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Investimentos

Nas nanicas da bolsa também há oportunidade de ganhar bons dividendos; veja 16 ações

Com cenário ruim para investimentos, analistas apontam que o dinheiro de small caps sólidas pode virar provento

Nas nanicas da bolsa também há oportunidade de ganhar bons dividendos; veja 16 ações
Mercado financeiro (Foto: Adobe Stock)

Dizem que nos pequenos frascos estão as melhores fragrâncias. A frase também se aplica ao mercado financeiro. Na bolsa de valores é possível encontrar boas oportunidades em empresas menores para ganhar dividendos e usufruir da valorização das ações no longo prazo. Estamos falando das small caps, empresas com valor de mercado de até R$ 10 bilhões.

Diante de um cenário desafiador na bolsa brasileira e com a deterioração da economia local, as small caps apanharam. Com a migração de investidores para renda fixa ou ao exterior, o valor de mercado deste tipo de empresa foi impactado. Segundo dados da Elos Ayta Consultoria, em 2024 o Índice Small Caps (SMLL) apresentou queda de 25,03%, abaixo do Ibovespa e o Índice de Dividendos (IDIV) que recuavam 10,36% e 2,62%, respectivamente.

Nos últimos cinco anos, o tombo é de 41,46% para as small caps. Já no acumulado de 2025, até 22 de janeiro, o índice SMLL se recupera e avança 2,78%.

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A maioria dos analistas consultados pela reportagem acreditam que a queda das small caps não está relacionada à perda de fundamentos ou problemas operacionais nas empresas, mas sim ao momento macroeconômico complexo. Para Milton Rabelo, analista da VG Research, os preços das ações small caps estão exageradamente descontados, com boas perspectivas de resultados, o que fortalece a relação de risco e retorno. Diante dos preços baixos das ações, o dividend yield (retorno em dividendos) também aumenta – por se tratar da divisão entre os proventos pagos e o preço da ação.

O cenário macroeconômico complexo também pode acabar impulsionando indiretamente a distribuição de dividendos em empresas sólidas, capitalizadas, com dívidas controladas e muito caixa.

Werner Roger, CIO da Trígono Capital, explica que companhias que reúnem essas caraterísticas podem ficar receosas de fazer investimentos em um cenário de incertezas e com juros altos. Como provavelmente vão continuar lucrando, mas vão restringir os investimentos, sobram recursos. “Para não deixar o caixa parado, essas empresas podem acabar distribuindo mais dividendos”, afirma.

Melhores small caps para dividendos em 2025

Da mesma forma que as grandes ações, nas small caps alguns setores perenes se destacam quando o assunto são dividendos. É o caso dos bancos, que foram os ativos mais indicados para quem busca renda passiva em 2025.

O Br Partners (BRBI11) – que trabalha no mercado de capitais e com investimentos– foi uma das small caps mais recomendadas pelos analistas para 2025. O dividend yield projetado vai de 10% até 12%.

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Dividindo o pódio está o Banco ABC (ABCB4), que também foi o mais indicado pelos agentes de mercado. O banco trabalha com crédito para empresas. O dividend yield esperado é entre 7% e 9%.

Levantamento do E-investidor com 12 analistas e instituições revela 16 small caps para quem busca dividendos e forte ganho de capital no longo prazo. Os retornos com proventos vão de 7% até 25%.

Br Partners (BRBI11)

Rabelo destaca que o mercado de fusões e aquisições ainda é incipiente no País e que o BR Partners tem forte potencial de crescimento no segmento, além do formato de partnership, em que colaboradores da instituição passam a ser remunerados com dividendos em caso de se tornarem sócios. Desta forma, é indispensável que ocorra o pagamento de proventos, o que beneficia também investidores minoritários. Na avaliação do analista, portanto, o Br Partners negocia com preços e valuation (avaliação da empresa) convidativos, altos retornos sobre patrimônio líquido e dividendos razoáveis.

Sergio Biz, analista focado em dividendos e sócio do GuiaInvest, destaca também a emissão de crédito privado, que deve se manter muito aquecida em 2025, outra área onde o Br Partners lucra bastante.

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Um fator de atenção, porém, é na ciclicidade das receitas, que podem ser afetadas pelos juros altos, por exemplo, reduzir o apetite de fusões e aquisições. A desaceleração no crédito privado também poderia penalizar o lucro líquido da companhia, segundo Biz, principalmente se os juros ficarem elevados por mais tempo.

“Como a remuneração dos executivos é atrelada a essas distribuições, a expectativa é de que não haja grandes alterações no payout (parcela do lucro destinada ao pagamento de dividendos) para os próximos anos”, diz Rabelo, analista da VG.

Banco ABC (ABCB4)

Gabriel Duarte, analista da Ticker Research, explica que o Banco ABC trabalha com empresas de grande porte e nos últimos anos entrou também no segmento middle- com faturamento anual entre R$ 30 milhões e R$ 300 milhões, ampliando assim o leque de possibilidades de crescimento. “Por trabalhar majoritariamente com empresas grandes, o banco ABC possui boa carteira de crédito, resultados saudáveis e sustentáveis”, avalia Duarte.

Para Pedro Ávila, analista de bancos da Varos Research, a principal vantagem de investir no ABC é alocar em um banco muito sólido, reconhecido pelo seu pragmatismo na concessão de crédito. “A desvantagem é um desaquecimento no mercado de capitais brasileiro, o que pode tirar parte da receita de prestação de serviços do banco”, diz Ávila.

Por se tratar de um banco muito estável com bons pagadores – empresas de grande e médio porte tendem a dar menos calotes – a rentabilidade obtida com o ABC é menor do que se o investidor optar por um grande banco. Afinal, quem empresta dinheiro para bons pagadores não ganha muito, observa Renato Reis, analista da Blue3 Research.

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Reis destaca que o pagamento de proventos ocorre quase que trimestralmente, após divulgação de balanço e geralmente em fevereiro, abril, agosto e outubro ou novembro.

Petrorecôncavo (RECV3)

Hugo Cabral, analista da Nord Research, explica que a PetroRecôncavo (RECV3) tem se mostrado uma excelente geradora de caixa e possui baixo endividamento. Nos últimos anos, diminuiu os investimentos e elevou a sua produção, remunerando os acionistas com o que sobra de caixa. Apesar de trabalhar com um payout de apenas 25%, se consolidou como uma das 20 maiores pagadoras da bolsa em 2024, após pagar R$ 2,75 por ação, equivalente a um dividend yield de 12,67%.

Para Roger, da Trígono, a companhia também ganha com a valorização do dólar frente ao real. A robustez dos dividendos vai depender se a companhia precisará fazer mais investimentos em novos campos de petróleo, o que até o momento não é cenário base para 2025. Analistas projetam dividend yield entre 10% e 13%.

Direcional (DIRR3)

A construtora Direcional (DIRR3) é uma das grandes promessas para dividendos em 2025, com possibilidade de entregar dividend yield alto, de até 25%. Este retorno em proventos poderia superar até mesmo a Petrobras (PETR3; PETR4), para a qual o mercado projeta retorno em torno de 20%.

Duarte, da Ticker, explica que a Direcional atua no segmento de baixa renda, com o programa Minha Casa, Minha Vida. A empresa também tem exposição à média e à alta renda, por meio de uma subsidiária, a Riva. Em dezembro de 2024, a Direcional anunciou a venda de fatia da Riva para a gestora Riza, o que deve colocar um bom dinheiro no caixa da empresa neste ano e impulsionar o pagamento de dividendos. O retorno em proventos esperado pelo analista parte de 10%, no mínimo.

Recentemente, o Itaú BBA apontou em relatório que as quedas registradas na Bolsa criaram um bom ponto de entrada para investidores comprarem a ação DIRR3. “Historicamente, as vendas de imóveis de baixa renda não são impactadas com a taxa de juros. Reiteramos Direcional como uma das nossas principais escolhas, com dividendos de até 25%”, destaca a instituição.

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Entre os riscos, o BBA cita a inflação de custos, que poderia impactar o lucro da Direcional e os dividendos. Mas a possibilidade é remota, porque a alta da Selic em curso tem o objetivo de frear a inflação.