sinais mais claros de que a economia estadunidense está perdendo ímpeto. Após as expectativas por um corte de juros americanos no primeiro terem sido frustradas, agora a redução das taxas deve finalmente ocorrer.
O otimismo se deve à melhora relativa na inflação americana. No entanto, mesmo com dois cortes de juros nos Estados Unidos, a taxa básica continuará em 5%, o que segue atrativo para o investidor em renda fixa. Mesmo assim, a Ágora entende que uma parte dos recursos alocados em investimentos mais conservadores por lá poderão migrar para outros instrumentos. “E, como a Bolsa americana já está em níveis recordes, é provável que algo possa ser revertido para o nosso mercado”, pontua.
No cenário base da corretora, essa migração de aplicações poderia levar o Ibovespa para os 130 mil pontos e, posteriormente, para o patamar próximo dos 143 mil pontos, de forma gradual. “O quão sustentável e intensa será essa recuperação só o tempo irá dizer, mas por ora, no curto prazo, estamos levemente mais positivos com o mercado de ações. A Bolsa brasileira continua com valutions atrativos, com elevada volatilidade, mas para o longo prazo segue sendo uma alocação importante”.
Os melhores investimentos para o 2º semestre
Entre as recomendações da corretora, a renda fixa aparece como preponderante na composição dos portfólios. A preferência da casa são os títulos atrelados à inflação com vencimentos ao redor dos cinco anos, que apresentam, atualmente, taxas comparativamente mais atrativas para o carregamento de longo prazo. No nível de escolha de ativos, a corretora diminui a ênfase nos papéis individuais de crédito privado incentivados, centralizando a alocação nos títulos bancários ou públicos. Também há espaço para investimentos em crédito privado via fundos de investimento que possibilitem maior diversificação entre papéis e análise de crédito profissional.
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Os títulos com rentabilidade associada ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) devem permanecer atrativos por mais tempo do que o inicialmente esperado, em meio às recentes preocupações fiscais e aos questionamentos sobre a política monetária brasileira.
Já em relação às opções prefixadas, a Ágora não vê grandes excedentes de retorno, por isso mantém uma baixa alocação. “Para os vencimentos de até 2 anos, encontramos taxas ligeiramente superiores ao retorno esperado para a parcela pós-fixada”, pondera a corretora. Quando se trata da Bolsa brasileira, a casa mantém preferência pelas estratégias mais defensivas e estratégicas, mas entende que existem ações em níveis de preços atrativos. Além disso, a Ágora considera que o mercado está “leve” na exposição à renda variável, o que o torna potencialmente sensível a possíveis vetores positivos, como algum alívio monetário externo.
Mesmo ocupando uma parcela pequena do portfólio, a renda variável internacional também está entre as preferências de investimentos para o segundo semestre. A corretora reconhece que há bom desempenho da atividade norte-americana e sinais de que as empresas estão sendo capazes de capturar resultados melhores nesse ambiente. No entanto, como os níveis de preços atuais das ações estão altos, a relação entre risco e retorno para esses ativos mostra-se menos atraente.
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