Sasha Cohen faz parte da equipe de análise de investimentos do Morgan Stanley (Foto: Avenue/Divulgação)
A equipe de análise de investimentos de longo prazo do Morgan Stanley, conhecida como Counterpoint Global, está mirando o setor de energia com foco em fusão nuclear após acertar na escolha das ações do Google (GOGL34). Para Sasha Cohen, pesquisadora da Counterpoint Global no Morgan Stanley, o setor elétrico tende a ser alavancado pela inteligência artificial e maior flexibilidade regulatória das autoridades para essa modalidade nuclear, que difere das tradicionais usinas de fissão nuclear.
Segundo ela, o consumo de energia se manteve estável nos últimos 20 anos. No entanto, com a chegada da inteligência artificial houve um crescimento na demanda por eletricidade, principalmente em países que fazem parte da corrida pelo domínio da inteligência artificial. “Vencer a corrida da Inteligência Artificial vai depender de quem conseguir obter a geração de energia de forma mais eficiente”, disse Cohen em painel no Avenue Connection realizado nesta quarta-feira (16).
Ela até lembra que as energias renováveis poderiam ser aliadas nesse contexto. Mas a necessidade de armazenamento em baterias e baixa capacidade de transmissão fazem com que a energia solar e eólica não sejam as favoritas para suprir a demanda da Inteligência Artificial. “Não importa quanta energia renovável criemos, porque não conseguimos armazená-la de forma eficiente e eficaz”, diz a especialista do Morgan Stanley.
Desse modo, ela vê a fusão nuclear como solução para essa demanda de energia, o que pode ser um novo setor para aportar nos Estados Unidos. Segundo ela, algumas usinas nucleares desativadas nos Estados Unidos tendem a voltar ao pleno funcionamento, mas sem o foco na fissão nuclear e sim na fusão nuclear. A fissão nuclear é a reação na qual o núcleo atômico se divide em duas partes ou mais Já a fusão ocorre quando os núcleos atômicos se unem, formando núcleos mais pesados.
A fusão nuclear é mais limpa, pois não gera resíduos como a fissão. Atualmente não existe uma grande usina de fusão nuclear no mundo. A startup Commonwealth Fusion Systems (CFS) anunciou, porém, a primeira usina de fusão nuclear, que tende a começar a funcionar a partir de 2030.
Segundo Sasha Cohen, do Morgan Stanley, essa modalidade tem uma regulação mais simples nos EUA. As usinas de fissão são fiscalizadas pela Comissão Reguladora Nuclear dos EUA (NRC), exigindo aprovação do órgão para a construção. Já as de fusão não precisam dessa burocracia.
Setor ideal para investir
“Essas novas usinas são mais fáceis de construir e licenciar. Além de serem mais seguras por não terem problemas de proliferação, os custos do combustível são baixos. Outro ponto é que elas geram uma energia com densidade 4 mil vezes maior do que a fissão nuclear, e 4 milhões de vezes mais do que o carvão ou o gás”, explica Sasha Cohen.
Por esses motivos, a pesquisadora aponta a IA como o setor ideal para investir nos próximos anos. Ela lembra que o banco também apostou em empresas de tecnologia no passado, como o Google. Na época, a tese era de que essas empresas poderiam ganhar com publicidade na internet.
Publicidade
“Entre 2002 e 2003, apenas 3% dos investimentos em publicidade digital eram destinados à internet. O restante era mídia tradicional, como TV, rádio, jornais, e os consumidores já passavam 20% do seu tempo online. Notamos essa incompatibilidade, o que nos levou a acreditar que deveríamos tentar encontrar líderes em espaços online que pudessem gerar receita com publicidade na internet. E consideramos apostar no Google naquele período” explica Cohen.
A especialista reforça a necessidade de identificar possíveis empresas que podem disparar com base em perspectivas provenientes do momento atual. Por isso, o Morgan Stanley entende que o segmento de fusão nuclear pode ser muito promissor aos investidores da mesma forma que algumas empresas de tecnologia foram no passado.